A ocupação da Avenida Paulista no domingo (30) da eleição tem sido alvo de disputa por parte de bolsonaristas e petistas. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitaram o uso da via e já estão organizando um ato para acompanhar a votação do segundo turno. Nesta quarta-feira, no entanto, o diretório paulista do PT enviou um ofício ao Comando da Polícia Militar e à Subprefeitura da Sé informando a intenção de usar o local a partir das 18h.
A Justiça proíbe que grupos politicamente antagônicos se manifestem no mesmo lugar, justamente para evitar confrontos. Desde 2020, foi estabelecido um rodízio entre oposição e situação para o uso da Avenida Paulista. O revezamento vale sempre que os dois lados solicitarem a utilização da via para o mesmo dia. Não considera, por exemplo, o ato bolsonarista realizado nesta terça-feira na Paulista.
Como a última ocasião em que os dois lados pediram para ocupar a Paulista foi na votação do primeiro turno, e o PT garantiu na Justiça o direito de uso, a vez agora, em tese, é dos bolsonaristas. A campanha presidencial petista afirma que não fez nenhum pedido para usar a avenida, sendo a solicitação de autoria do diretório estadual.
Na semana passada, ativistas independentes protocolaram, junto ao Movimento Nas Ruas, um pedido para a liberação da Paulista no dia 30 de outubro, afirma Bruno Sato, ativista e apoiador de Bolsonaro. Não houve, ao menos até o momento, solicitações diretas da campanha de Bolsonaro ou de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo.
A logística ainda será definida, afirma Sato, que é um dos organizadores do evento. Segundo ele, a concentração deve ocorrer na Rua Peixoto Gomide, após o fechamento das urnas:
— Dia 2 (de outubro, no primeiro turno) foi a vez deles, e nós não os atrapalhamos. Há uma regra, desde a pandemia, que estabelece um rodízio. Isso tem que ser respeitado. É um acordo — disse Sato.
O PT estadual vai tentar garantir o direito de usar a via do mesmo jeito. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já disse que quer fazer um ato Paulista. Além disso, há um pronunciamento do candidato marcado em um hotel da região.
Pessoas ligadas à campanha do PT admitem que será difícil reservar a Paulista. Isso porque há duas variáveis em jogo: a eleição presidencial e a estadual, disputada por Fernando Haddad (PT) e Tarcísio. Se Lula e Haddad forem eleitos, a decisão seria simples, dizem os petistas. Mas numa eventual vitória de Lula e de Tarcísio, os dois lados reivindicariam o direito de comemorar na Paulista.
A decisão caberá à Polícia Militar, que após o ofício do PT deve convocar uma reunião com os dois grupos para tentar chegar a um consenso. A quatro dias das eleições, não há, porém, um prazo para que isso aconteça. Se uma das partes não ficar satisfeita com o acordo, poderá recorrer à Justiça. Independente da palavra final da PM, a expectativa é que tanto apoiadores de Lula quanto de Bolsonaro se encontrem na Paulista no domingo.
O jornal O Globo procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) para saber como o órgão evitará confrontos entre os dois grupos, mas não teve retorno até a publicação desta matéria. A SSP-SP também não informou até o momento qual grupo terá direito de ocupar a avenida no dia da eleição.