A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, ao anular, nesta última segunda-feira (8), todos os atos processuais envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato, deve ter duas dimensões e o clima que paira para o “eleitorado lulista” é que ele “voltou ao jogo”, de acordo com o cientista político Cláudio André de Souza.
“A decisão coloca o ex-presidente Lula podendo construir um projeto nacional. A centro-esquerda não tem uma liderança, nem de Ciro, Boulos, Dino, Haddad. É também um momento de crise na direita liberal. Esse processo move o tabuleiro, pois o ex-presidente Lula reúne condições competitivas. Em 2018 ele liderava com 34%. A perspectiva de segundo que venceria. Nas últimas pesquisas colocam Lula com uma capacidade eleitoral enorme”, comentou ao Bahia Notícias.
Cláudio ressaltou que, independente da perspectiva jurídica, ele se torna a principal liderança, junto com Bolsonaro. “É importante avaliar o recall de Lula e o potencial eleitoral que ele manteve, apesar da prisão. Nesse momento, o coloca, e o PT com um papel efetivo de estratégias e conduções”, disse.
De acordo com o especialista, Lula sendo candidato ou não sendo, a partir dessa decisão, ele será um ator estratégico no pleito. “Tem um caráter jurídico, essa anulação seja julgada pela turma ou pelo plenário. A PGR pediu para ocorrer desse julgamento. O que Fachin fez abre um tempo que seria necessário que as decisões do STF, tanto na primeira ou segunda instância, tramitassem de forma muito célere. Esse debate depende do tempo que será julgado e isso pode afetar o processo político de 2022”, disse.