Aos menos 44 pessoas morreram em um tumulto durante um evento religioso no nordeste de Israel. O número foi confirmado pelo Ministério da Saúde, segundo o jornal The Times of Israel.
O incidente ocorreu no Festival Lag B’Omer, que acontece anualmente no sopé do Monte Meron. Dezenas de milhares de judeus ortodoxos participaram do festival, no maior evento em Israel desde o início da pandemia do coronavírus.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o ocorrido como um “forte desastre” e disse estar orando pelas vítimas.
Pelo menos 103 pessoas ficaram feridas, disseram as autoridades – 38 estavam em estado crítico.
Relatos iniciais indicaram que uma estrutura do evento desabou, mas funcionários do Magen David Adom (MDA, o serviço nacional de emergência) disseram posteriormente que a tragédia começou com um tumulto. Fontes policiais disseram ao Haaretz que alguns participantes escorregaram em degraus, causando a queda de dezenas de outros.
“Tudo aconteceu em uma fração de segundo; as pessoas simplesmente caíram, pisoteando umas às outras. Foi um desastre”, disse uma testemunha ao jornal.
Vídeos postados na internet mostram milhares de pessoas amontoadas no evento, e depois lutando para fugir do caos conforme o tumulto cresceu.
“O MDA está lutando pelas vidas de dezenas de feridos e não vai desistir até que a última vítima seja retirada”, disse um tuíte do serviço de emergência.
‘Sem espaço para se mover’
Testemunhas descreveram o pânico quando o tumulto começou a se formar.
“Estava lotado e não havia para onde se mover”, disse um peregrino à BBC. “As pessoas começaram a cair no chão.”
“De repente, vimos paramédicos correndo”, disse outro participante, Shlomo Katz. “Começaram a sair [da multidão] um depois do outro … Aí a gente entendeu que tinha alguma coisa acontecendo.”
“Mais de mil pessoas juntas tentaram descer por um lugar muito, muito pequeno, uma rua muito estreita e elas simplesmente caíram em cima das outras”, disse Yanki Farber, repórter do site judeu ortodoxo Behadrei Haredim.
Um trabalhador de emergência, Dov Maisel, disse à BBC: “Acabamos de atender a um dos piores desastres de Israel.”
“Um desastre terrível de pessoas que vieram comemorar …e infelizmente foram literalmente esmagadas até a morte”, disse ele.
Um peregrino disse que pensou ter havido um alerta de bomba quando mensagens de alto-falante instaram a multidão a se dispersar. A polícia então solicitou a evacuação do local.
“Ninguém imaginava que isso pudesse acontecer aqui”, disse ele a um canal de TV israelense. “A alegria se tornou luto, uma grande luz se tornou escuridão profunda.”
Peregrinação anual
O festival Lag B’Omer é o maior evento realizado em Israel desde o início da pandemia de coronavírus, com público de dezenas de milhares de pessoas — apesar de ter levado a preocupações com a disseminação do vírus.
Mais cedo, autoridades afirmaram que não estavam conseguindo impor medidas restritivas contra a covid-19 devido ao enorme público.
A cada ano, judeus ortodoxos fazem uma peregrinação ao evento, um festival com fogueiras durante a noite, orações e danças.
Meron abriga o túmulo do Rabino Shimon Bar Yochai, que viveu no século 2, e é um dos pontos sagrados para os judeus.
De acordo com o jornal Times of Israel, os organizadores estimaram que 100 mil pessoas compareceriam ao evento na noite de quinta-feira, com mais pessoas chegando na sexta.
A celebração no ano passado foi restrita por conta do coronavírus, mas o bem-sucedido programa de vacinação israelense, um dos mais rápidos do mundo, permitiu suspender muitas das restrições nos meses recentes.