O presidente russo, Vladimir Putin, lamentou a “perda irreparável” do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda-feira (12) aos 86 anos, definindo-o como uma “pessoa querida” e um “verdadeiro amigo”.
“Para mim, Silvio era uma pessoa querida, um verdadeiro amigo”, afirmou Putin num telegrama de condolências dirigido ao presidente italiano, Sergio Mattarella, de acordo com um comunicado do Kremlin (presidência russa), informa Agência Lusa.
Putin disse que sempre admirou a sabedoria de Berlusconi e elogiou a “incrível energia vital”, o otimismo e o sentido de humor do político italiano, segundo a agência francesa AFP.
Berlusconi morreu esta segunda-feira no hospital San Raffaele, em Milão, de onde era natural, vítima de leucemia.
O senador de direita, magnata dos ‘media’ e antigo dono do clube de futebol AC Milan foi primeiro-ministro durante nove anos, em três ocasiões, entre 1994 e 2011.
“Na Rússia, Silvio Berlusconi será recordado como um defensor coerente e de princípios do reforço das relações de amizade entre os nossos países”, disse Putin.
Putin destacou que Berlusconi “deu um contributo pessoal verdadeiramente inestimável para o desenvolvimento de uma parceria russo-italiana mutuamente benéfica”.
Admirador de longa data do líder russo, Berlusconi afirmou que os dois mantinham uma “amizade pessoal e genuína”.
Putin e Berlusconi passaram várias vezes as férias juntos e eram fotografados a rir à mesa um do outro.
A amizade com Putin colocou Berlusconi em desacordo com a parceira de coligação governamental e primeira-ministra, Giorgia Meloni, uma firme apoiante da Ucrânia na guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
Meloni visitou Kiev em 21 de fevereiro, em vésperas do primeiro aniversário da invasão russa, e ouviu o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticar Berlusconi durante uma conferência de imprensa conjunta.
“A casa de Berlusconi nunca foi bombardeada, os tanques nunca entraram no seu jardim, ninguém matou os seus familiares, nunca teve de fazer as malas às três da manhã e tudo isto graças ao amor fraternal da Rússia”, disse então Zelensky.
Dias antes, Berlusconi tinha acusado Zelensky de ser responsável pela guerra na Ucrânia, afirmando que bastaria ao líder ucraniano ter parado de atacar as regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país.
Em outubro de 2022, em plena guerra na Ucrânia e quando ainda decorriam as negociações para a formação do Governo de Meloni, Berlusconi afirmou que Putin o considerava como o primeiro dos seus “verdadeiros amigos”.
Berlusconi sempre apoiou a posição da Rússia no conflito ucraniano, denunciando as sanções da União Europeia (UE) contra Moscovo após a anexação da Crimeia, em 2014, como “um regresso à Guerra Fria”.
Em setembro de 2015, visitou a península ucraniana com Putin para beber vinho e homenagear os soldados italianos que morreram na Guerra da Crimeia, no final do século XIX.
Berlusconi chegou a criticar Putin no início da invasão da Ucrânia, mas posteriormente justificou as ações do amigo russo, afirmando que tinha querido derrubar o governo de Kiev e substituí-lo por “pessoas de bem”.
Putin também nunca escondeu a admiração por Berlusconi, tendo-o considerado como “um dos melhores políticos da Europa” e “um dos últimos moicanos da política”.