Herdeiro político do avô Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (UB) ameaça a hegemonia do PT na Bahia. Já frequentava as pesquisas como primeiro colocado na corrida pelo governo do estado. O favoritismo foi potencializado pela decisão do senador petista Jaques Wagner de se retirar da disputa oficialmente na última segunda (28).
Ironicamente, conforme Josias de Souza Colunista do UOL, foi Wagner quem desbancou o carlismo ao derrotar, em 2006, o então governador Paulo Souto, que disputava a reeleição com o apoio de Antônio Carlos Magalhães. Governou a Bahia por dois mandatos. Foi sucedido pelo correligionário petista Rui Costa, que também está no seu segundo mandato.
Decorridos quase 16 anos, ACM Neto tenta desbancar o PT cavalgando a imagem do avô e o prestígio que amealhou numa gestão bem avaliada à frente da administração municipal.
Nas eleições de 2020, o então prefeito ACM Neto elegeu o vice Bruno Reis (UB) como seu sucessor. Prevaleceu no primeiro turno, com 64,2% dos votos válidos na capital baiana, o melhor resultado proporcional em todo o país.
Desde então, o DEM, partido que era presidido por ACM Neto, fundiu-se com o PSL, dando origem ao União Brasil. A legenda recém-criada discute com MDB e PSDB a hipótese de apoio a um dos presidenciáveis da terceira via.
A aliança presidencial não entusiasma ACM Neto. Simone Tebet e João Doria, presidenciáveis do MDB e do PSDB, despertam bocejos no eleitorado baiano. Lula é franco favorito no estado. E Bolsonaro, que gostaria de subir no palanque do ex-prefeito, amarga na Bahia uma rejeição radioativa.
Num esforço para pescar votos em todos os nichos do eleitorado, ACM Neto vem preferindo tomar distância das articulações nacionais. Vangloria-se de sua vocação para o diálogo. Realça que, na prefeitura, manteve boas relações com três presidentes: Dilma Rousseff, Michel Temer e o próprio Bolsonaro.
Com a desistência de Jaques Wagner, ACM Neto ainda não sabe quem será seu principal adversário. Lula tenta empinar a candidatura do senador Otto Alencar, do PSD, numa chapa que teria o atual governador petista Rui Costa como candidato ao Senado. Otto resiste. Prefere pleitear a recondução à cadeira de senador.
Corre por fora o ministro da Cidadania João Roma, do Republicanos. Vem a ser um ex-aliado de ACM Neto. Tem a seu favor o fato de que sua pasta administra o Auxilio Brasil. Mas teria de arrastar o desprestígio do chefe. Na Bahia, o apoio de Bolsonaro tem o peso de uma bola de ferro.