O Dia da Vitória, celebrado nesta segunda-feira (9), é uma data importante à história da Rússia. Foi em 9 de maio de 1945 que a Alemanha nazista rendeu-se oficialmente à então União Soviética, que deixou a guerra como vitoriosa, sendo o país que contabilizou mais mortes: estima-se que até 27 milhões de soviéticos, 13,7% da população em 1939, foram mortos no mais sangrento conflito da história da humanidade.
A comemoração da data foi resgatada pelo presidente Boris Yelstin em 1995 para comemorar os 50 anos do triunfo sobre os nazistas. No entanto, foi com o presidente Vladimir Putin, a partir de 2008, que o 9 de maio tornou-se uma celebração anual marcada pela demonstração de força do exército russo.
Em discurso nesta segunda (9) na Praça Vermelha, Putin descreveu alguns paralelos entre a data histórica o conflito atual com a Ucrânia: ele reforçou o discurso de “desnazificação” da Ucrânia e tentou legitimar o que chama de “operação militar especial” (os russos não consideram que seja uma guerra), que dura 75 dias.
Putin alegou que agiu preventivamente, em uma ação “necessária” para conter o avanço da Otan e do nazismo. O mesmo discurso de combate ao fascismo foi utilizado por Putin em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia.
?Há 77 anos, o Exército Soviético libertou o mundo do nazismo e derrotou o 3º Reich alemão, que segundo Hitler duraria mil anos.
?O "Dia da Vitória" é celebrado para que o mundo nunca esqueça dos heróis que deram suas vidas para salvar toda a humanidade.pic.twitter.com/GxkEu6hHsu— Ivan⚡️ (@ivan) May 9, 2022
O Dia da Vitória deste ano, porém, tem um sabor amargo ao Kremlin, que pode celebrar a captura da maior parte de uma Mariupol em ruínas, além da vitória sobre o batalhão de Azov, um grupo de extrema-direita criado em 2014 com tendências fascistas que resistiu à ofensiva russa.
Segunda Guerra Mundial
A Alemanha de Adolf Hitler acreditava que conquistaria a Rússia com sua blitzkrieg, termo alemão para “guerra relâmpago”. A estratégia de coordenar ataques de infantaria, aviação e tanques blindados que chegavam com grande velocidade surpreenderam diversos inimigos e foi crucial ao sucesso nazista nos primeiros anos da Guerra. O plano de invadir a Rússia em 3 frentes, no entanto, demorou mais que o planejado e o exército alemão foi castigado pelo inverno russo.
Além disso, a política de não rendição do Exército Vermelho também atrasou o progresso das tropas nazistas. Em junho de 1941, a Alemanha tinha 3,8 milhões de soldados contra 2,9 milhões de militares soviéticos. Ao final da guerra, estima-se que 1 milhão de alemães morreram contra quase 5 milhões de soviéticos. As batalhas de Moscou e principalmente de Stalingrado foram cruciais à derrota do Eixo – o Japão ainda resistiria até as bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki.
Depois de repelir os nazistas, a contra-ofensiva soviética (Ofensiva Vistula-Oder) liderada por Stalin libertou a Polônia e terminou por cercar Berlim até o suicídio de Hitler e a rendição nazista. Com isso, o território do Terceiro Reich foi dividido em quatro zonas de ocupação, ratificada na Conferência de Potsdam: França, Estados Unidos, Grã Bretanha e União Soviética passaram a administrar o território, o que iniciaria a divisão entre Alemanha Oriental e Ocidental, dando início à Guerra Fria.