No apagar das luzes de 2015, o então vice-presidente da República, Michel Temer, enviou uma carta a Dilma Rousseff que repercutiu no meio político. Apesar de a ocasião preceder o Natal, a missiva não trazia mensagens de paz e prosperidade. Ela expressava o descontentamento com a função que lhe foi reservada pela petista: “vice-decorativo”. Cinco meses depois, Dilma sofreu impeachment e o “vice decorativo” assumiu o cargo de presidente.
Temer é o último exemplo após a redemocratização a demonstrar que o cargo é bem mais importante que a mera função decorativa. Em três ocasiões, nos últimos 33 anos, o vice foi chamado a assumir o comando do País. Foi assim com José Sarney, em 1985, que ocupou o lugar de Tancredo Neves, e depois com Itamar Franco, após o impeachment de Fernando Collor, e recentemente com Temer.
Apesar da importância dos vices, os principais candidatos à Presidência começaram a realizar esta semana suas convenções sem terem definido quem serão os nomes que os acompanharão nas suas chapas. A ausência dos vices é um reflexo da imprevisibilidade das eleições deste ano. Tudo fica para a última hora. Como o cargo é um instrumento de barganha na definição das composições das chapas, vai-se adiando as escolhas à espera das alianças.
Por Ary Filgueira e Wilson Lima