“As coisas precisam ser construídas sem improviso”. Foi assim que uma importante liderança do PCdoB na Bahia definiu a situação da chapa majoritária governista para as eleições ao Palácio de Ondina em outubro. O desejo do governador Rui Costa (PT) em se candidatar ao Senado para o pleito demandou que novos ajustes fossem feitos, com o nome do senador Otto Alencar (PSD) sendo colocado na cabeça da chapa no lugar do também senador Jaques Wagner (PT), novidade que não tem agradado alguns integrantes do grupo político.
Um dos receios dos partidos mais à esquerda do espectro de alianças, como PSB, PCdoB e o próprio PT, é que as mudanças não podem ser “tão improvisadas”, temendo que o Partido dos Trabalhadores decida “inovar” na escolha de um nome da legenda para bancar uma candidatura própria. A possibilidade acendeu o alerta após Wagner informar, em reunião nesta segunda-feira (28), que não seria candidato ao governo da Bahia. O petista declarou que a sua retirada não implica na retirada da candidatura do PT. “Quem decidirá se terá candidatura ou não, não sou eu, será o partido”, afirmou Wagner, que falou sobre a importância da união das legendas na Bahia para as eleições deste ano.
Sobre a resistência que teria se criado para o nome de Otto Alencar (PSD) na cabeça da chapa, o presidente do PCdoB na Bahia, Davidson Magalhães, foi questionado sobre o assunto pelo Bahia Notícias e afirmou que a sigla não tem vetos e que preza pela transparência entre os partidos que compõem a base. O político voltou a criticar a forma com que as conversas aconteceram, deixando de lado os aliados na mesa de discussões.
“Nós ficamos conhecendo as coisas através de blogs, isso está errado, não é o método correto, foi isso que nós criticamos. Nada de artificialismo, nada de nomes que não foram construídos, que não tem condições. Nesse sentido aí Otto, assim como Wagner, reúne as condições de liderar a chapa. Precisamos ter uma composição competitiva e que prevaleça o interesse coletivo e não interesses individuais e pessoais”, disse Davidson, que é secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) da Bahia.
Após a reunião que resultou no recuo de Wagner, os dirigentes petistas reafirmaram a decisão que aponta para a presença do partido encabeçando a chapa majoritária. O presidente do PT Bahia, Éden Valadares, colocou panos quentes ao afirmar que a decisão será fruto de debate interno, junto a outros partidos e lideranças da base, contudo sem marcar data para as deliberações.