Defronte à Baía de Todos-os-Santos, no Comércio, está um dos mais belos e conhecidos cartões postais da capital baiana: o Mercado Modelo. O lugar, que costuma ser ponto de parada obrigatória para quem busca artigos de artesanato e produtos regionais, passará por obras de requalificação que oferecerá mais conforto aos visitantes e permissionários que atuam no local. O edital para licitação das obras foi lançado pelo prefeito Bruno Reis nesta sexta-feira (7), durante ato simbólico de assinatura da ordem de serviço para segunda etapa da requalificação da Rua Professor Sabino Silva.
Na mesma ocasião, o prefeito anunciou a abertura do edital para intervenções no Museu da Santa Casa de Misericórdia, no Centro. Também estiveram presentes a vice-prefeita Ana Paula Matos; a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield; o superintendente de Obras Públicas (Sucop), Orlando Castro; o subsecretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Lázaro Jeszler; e o provedor da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, José Antônio Rodrigues Alves.
O projeto de requalificação do Mercado Modelo foi elaborado pela FMLF, tendo como premissa, essencialmente, a restauração dos elementos arquitetônicos e estruturais do estabelecimento. O orçamento estimado é de R$14,5 milhões, provenientes de convênio com a Caixa Econômica Federal, e o prazo para conclusão das obras é de 12 meses.
A iniciativa prevê a inclusão de novos equipamentos sanitários e de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, além de inserção de instalações e equipamentos. A ideia é consolidar o Mercado Modelo como centro de cultura, artesanato, gastronomia e turismo, dotando-o de infraestrutura moderna e em perfeita harmonia com o patrimônio existente.
“O Mercado Modelo já é bonito e visitado por soteropolitanos e turistas e ficará ainda melhor e agradável. Essa intervenção se soma ao conjunto de 40 iniciativas que realizamos no Centro, que visam dar nova cara à região. São mais de R$300 milhões investidos para reconstruir essa que é uma das áreas mais importantes da cidade”, afirmou o prefeito.
Ele citou exemplos de outras iniciativas realizadas pela Prefeitura no perímetro para valorização do patrimônio histórico e cultural da capital baiana, todas elas próximas ao mercado. Há a Casa da Música, que será inaugurada no Casarão dos Azulejos Azuis, além do Arquivo Municipal de Salvador e o Polo de Economia Criativa – Doca 1, cujas obras estão em andamento.
Melhorias
Construído numa área de 8,4 mil m², o imóvel possui subsolo, pavimentos térreo e superior, além de mezaninos. Todos os boxes que existem no local serão requalificados.
O subsolo do Mercado Modelo, que é um espaço atualmente não aproveitado e extremamente insalubre, devido à falta de um sistema eficaz de renovação de ar e à presença constante de água salobra em seu interior, também será requalificado. A proposta é explorar o potencial cênico e arquitetônico desse pavimento, que poderá receber exposição cultural. Desse modo, serão criadas duas ilhas de conforto, espaços semifechados e climatizados.
No térreo, a área coberta chamada de rotunda servirá como amplo espaço multiuso. Tendo como única estrutura fixa o tablado elevado que serve de palco a apresentações culturais, essa parte continuará abrigando as mesas dos bares do térreo, podendo receber ainda outras ações e estruturas de caráter temporário.
Além disso, haverá espaços de serviço, composto por recepção, local de controle de acesso à área expositiva do subsolo, posto de informações para os visitantes tanto sobre a própria estrutura (localização de lojas, por exemplo), quanto sobre o turismo em Salvador de forma geral. Serão implantados ainda mais sanitários, inclusive para pessoas com deficiência.
No mezanino 1, também no térreo, haverá estação de trabalho que dará suporte à administração do Mercado Modelo e concentrará os informativos sonoros. O andar vai abrigar ainda sala de reunião com capacidade para 14 pessoas, salas da Guarda Municipal e da Brigada de Incêndio e um depósito de material de limpeza.
O pavimento superior terá um salão com um pequeno palco para apresentações culturais de menor porte, mesas e balcões de atendimento dos restaurantes que existem no local, e mais uma varanda. O mesmo andar também continuará com um espaço de serviços, com caixas eletrônicos para transações financeiras e sanitários. Um pequeno mezanino privativo abrigará espaços de administração e vestiários.
E mais: uma estrutura abrigará reservatório de água potável, áreas para sistema de exaustão e de convergência da tubulação de exaustão dos bares e restaurantes da edificação, encaminhamento para saída pela cobertura e áreas para sistema de climatização.
Acessibilidade
Os critérios de acessibilidade universal também foram observados. Será feito o dimensionamento das duas escadas principais e das duas escadas secundárias de acesso do térreo ao pavimento superior, atendendo às demandas estabelecidas pela legislação.
O projeto prevê a substituição do elevador que existe na estrutura por um modelo com maior capacidade de carga, de forma a atender às demandas atuais da edificação. Deverá ser implantado um novo elevador de uso restrito para atividades de serviço do Mercado Modelo, como carga e descarga de produtos para os boxes e bebidas e alimentos para os restaurantes, transporte de resíduos sólidos para descarte, ou mesmo de carrinhos de limpeza.
Sustentabilidade
O projeto de requalificação do Mercado Modelo recomenda, também, a construção de um depósito de lixo, tendo em vista não apenas o impacto visual que este volume geraria na Praça Cairu, mas também os benefícios à manutenção da qualidade ambiental e higiene que o sistema proporciona.
Museu
Localizado ao lado do Palácio Thomé de Souza, o Museu da Misericórdia da Santa Casa da Bahia passará por obras de restauração, recuperação e ampliação. A iniciativa será coordenada pela Sucop e tem projeto orçado em R$9,5 milhões, também provenientes de recursos federais. O prazo estimado para conclusão da intervenção é de 20 meses.
A obra envolve restaurações de forros com pintura artística, de dez imaginárias de arte sacra, de esquadrias e elementos de madeira e de retábulo artístico entalhado. Também contempla construção de um anexo com 112 m² de área e melhorias no piso e nos revestimentos existentes, além de troca de esquadrias com instalação de portas e janelas de madeira e de alumínio.
Será feita, ainda, pintura de paredes internas e externas, de forros e lajes, instalações de telhas tipo colonial e de uma claraboia em vidro. O imóvel contará com novos sistemas de ar-condicionado, instalações elétricas e de luminárias, telefonia e hidrossanitárias (água fria, esgoto e águas pluviais), além de um elevador.
“O Museu da Misericórdia é um dos equipamentos históricos mais importantes da cidade, gerido pela Santa Casa. As obras que serão realizadas no local irão fortalecer toda nossa estratégia de requalificação do Centro Histórico”, destacou Bruno Reis
História e acervo
Inaugurado em 2006 pela Santa Casa da Bahia, o Museu da Misericórdia agrega grande valor ao panorama artístico e cultural do Centro Histórico de Salvador. Instalado em palacete do século XVII que já abrigou o primeiro hospital da cidade – fundado pela Santa Casa -, possui rico acervo, composto por mais de 3,8 mil peças, classificadas em diversas categorias, como alfaia, mobiliário, pinacoteca e imaginária. Trata-se de um legado de 469 anos de história, com obras que contextualizam do século XVII até os dias atuais.
Um dos destaques são os azulejos de 1712 que reproduzem a Procissão do Fogaréu, que a Irmandade da Santa Casa realizava na noite de Quinta-Feira Santa. Também haverá atenção especial para a sala com quadros do expoente pintor barroco José Joaquim da Rocha, que retratam a Paixão de Cristo.
O museu tem uma lógia, um espaço arquitetônico de características europeias e conta com um rico trabalho de embrechado em quatro tipos de mármore, que conferiu ao prédio o tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1938.
O primeiro carro movido a gasolina que chegou à Bahia também compõe a secular coleção. Já entre as peças relacionadas a personalidades estão a cadeira feita exclusivamente para visita de D. Pedro II, em 1859, e a escrivaninha de Ruy Barbosa, que foi funcionário da Santa Casa da Bahia.
O museu ainda conta com quadros que retratam Antônio de Lacerda, projetista e executor da obra do Elevador Lacerda, e Raimunda Porcina de Jesus, que alforriou os escravos da Filarmônica dos Chapadistas.