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sexta-feira 27 de maio de 2022 às 07:12h

A batalha eleitoral que Lula não ganha de Bolsonaro

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Apesar da liderança folgada de Lula na última pesquisa Datafolha, existe uma arena segundo a coluna de Malu Gaspar, no O Globo, em que a coordenação de campanha do PT já admite internamente que não vai vencer a batalha eleitoral: a digital, onde o bolsonarismo domina. “O PT está um passo atrás da direita digital, sem dúvida nenhuma”, admite um interlocutor de Lula que ocupa papel-chave nas discussões da campanha.

Por isso, a tática dos estrategistas do ex-presidente para ocupar as redes neste ano é atuar de forma mais direcionada, mobilizando artistas e influenciadores digitais engajados em questões políticas que atraem milhões de seguidores e possuem o poder de influenciar os rumos do debate.

Para o partido, a grande repercussão nas redes do apoio de Pabllo Vittar e Daniela Mercury a Lula, assim como o engajamento de Anitta contra Bolsonaro, demonstraram que “terceirizar” a comunicação pode ser uma ofensiva tão ou mais efetiva do que colocar lideranças do PT para sair em defesa de Lula.

Essa estratégia já foi colocada em prática no casamento de Lula com a socióloga Rosângela Silva, a Janja, que reuniu celebridades como Daniela Mercury e o economista e ex-participante do BBB Gil do Vigor, mas deixou de lado figuras históricas do partido, como o ex-ministro José Dirceu e o vereador Eduardo Suplicy.

A repercussão do casamento nas redes foi amplamente positiva, fazendo as redes bolsonaristas se silenciarem sobre o assunto.

A ideia agora é municiar esses “embaixadores digitais” com material da campanha, além de informações que possam subsidiá-los a ditar as discussões na esfera online.

A expectativa dos coordenadores da campanha é que essas celebridades ajudem a consolidar o voto de Lula entre jovens e mulheres, onde o ex-presidente já tem grande vantagem sobre Bolsonaro.

Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira (25), Lula chega a 58% das intenções de voto entre quem tem 16 e 24 anos, ante 21% de Bolsonaro. Entre as mulheres, a vantagem do petista é de 49% a 23%.

Segundo especialistas e lideranças petistas ouvidos pela equipe da coluna, o voto do eleitor jovem e das mulheres deve ser decisivo no resultado das urnas.

Nas eleições de 2018, as redes e o WhatsApp foram fundamentais para a vitória de Bolsonaro nas urnas – e para a disseminação de notícias falsas contra o então candidato Fernando Haddad, o que levou à abertura de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar indícios de irregularidades. Os casos acabaram arquivados.

Ainda hoje, os números das redes mostram que os lulistas estão dezenas de passos atrás de Bolsonaro. No Twitter, por exemplo, o perfil do presidente reúne 8,1 milhões de seguidores, mais que o dobro de Lula – 3,5 milhões. No Instagram, uma das redes preferidas dos jovens, a vantagem bolsonarista é ainda maior: o atual chefe do Executivo conta com 19,9 milhões de seguidores, quase 4 vezes mais que o petista, que tem 5,1 milhões.

O canal de Bolsonaro no YouTube, onde são transmitidas as lives do presidente recheadas de ataques, teorias conspiratórias e acusações infundadas contra as urnas eletrônicas, possui 3,67 milhões de seguidores. O perfil de Lula na mesma plataforma é bem mais tímido, com 474 mil.

“O PT saiu em desvantagem nas redes e os apoiadores de Bolsonaro parecem ser muito mais ativos do que os simpatizantes de Lula no universo digital”, avalia o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas na coluna.

“Bolsonaro é insuperável nas redes porque elas são incubadoras – e reforçadoras – de teorias conspiratórias. Já o celular petista é aquele tijolão dos anos 80”, compara.

A amplitude do discurso bolsonarista nas redes se reflete nas pesquisas de intenção de voto.

Segundo a última pesquisa da empresa de consultoria Quaest, divulgada neste mês, a avaliação positiva do presidente é maior entre aqueles que se informam sobre política por meio das redes sociais.

Nesse caso, a percepção positiva da administração do presidente chega a 37%, ante 20% entre aqueles eleitores que se informam sobre política por meio da televisão.

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