Enquanto o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, está preocupado com a vacinação, testes e medidas para prevenir a Covid, membros do governo Bolsonaro estão empenhados em dar segundo a coluna de Bela Megale, um apelido ao chefe da agência. Antes aliado e hoje desafeto de Bolsonaro, Barra Torres não é mais chamado por seu sobrenome pelos ministros da Esplanada, mas sim pela alcunha de “Barrabás”. O apelido faz referência ao personagem bíblico que foi libertado por decisão do povo, que escolheu pela crucificação de Jesus e não de Barrabás, tido como criminoso.
A alcunha busca desqualificar Barra Torres, descrito por aliados de Bolsonaro como “traidor”. A trajetória do presidente da Anvisa é marcada por decisões técnicas e embasadas na ciência durante a pandemia, o que vai em direção oposta ao que Bolsonaro defende. O presidente costuma criticar Barra Torres afirmando que ele só chegou à agência porque teve seu apoio.
No início do mês, ambos protagonizaram um embate público após Bolsonaro afirmar que técnicos da Anvisa tinham interesse na liberação da vacina para crianças. Barra Torres rebateu a fala do presidente com uma nota dura e exigiu retratação, o que não ocorreu.