A Bahia tem várias empresas investidoras no mercado de energia renovável, especialmente relacionadas a parques eólicos. Uma delas é a Casa dos Ventos, que opera com recursos para geração elétrica desde 2007.
Conforme reportagem da G1 Bahia, além de ser uma das mais antigas em operação, a Casa dos Ventos responde por 1/3 do que já foi implantado desse tipo de energia renovável no estado.
De acordo com o diretor de desenvolvimento da Casa dos Ventos, Clécio Eloy, além de operar com material de geração, a empresa também desenvolve projetos para fazer implantação ou reciclagem de capital.
“Desenvolvidos ou implantados por nós, temos projetos em: Morro do Chapéu, Campo Formoso, na região de Gentio do Ouro, na região de Uibaí e Ibipeba. Temos um próprio parque [eólico] em operação em Campo Formoso, uma energia que a gente desenvolveu, implantou e comercializou com a companhia Vale do Rio Doce, em regime de autoprodução”.
O projeto que está sendo implantado em Morro do Chapéu prevê a instalação de potencial de geração de 1 gigawatt, que tem potencial suficiente para abastecer uma cidade com 1,5 milhão de habitantes.
“Estamos realizando uma obra de um novo projeto, um grande projeto em Morro do Chapéu, que é um projeto de um 1 giga. Estamos começando agora com a construção do 1° módulo de 360 megawatts de energia elétrica e aproximadamente 200 megawatts de energia solar”, explicou Eloy.
As obras do parque eólico de Morro do Chapéu são parte da escala de crescimento da produção de energia eólica no estado baiano. Esse potencial de geração, além de poder ser exportado, também contribui para a geração de energia em meio à escassez hídrica.
“As obras começam efetivamente agora em setembro. A gente já está em campo, mas fazendo a sondagem dos pontos de alocação de cada aerogerador. Os equipamentos de sondagem, que é o primeiro trabalho que nós fazemos, está já em campo. Em cada ponto de aerogerador a gente faz a sondagem de cada de local para saber que tipo de solo que a gente vai encontrar lá embaixo”, detalhou Eloy.
De acordo com o diretor, a previsão é de que a construção do primeiro em Morro do Chapéu leve dois anos, já tendo começado. Todo o complexo deve levar em torno de cinco.
“Essa primeira fase, normalmente entre o momento em que se coloca o primeiro trator em campo para abrir a área, para fazer o canteiro central, até o comissionamento, a entrada da última máquina, da última turbina, estimamos um prazo de aproximadamente dois anos, ou seja, de setembro de 2021 até setembro de 23. Mas esse é o primeiro módulo, de um projeto maior de 1 giga”, avaliou.
“A gente imagina que, logo na sequência, vamos começar o segundo e o terceiro módulo, de maneira que seja uma obra que vai durar em torno de cinco anos, para ter em torno de um giga completo em operação nessa área”.
Impulsionamento de energias renováveis
Hoje, segundo a Casa dos Ventos, a Bahia tem aproximadamente quatro mil megawatts, ou seja quatro gigawatts de energias renováveis em operação. E esse potencial segue em progressão.
“A Bahia tem muito potencial. Hoje, o grande problema do estado é a questão da capacidade de escoamento de energia. Muitas obras têm que ser feitas para que essa energia seja despachada para a grande carga, para o grande consumo do Brasil, que é o Sudeste”.
“A Bahia tem energia mais barata do mundo que é a energia eólica. A Bahia tem o maior potencial de energia eólica do mundo. Ou seja, a Bahia tem a energia mais barata”.
“Como temos deficiência de linhas de transmissão, não é possível poderia exportar toda essa energia, porque não tem linhas de transmissão disponível. Se tivesse, a gente não estaria passando por ameaças de racionamento e de cortes de energia”.
Geração de emprego em Morro do Chapéu
A obra de implantação do parque eólico gera renda tanto pela exportação da energia, quanto na construção do local.
“Uma obra como essa, esse primeiro módulo que a gente está começando, chega a gerar aproximadamente 1.200 empregos diretos, em atividades diversas. Vão desde aluguel de equipamentos, veículos, tratores, caminhões, carros-pipa, esse tipo de coisa, até o mais direto fomento da atividade comercial”, pontuou Eloy.
A geração de renda indireta também tende a crescer, com a movimentação da mão de obra no local de construção.
“No que diz respeito a alimentação, hotelaria, lazer, aluguéis residenciais, a parte de combustíveis lubrificantes também é muito afetada positivamente, porque o trânsito de veículos é muito grande. A parte de serviços em regime de autoprodução automotivos também, turismo de alguma maneira também é fomentado em regime de autoprodução”.
Além das implantações diretas e indiretas de emprego, a construção traz outros benefícios para Morro do Chapéu, como detalha Eloy.
“A prefeitura tem uma arrecadação muito alta na época da construção, por conta das obras civis. Depois essa arrecadação cai, porque os produtos, os aerogeradores estão no período de garantia, que normalmente é de dois anos também, depois disso aí você entra no ciclo de operação e manutenção, que são serviços que são cobrados mensalmente do empreendedor e isso gera o ISS em favor da prefeitura”.
“Então se tem arrecadação agora em volume maior, arrecadação em volumes menores, mas constantes no futuro. Tem o aumento de arrecadação de renda do município e você tem ainda uma outra consequência positiva para o município que é o aumento dos repasses da União e do Estado quando esses repasses são frutos diretos com a relação econômica. Ou seja, quando você está gerando energia ali e essa energia está sendo vendida, você tem um aumento no PIB do município”.
‘Quando o PIB do município aumenta, alguns repasses que que são proporcionais ao PIB de cada município automaticamente aumenta também. Então é um efeito cascata positivo para a arrecadação do município”.
Sustentabilidade
Além de ser uma fonte renovável, a energia eólica é uma fonte de geração limpa, porque não emite poluentes e nem dióxido de carbono. O diretor da Casa dos Ventos detalha ainda outros pontos sustentáveis.
“Quando eu coloco uma turbina eólica em Morro do Chapéu, eu diminuo a possibilidade de ter que fazer novas represas e rios e com isso fazer inundações, destruir o meio ambiente, ter que deslocar cidades como aconteceu aqui no estado da Bahia mesmo, na barragem da represa de Sobradinho”.