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segunda-feira 24 de abril de 2023 às 07:05h

Acho que esse movimento não vai acabar, diz Alan Sanches sobre invasões do MST

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) defende em entrevista ao jornal Tribuna, a realização da CPI do MST. 

Confira:

Tribuna – Qual é a sua opinião sobre a CPI do MST na Assembleia? Essa proposta deve prosperar?

Alan Sanches – Acho que, quando o governo Lula venceu as eleições e iniciou o seu governo, houve um estímulo para essas organizações sociais cometerem esse tipo de procedimento – como invadir terras produtivas. Terras que, muitas vezes, essas pessoas do MST destroem, conseguem o espaço, mas sequer vão produzir nada. Não digo todos, mas existem muitos que são assim. Conseguem uma terra, terreno, locação, apartamento e depois estarão vendendo. Tornou-se um movimento social não só para resolver o problema da reforma agrária ou habitação social, mas também para fazer política e ganhar dinheiro. Então, não posso conceber que o Governo do Estado e o Governo Federal possam concordar com esse tipo de padrão. Então, por isso mesmo, acho que há pessoas do nosso campo político e pessoas do campo do PT que assinaram a CPI porque não concordam com esse tipo de comportamento inepto do Governo do Estado em relação a isso. Eles começaram a dizer que não existia um fato isolado para instalar a CPI, um fato determinante. A primeira coisa que temos que saber é: quem está financiando esses movimentos? Vamos buscar isso. Está essa briga política para ver se conseguimos a instalação da CPI. Caso a gente não consiga, já digo que iremos judicializar para garantir o direito das minorias.

Tribuna – O senhor acha que os governos Federal e Estadual, de alguma forma, têm sido lenientes em relação a essas invasões na Bahia e em outros estados?

Alan Sanches –  Não tenho dúvida. Inclusive, eles apoiam políticos alinhados ao Governo do Estado e da base aliada. Você pode ver quem está sempre defendendo. É um movimento social apadrinhado por eles e precisamos saber qual é esse tipo de apadrinhamento. Eles ficam inertes e não tomam nenhuma posição. Você não vê uma linha do Governo do Estado defendendo o agronegócio, os proprietários que tiveram as suas terras destruídas, entendeu? O prejuízo enorme que deram a essas pessoas. Quando falo do Governo do Estado, posso me referir a qualquer secretaria. Acabam utilizando o MST como massa de manobra e para trazer gente em eventos.

Tribuna – Acha que uma reforma agrária por parte do Governo Federal seria uma solução?

Alan Sanches – Acho que esse movimento não vai acabar nunca, porque existem políticos interessados nesses movimentos. Políticos que acabam ganhando as eleições porque têm esses apoios. Conseguem fazer mobilizações de massa porque têm esses apoios. Você vê que são sempre aquelas carinhas, aqueles líderes que acabam puxando uns aos outros e levando esse movimento para onde eles querem. Se precisar de um movimento para levar a Brasília, eles vão levar. Se precisar de movimento para levar aqui para a Assembleia, eles vão levar. Eles conseguem manipular essa turma toda. Então, ao meu ver, há um interesse político muito forte por trás. Uma reforma agrária que a gente quer tem que dar a possibilidade de produção, de cultivo. E também tem a questão da moradia nas cidades. Temos que pensar nesses movimentos de moradia no campo e nas cidades. Agora, há muito tempo que se pensa e há pouca vontade política para se resolver a reforma agrária. Por que será? Porque se utilizam dessas pessoas como massa de manobra para ficar alimentando os políticos que vivem disso…

Tribuna – Qual é a sua avaliação do início do Governo Jerônimo? Qual é a sua percepção até agora?

Alan Sanches – Jerônimo veio com muito boa vontade. É um homem republicano, pessoalmente muito educado, sempre tratando todos muito bem. Mas o Governo do Estado não mostrou para que veio. Já passaram mais de 100 dias, data que o governador passou fora, e não teve o que apresentar. Mostrou a continuidade de algumas obras que começaram no governo passado e foram entregues agora. Não adianta ficar colocando que entregaram cesta básica agora, escolas… Tudo isso é prestígio do governo passado. Em 100 dias não conseguiram fazer absolutamente nada. Aí eu pergunto: qual é o planejamento de governo até agora? Na segurança pública, não apresentou absolutamente nada. O que existe, é: mataram e a polícia vai; roubaram e a polícia vai; sequestraram e a polícia vai… É sempre no pós. Parece que não está tendo, inclusive, um planejamento do serviço de inteligência para que a gente possa se antecipar sobre tudo o que está acontecendo. Hoje está aqui em Salvador, mas amanhã vai aumentar pelo interior do Estado. Até agora não houve apresentação do planejamento da segurança pública. Vamos para a saúde. O programa de Saúde do Governo do Estado, inclusive em outdoor, é Feira de Saúde. Inclusive, uma feira sem dignidade, com filas quilométricas, com pessoas dormindo, passando frio, chuva, para conseguir uma vaga porque não tiveram planejamento mais uma vez. Por que a marcação tem que ser presencial, para expor tantas pessoas? Aí a gente vai para a fila da Regulação… Pelo amor de Deus! Na eleição, todo mundo prometeu que iria resolver. Mas o que se fala da Regulação? Nada. Não se vê nenhum movimento diferente para resolver a fila da Regulação. Teve a apresentação do Programa de Governo nas eleições, mas na prática não existe nenhum planejamento de Governo em nenhuma área. O que teve de planejamento nesses 100 dias? Eu não vi absolutamente nada. Consegui perceber piora na saúde, na segurança pública e em todos os setores. Não posso dizer que tenho avaliação positiva do Governo do PT nesses 100 dias porque estaria sendo leviano.

Tribuna – O ex-prefeito ACM Neto tem dialogado com os parlamentares de oposição? Como está sendo a interlocução com ele nesses primeiros meses do ano?

Alan Sanches – ACM Neto é um líder nato do nosso campo. É um homem criativo, inteligente. Claro que, no momento em que não conseguimos vitória nas eleições, a gente se recolhe. E foi o que ele fez. Deixa o Governo que foi escolhido trabalhar. Acho que ele tem atendido os deputados isoladamente e nós vamos conversar também para ter reunião de bancada com todos os deputados. E sempre bom ouvir orientação, o que ele pensa, como ele está avaliando o governo também. A gente sempre está trocando figurinhas com ele, informações, e avaliando o que pode ser feito de diferente.

Tribuna – O prefeito Bruno Reis, na sua opinião, vai chegar forte no ano que vem para tentar a reeleição em Salvador?

Alan Sanches – Eleição é momento. Bruno sempre foi muito forte na periferia e um bom articulador político. Sempre digo que ele é o maior articulador político do grupo. Já era o maior na época de ACM Neto. Ele conhece Salvador como a palma da mão. Poucos conhecem a cidade como Bruno Reis conhece. E, como Bruno sempre trabalhou na periferia e nos bairros, chegará sim na frente dos outros candidatos. Claro que eleição é eleição. Bruno está no governo e já sai na frente. Mas, a gente não pode deixar de trabalhar. Bruno é um trabalhador incansável. É muito dinâmico, fazendo muitas entregas, e tenho certeza que ele chegará como favorito nas eleições. Só que o favoritismo não ganha. A gente tem que continuar trabalhando. Porque se a gente pensar que ele já está reeleito, a gente não vai parar de trabalhar. E não é assim. Vamos trabalhar até o último dia da eleição do ano que vem para mostrar que esse grupo sabe fazer e que trouxe muitas vantagens e benefícios para o povo soteropolitano.

Tribuna – Como o senhor enxerga a situação do PL nesse quebra-cabeça político? Acha que existe a possibilidade de um acordo com a oposição para as eleições do ano que vem?

Alan Sanches – Acho que política é a arte da conversa. Acredito que o PL é muito mais próximo ideologicamente com o nosso grupo político do que com o PT. Então, o pensamento é muito mais próximo da gente. Só que política não é só pensamento. Então, a gente tem que continuar conversando. O presidente do PL aqui na Bahia, João Roma, é um cara que sempre militou conosco. É um cara que conhece demais como a gente caminha e o que a gente pode fazer e evoluir na prefeitura. Então, se for a nível de proximidade, de trabalho, de conhecimento, de ideologia, o PL irá conosco. Mas, isso é uma decisão que ainda virá. Estamos conversando. O PL também fala em lançar candidato. É uma vontade de cada grupo, mas seria muito bom ter o PL formalmente conosco nos apoiando aqui na eleição de Bruno Reis.

Tribuna – Como avalia o início do governo Lula?

Alan Sanches – Acho que o Governo Federal chega ainda ser pior do que o Governo do Estado aqui. Está batendo cabeça. Acho desnecessária a fala do presidente Lula sobre os Estados Unidos na Guerra da Ucrânia. Ele que sempre foi um aliado da União Europeia e Estados Unidos, faz uma fala contrária, dando sinais de apoio a Rússia. Então isso é muito ruim do ponto de vista da política internacional. Acho que Lula começou querendo fazer política para a esquerda e esqueceu um pouco de fazer um governo. Isso atrapalha muito quando você começa a pensar em reeleição, em atingir o grau maior de popularidade. Você acaba não tomando as decisões necessárias para que o governo seja forte. O que mexe com o governo é a economia. E a economia não está boa. E quando a economia não está bem, as outras atividades também vão sendo atingidas. O governo Lula ainda não mostrou um norte para os brasileiros e só tem feito ainda medidas políticas e não tem apresentado nada de diferente.

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