domingo 22 de dezembro de 2024
"Crescemos 65% o resultado operacional [R$ 642 milhões pelo critério Ebit, lucro antes de juros e impostos] versus 2020, que já tinha sido um excelente ano" Carlos Rotella, Presidente do grupo Edson Queiroz. (Crédito: Jarbas Oliveira)
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sexta-feira 27 de maio de 2022 às 07:01h

Os planos de um bilionário grupo nordestino em se tornar reconhecido nacionalmente

NEGÓCIOS, NORDESTE, NOTÍCIAS


Minalba, Nacional Gás, Esmaltec. Marcas que o brasileiro com certeza já ouviu falar, consumiu ou que estão integradas ao cotidiano. Seja em casa, no escritório ou na indústria. Bandeiras conhecidas nacionalmente e que fazem parte do portfólio do Grupo Edson Queiroz, um dos maiores conglomerados do Nordeste, com receita bruta de R$ 12 bilhões em 2021, mas que busca reconhecimento no restante do País. “Somos mais conhecidos por nossas marcas, fortes no Brasil”, afirmou o paulistano Carlos Rotella, que assumiu a presidência em 1º de janeiro do ano passado como parte do processo de transformação do modelo de gestão da companhia, atualmente com 70 anos de história e cerca de 10 mil colaboradores.

Além dos produtos nos setores de alimentação e bebidas, energia e eletrodomésticos, a holding tem sob o guarda-chuva empresas nos ramos da comunicação, imobiliário e agro, casos do Sistema Verdes Mares, Quepar Incorporações e Esperança Agro, respectivamente. “Ao todo são seis empresas e seis mundos diferentes”, afirmou o executivo, que enxerga na diversificação do portfólio uma fortaleza para o grupo, principalmente em momentos de volatilidade no Brasil. E a área de atuação pode aumentar em um futuro não tão distante. Um estudo revelou os possíveis segmentos para investimento da holding. “Podem ser negócios adjacentes ao que temos hoje ou novos. É muito mais uma questão de nos estruturarmos”, disse.

MERCADO EM EXPANSÃO A Nacional Gás fornece GLP a 8 milhões de famílias e 17 mil empresas pelo Brasil. (Crédito:Divulgação)

O portfólio multissetorial tem se mostrado bom negócio. Pelo menos é o que indicam os números. Além do faturamento bruto recorde de R$ 12 bilhões, o que representou incremento de 30% na comparação com 2020, o Ebitda, que considera depreciação e amortizações, foi de R$ 819 milhões. “Crescemos 65% o resultado operacional (R$ 642 milhões pelo critério Ebit, lucro antes de juros e impostos) ante a 2020, que já tinha sido um excelente ano.” E todas as empresas contribuíram para o resultado. “O grupo é financeiramente muito sólido.”

Apesar do bom desempenho do conglomerado, no último trimestre de 2021 as atenções estiveram voltadas principalmente para a Esmaltec, que atua no segmento de eletrodomésticos. A empresa é líder de mercado em fogões, além de produzir bebedouros de água e botijões. O setor de linha branca passou por uma crise no último trimestre, após nove meses de boa performance. “Resultado da perda do poder aquisitivo do consumidor. Mas fechou com número positivo.” Mas a retração se manteve nos primeiros três meses de 2022. O que não assusta Rotella, que visualiza uma retomada. Pouco a pouco. “E isso virá à medida que o poder aquisitivo do nosso consumidor melhore e que a confiança na aquisição de bens de consumo não duráveis retorne.”

EMBALAGEM CHEIA O Grupo Edson Queiroz é líder no segmento de águas com a marca Minalba Brasil. (Crédito:Divulgação)

ESTRELA O setor de energia é o carro-chefe do grupo, responsável por 70% da receita – o restante está pulverizado nos demais negócios. A Nacional Gás tem a responsabilidade de fornecer Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), ou gás de cozinha, para 8 milhões de famílias e 17 mil empresas por mês. “Isso em um Brasil de dimensões continentais, com dificuldades de acesso”, disse o presidente. O es­forço tem se refletido nos resultados, uma vez que a companhia ocupa a liderança no segmento domiciliar. “Concentramos nas operações para fazer com que o produto chegue às residências da forma mais eficiente e com o menor custo possível.”

A importância da Nacional Gás fica evidente na movimentação recente realizada pelo grupo com a compra de parte (20%) da Liquigás, em um consórcio com Itaúsa e a Copagaz. A transação contribuiu em ganho de 4 a 5 pontos percentuais no mercado para a empresa, que opera também as marcas Brasilgás e Paragás. Neste ano, o segmento tem apresentado queda no crescimento diante do aumento do dólar e do impacto do preço do petróleo internacional. “Isso tem i mpactos internos.”

No setor de alimentos e bebidas, o Grupo Edson Queiroz é líder com a água Minalba Brasil. O negócio cresceu no Nordeste e Norte e expandiu-se para o Sudeste e Sul. Desde os anos 80 a marca faz parte do grupo, o maior conglomerado de águas do País, com portfólio que inclui bandeiras como Indaiá, Petrópolis e São Lourenço, além de premium estrangeiras que têm distribuição nacional sob os cuidados da companhia – a francesa Perrier e as italianas Panna e San Pellegrino. “Com o arrefecimento da pandemia, já é constatada uma retomada do setor de serviços, de hotelaria. As pessoas começam a sair de casa novamente. Isso acaba ajudando essa divisão.”

Em mídia, o grupo é proprietário do Sistema Verdes Mares, que tem emissoras afiliadas da TV Globo, além do jornal Diário do Nordeste, apenas em formato digital, e rádios. Na visão de Rotella o setor de mídia deve performar bem. “Com a confiança do consumidor retornando pouco a pouco, os varejistas acabam se estimulando a anunciar os seus produtos e isso de uma maneira ou de outra reflete nos nossos negócios.”

INVESTIMENTO O executivo evita fazer estimativa de crescimento para o grupo em 2022. “Nesse mundo volátil isso não é tão simples.” O que está definido, porém, é o investimento de R$ 1,2 bilhão em uma nova área, de infraestrutura portuária. O Grupo Edson Queiroz formou uma joint venture com a Copagaz e a Oiltanking, operadora alemã, para a construção de um terminal de tancagem de GLP, no Porto de Suape, em Pernambuco, com capacidade para comportar 1,5 milhão de toneladas de gás por ano. A iniciativa não tem relação com a Nacional Gás. “É a primeira diversificação do grupo em relação aos seus negócios anteriores.” A expectativa é que o projeto atenda todo o Nordeste já a partir de 2025. E que, em um futuro mais breve, o nome do grupo possa ecoar por todas as regiões do País.

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