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sábado 20 de janeiro de 2024 às 11:15h

Crise hídrica no mundo lança países em busca por novas fontes de água

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Comunidades em todo o mundo estão buscando formas de gerenciar a água de forma mais sustentável e encontrar novas fontes, em um contexto de mudanças climáticas que aumentam a incidência da seca.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, apoia estes esforços em projetos que envolvem desde a purificação de esgoto até a semeadura de nuvens.

Coleta de água da chuva

O objetivo dessas iniciativas é aumentar a resiliência frente a uma iminente crise hídrica global, que pode deixar dois terços da humanidade enfrentando estresse hídrico até o ano que vem.

Um dos projetos apoiados pelo Pnuma é no distrito rural de Mount Airy, na Jamaica. Em meio às estradas empoeiradas da região é possível ver dezenas de tanques de água, muitos ligados com canos de drenagem aos telhados das casas ao redor.

Os tanques medem dois metros de altura. Eles coletam a água da chuva e, através de um sistema de irrigação por gotejamento, canalizam para campos próximos repletos de tomates, pimentões e batata-doce.

Em uma área cada vez mais assolada pela seca, associada às mudanças climáticas, esses tanques se tornaram uma tábua de salvação para os agricultores locais.

A agricultora Althea Spencer disse que todo mundo enfrenta o mesmo desafio de “chuvas menores e menos previsíveis”. Ter o sistema de captação de água da chuva instalado “é muito bom”, acrescentou ela.

2,4 bilhões de pessoas sob estresse hídrico

A segurança hídrica deve estar na agenda quando os líderes se reunirem em Nairóbi, no Quênia, no mês que vem, para a 6ª. sessão da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, o órgão global de tomada de decisão de mais alto nível sobre questões relacionadas ao tema.

Hoje, 2,4 bilhões de pessoas vivem em países com estresse hídrico, definidos como nações que retiram 25% ou mais de seus recursos renováveis de água doce para atender à demanda de água.

As regiões mais atingidas incluem a Ásia Central e do Sul e o Norte de África, onde a situação é considerada crítica. Mesmo países com infraestrutura altamente desenvolvida, como os Estados Unidos, estão vendo o nível da água cair para níveis recordes.

A coordenadora da Unidade de Água Doce e Marinha do Pnuma, Letícia Carvalho, afirma que “a escassez de água se tornou uma questão crítica para um número cada vez maior de países”.

Rumo à escassez absoluta de água

Segundo ela, “as nações em todo o mundo precisarão ser mais criativas na maneira como gerenciam, conservam e protegem as fontes de água nos próximos anos”.

Além disso, a especialista afirma que “usar fontes de água não convencionais com sabedoria e em harmonia com a natureza será essencial para o progresso acelerado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

Junto com as mudanças climáticas, a crise está sendo alimentada pela urbanização descontrolada, rápido crescimento populacional, poluição e uso intensivo da terra. A escassez de água já afeta tudo, desde a segurança alimentar até a biodiversidade.

Até 2025, estima-se que 1,8 bilhão de pessoas enfrentarão o que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, chama de “escassez absoluta de água”.

Historicamente, a maior parte da água doce para beber e saneamento vem de aquíferos subterrâneos. Mas muitos estão secando devido ao uso excessivo, estações secas mais longas.

Este é um fator de risco elevado para pequenos Estados insulares em desenvolvimento, onde a água doce está se tornando cada vez mais ameaçada pela salinização à medida que o nível do mar aumenta e as terras degradadas afundam.

Soluções inovadoras

Em algumas áreas rurais, incluindo no Chile e no Peru, as comunidades estão coletando água suspensa no ar. Alguns desses sistemas usam uma malha fina para reter pequenas gotículas de névoa e acumulá-las em um reservatório.

O aproveitamento de águas residuais também é uma opção, mas apenas 58% passam por tratamento seguro em todo o mundo. As águas residuais muitas vezes não são reutilizadas devido a temores sobre contágios, microplásticos e medicamentos antimicrobianos. Mas especialistas dizem que, com as políticas e tecnologias certas, elas podem receber uma segunda vida com segurança.

Nos últimos anos, os países começaram a adotar a dessalinização, o processo de remover o sal da água salgada e filtrá-lo para produzir água potável.

De acordo com um estudo da ONU de 2018, existem 15.906 usinas de dessalinização operacionais produzindo cerca de 95 milhões de metros cúbicos por dia de água dessalinizada para uso humano, dos quais 48% são produzidos na Ásia Ocidental e no Norte da África. Prevê-se que a dependência global da dessalinização cresça rapidamente nos próximos anos.

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