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terça-feira 12 de julho de 2022 às 06:35h

André Janones fala sobre posicionamento no 2º turno, PT, armas e mais; confira trechos

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


André Janones (Avante) participou nesta segunda-feira (11) da série de entrevistas do podcast O Assunto com presidenciáveis. Ao vivo, Renata Lo Prete conversou com o pré-candidato à presidência em 2022. No vídeo acima, você confere a íntegra da entrevista, que também está disponível em áudio (abaixo).

Veja, abaixo, todos os trechos da entrevista de André Janones ao g1:

Assassinato de petista morto por apoiador de Bolsonaro;
Armas;
Motivação para candidatura;
Transferência de renda;
Tributos e subsídios;
Combustíveis e ICMS;
PEC Kamikaze;
Greve dos caminhoneiros e diesel;
7 de setembro de 2021;
Religião;
Voto impresso;
Eleições e urnas eletrônicas;
Votos e emenda constitucional;
Marco temporal;
Educação e cotas;
Militares;
Congresso;
Relação com o PT;
Modelos de governantes;
Candidatura do Avante;
Tentativa de golpe e 2º turno;
Posicionamento nas eleições em Minas Gerais;
Meio ambiente.

Assassinato de petista morto por apoiador de Bolsonaro

Logo no começo da entrevista, o pré-candidato à presidência do Avante comentou sobre o assassinato de um tesoureiro do PT que aconteceu durante o último final de semana, quando ele foi morto a tiros por um militante bolsonarista.

‘”Algum tempo atrás, eu tenho absoluta convicção de que se crime tivesse ocorrido, se fosse o contrário, por exemplo, se esse militante bolsonarista que cometeu essa atrocidade fosse a vítima, iam dizer que bandido bom é bandido morto”.
Armas

Sobre o uso de armas no Brasil, André Janones apontou que, no momento em que o governo estimula o armamento da população, o estado está transferindo para o cidadão a responsabilidade sobre a sua própria segurança. Para ele, é como se o governo dissesse que “não dá conta de fazer a segurança como deveria”.

Janones no g1 - trecho: 'São golpistas que não representam a democracia',  diz sobre caminhoneiros que incitaram violência no 7 de Setembro | O  Assunto | G1

“O estímulo ao armamento é constante nesse governo. Está tentando se incutir nas pessoas [a ideia] de que você só protege a sua liberdade… […] O estado está terceirizando para o cidadão a responsabilidade sobre a sua própria segurança”.

Motivação para candidatura

Aos 38 anos, o deputado federal André Janones é um dos postulantes à Presidência da República mais jovens no pleito deste ano — e afirma que a motivação por trás de sua pré-candidatura é o “clamor das pessoas”. Ele disse que seu foco é escutar os eleitores. “Nosso país tem muitas diferenças regionais. Estou vindo para ouvir.”

Em 2018, tornou-se conhecido nacionalmente ao apoiar a greve dos caminhoneiros e, nas eleições do mesmo ano, tornou-se o terceiro deputado federal mais votado de Minas Gerais.

Transferência de renda

Para Janones, diante da pobreza que atinge o Brasil, o país precisa de um “plano de emergência” em vez de um “plano de governo”. Ele afirmou que estamos em “uma situação praticamente de guerra”.

O pré-candidato já propôs um projeto similar ao renda básica universal proposto pelo ex-senador petista Eduardo Suplicy. Contudo, Janones considera que não é possível para o governo federal pagar um valor igual para todos os brasileiros.

“Não seria realmente um programa de renda universal, a gente não teria condições agora, seria um Auxílio Brasil um pouco mais robusto”, disse. “Eu gosto de usar a expressão Auxílio Emergencial porque o Auxílio Emergencial a gente experimentou, já viu como funciona”.

Tributos e subsídios

Janones disse que, se eleito, irá propor mais investimentos na educação básica, buscará aprovar uma reforma tributária em seis meses de governo e tentará implementar um Auxílio Brasil “mais robusto”.

Segundo o pré-candidato do Avante, a ideia do programa social é levar em conta, por exemplo, a situação financeira da família e a quantidade de filhos para que o benefício seja concedido, com os mesmos critérios do extinto Bolsa Família (sucedido pelo Auxílio Brasil). Segundo ele, esse programa custará de R$ 300 bilhões a R$ 400 bilhões anuais.

“Muitos falam em reforma tributária, mas, dentro dessa reforma tributária, não se tira desses que são grandes privilegiados”.

Combustíveis e ICMS

Janones garantiu que não se arrependeu de ter votado a favor do projeto que limita a cobrança do ICMS dos estados sobre combustíveis e outros itens, mas explicou que sente vergonha do voto.

“Não arrependo. Votaria novamente da mesma maneira, porém é o voto de que eu mais me envergonho até hoje como deputado federal, que eu não gostaria de ter dado. Porque é uma medida claramente eleitoreira, que não resolve o problema em definitivo, mas que eu não tenho como dizer para as pessoas, enquanto deputado federal, com a limitação de um mandato de deputado federal, foi me colocado duas opções: a ruim e a péssima. Eu votei pela ruim.”

PEC Kamikaze

O deputado federal disse que o episódio mais vergonhoso do Congresso Nacional foi a manobra para acelerar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que ficou conhecida como PEC Kamikaze, e que concede benefícios sociais às vésperas das eleições. “Sessão esta que durou trinta segundos”, apontou.

Janones foi perguntado se considera que o governo e o Congresso estão deixando claro que os benefícios sociais que a PEC concede valem somente até o fim do ano. Para ele, “não estão deixando claro de maneira alguma” e trata-se de um “estelionato eleitoral”.

Voto impresso

O pré-candidato do Avante à Presidência disse que foi ameaçado por um apoiador armado do presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter votado contra o voto impresso. O episódio, segundo ele, aconteceu em agosto de 2021, em Brasília, quando estava saindo de carro e foi fechado por uma pessoa de moto armada que citava a família Bolsonaro.

“Eu fui a única pessoa com expressão nas redes sociais, teve até um levantamento de um veículo que citou isso, com engajamento forte nas redes sociais, que teve coragem de enfrentar o debate em favor da urna eletrônica e contra o voto impresso. Ninguém teve coragem, ninguém com força nas redes sociais teve coragem de enfrentar esse debate. Por que? Porque era um suicídio político, diziam”.

Depois da entrevista, Janones disse ao g1 não ter feito boletim de ocorrência porque achou que não conseguiria localizar o autor nem identificá-lo.

7 de setembro de 2021

Durante a entrevista, André Janones mostrou, diversas vezes, sua posição contrária ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e fez críticas ao governo federal. Ele defendeu que Bolsonaro teria forçado a criação da figura do caminhoneiro Marcos Antonio Pereira Gomes, o Zé Trovão. Foi este o caminhoneiro que atacou instituições e o Supremo Tribunal Federal (STF) no 7 de setembro de 2021 e teve prisão determinada.

“A gente precisa fazer essa diferenciação e esses caminhoneiros que incitaram essa violência, esses ataques às instituições no 7 de Setembro no ano passado, são golpistas que não representam a categoria”.
Religião

Evangélico declarado, André Janones comentou que não mistura política com religião, e avaliou que uma “face do autoritarismo” no Brasil envolve a “confusão” entre Estado e religião, medida, na avaliação dele, praticada pelo governo Bolsonaro.

“Eu sou evangélico. Você não vai ver pregação evangélica nas minhas redes sociais. Não porque eu me envergonhe da minha fé, mas porque ali nas minhas redes, enquanto estou fazendo meu trabalho, preciso atender igual a todos. Eu não posso impor minha fé ao espírita, ao católico ou ao ateu, que deve ser igualmente respeitado e ter os mesmos direitos. Então, essa confusão Estado-religião é precursora de várias ditaduras, movimentos autoritários pelo país, guerra na história. Acho uma face do autoritarismo do governo Bolsonaro”.

Apoio e afastamento do movimento dos caminhoneiros

O pré-candidato ficou nacionalmente conhecido ao apoiar a greve dos caminhoneiros em 2018. Ele avaliou que agora uma das alas de representação da categoria foi “aparelhada pelo governo Bolsonaro”. Segundo ele, foi uma estratégia para que líderes do movimento pudessem atuar “contra os próprios caminhoneiros quando tivesse qualquer possibilidade de greve”.

Para o deputado, o que ele chama de “debate ideológico” é um dos principais empecilhos atuais para a mobilização dos caminhoneiros e que este é um dos dois pontos mais importantes de sua campanha, ao lado da desigualdade social. “Hoje, mesmo que os caminhoneiros quisessem, eu te digo que a gente não teria a adesão que a gente teve naquele ano de 2018, porque a gente está preso no debate ideológico”, avaliou.

Eleições e urnas eletrônicas

Ao ser perguntado sobre as tentativas do presidente Jair Bolsonaro em desacreditar o sistema eleitoral, André Janones respondeu que as atitudes são uma tentativa de justificar uma provável derrota no pleito de 2022.

“O Bolsonaro sabe que vai ‘levar um couro’ nas urnas, ele vai perder as eleições. Ele está buscando uma maneira de fugir disso, ele está buscando uma maneira de justificar. Ele tem essa alma golpista, realmente. É estratégico”.

Ainda comentando sobre a relação de Jair Bolsonaro com a Justiça, em especial com o Supremo Tribunal Federal (STF), o pré-candidato disse que acredita que o STF comete excessos. “O que não pode é isso justificar o atentado de outro poder contra o STF, que é o guardião da constituição federal”.

‘Emenda PIX’ e Orçamento Secreto

André Janones fez comentários sobre “emendas PIX” e orçamento secreto, e disse que não gosta de nenhum dos dois. Como pré-candidato à Presidência da República, ele afirmou que pretende beneficiar as emendas temáticas em um possível governo.

“Eu acho que a gente piorou o que já era ruim, eu acho que é isso que eu quero dizer. Não era claro, não era transparente. Vou votar contra a impositividade. E, como pré-candidato à Presidência da República, defendo nem o modelo que era, nem o modelo de orçamento secreto. Defendo que a gente volte a beneficiar as emendas temáticas (…) a valorização das bancadas temáticas”.

Marco temporal

André Janones afirmou que é “absolutamente contra” o marco temporal, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O agronegócio, segundo o pré-candidato, deve ser valorizado, mas não a qualquer custo.

“Sou absolutamente contra o marco temporal por essas questões que você já citou (…) Eu sempre me posicionei a favor dos indígenas em todas as votações na Câmara dos Deputados. A gente precisa valorizar o agronegócio, buscar novos mercados. Mas a que custos? Não com o custo de injustiças como essa”.

Educação e cotas

O pré-candidato do Avante para o pleito de 2022 afirmou ser “absolutamente” favorável ao sistema de cotas na Educação.

“Eu sou absolutamente favorável do sistema de cotas. Eu sou a prova do investimento público em Educação. Era absolutamente impensável que hoje eu estivesse disputando o cargo de presidência da República”.

Ele ainda citou outros pontos na Educação que, na opinião dele, deveriam receber maior atenção: investimento na educação básica, escola de tempo integral, investimento em estrutura e capacitação de professores.

Militares

André Janones afirmou que a participação de militares em seu possível governo será baseada na teoria de “cada um no seu quadrado”. Ele explicou que os integrantes das Forças Armadas não fariam “politicagem” e exerceriam suas atribuições.

“É colocar essa turma para trabalhar dentro daquilo que é atribuição de cada um deles e não ficar fazendo politicagem junto com o presidente da República como, infelizmente, a gente tem hoje. É algo pontual, não dá para a gente generalizar, não é o retrato das Forças Armadas do Brasil. É uma minoria que está manchando a imagem do todo”, afirmou Janones sobre a expressão “cada um no seu quadrado”.

Congresso

André Janones comentou como é a relação entre deputados da Câmara dos Deputados e a relevância deles dentro do plenário. Ele afirmou que existem deputados do “alto e baixo clero”.

“É muito comum a expressão alto clero e alto clero. O que é um deputado do baixo clero? É um deputado que não tem muito poder decisório dentro da Câmara dos Deputados. Por que esse deputado não tem poder decisório na maioria das vezes? Porque ele está sensível ao sentimento popular. E o sentimento popular, na grande maioria das vezes, é contrário ao sentimento da Câmara dos Deputados”.

Relação com o PT

Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) por nove anos, André Janones foi questionado pela jornalista Renata Lo Prete sobre qual teria sido o motivo para o rompimento com o partido, que recentemente foi definido por ele como uma seita. Janones afirmou que os princípios ideológicos do partido mudaram.

“Ele [o PT] começa a caminhar junto com os banqueiros, começa a caminhar junto com o sistema financeiro. E, nesse momento, há um rompimento ideológico meu com o partido dos trabalhadores. Eu não mudei de lado, o PT mudou de lado”.

Modelos de governantes

André Janones contou que tem duas inspirações na política para exercer a função pública: Juscelino Kubistchek e Getúlio Vargas. Ele afirmou ainda que, apesar da admiração, não concorda com tudo que ambas as personalidades fizeram ou pensavam.

“Eu passei ter duas inspirações enquanto estadistas e homens públicos. Isso não significa que eu concorde com tudo que eles fizeram e tudo que eles pregaram. Mas, os meus modelos de homens públicos, de alguém que sabia o peso de estar na presidência da República e a nobreza do cargo são Juscelino Kubistchek e Getúlio Vargas. São as minhas duas inspirações na política”.

Candidatura do Avante

André Janones foi perguntado se o Avante irá confirmar sua candidatura tendo em vista o cenário polarizado de partidos. Ele afirmou que tudo caminha para uma candidatura independente.

“Até a data de hoje, tudo caminha para isso. Tudo indica que sim. A gente sabe que o imponderável, vez ou outra bate às portas, mas a presente data essa é a tendência natural”.

Tentativa de golpe e 2º turno

Ao ser perguntado  por um leitor do g1 — sobre de qual lado estará em um eventual segundo turno sem a sua candidatura, André Janones disse que estará “do lado oposto ao do atual presidente [Jair] Bolsonaro”.

“Eu vou estar ao lado da democracia. Eu vou estar ao lado da defesa das nossas instituições. Eu vou estar ao lado da possibilidade de que eu discorde de alguém e de que alguém discorde de mim, sem que isso implique um risco à minha vida. Logo, eu estarei do lado oposto ao do atual presidente Bolsonaro”.

Na entrevista, Janones reafirmou ainda que irá se posicionar em um eventual segundo turno sem a sua presença e não vai ficar em casa “igual a um covarde de braços cruzados”.

Posicionamento nas eleições em Minas Gerais

André Janones afirmou que ambos os candidatos ao governo de Minais Gerais – o atual governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) – tem boa aprovação dos eleitores. Janones mantém a distância de ambos por não querer virar refém político de nenhum candidato.

“Eu tenho muita dificuldade em assumir compromisso com qualquer liderança política para depois ficar refém daquilo. Quando eu fiz a minha campanha de deputado federal, eu não apoiei nem Fernando Haddad, nem Bolsonaro por um motivo claro: queria ter independência na Câmara dos Deputados, para poder atuar de uma maneira mais vinculada aos meus eleitores”.

Meio ambiente

O pré-candidato do Avante definiu a temática do Meio Ambiente como quase tão urgente quanto a fome. Segundo Janones, é necessário mais regramento em relação ao tema e fortalecimento dos órgãos de fiscalização.

“A gente precisa de mais regramento, a gente não pode continuar sacrificando vidas. A defesa do Meio Ambiente, para mim, é quase tão urgente quanto o combate à fome. Porque nossas florestas estão acabando, a gente está vendo um devastamento da Amazônia em patamares assustadores. Se a gente não se atentar para isso rápido, o nosso Ambiente vai chegar a um nível que não vai ser possível a sua recuperação”.

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