O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou, nesta terça-feira (18), à Coreia do Norte e deu início a uma visita destinada a reforçar os vínculos de defesa entre os dois países, que têm armamento nuclear, no momento em que a Rússia prossegue com sua ofensiva militar na Ucrânia.
“Vladimir Putin aterrissou em Pyongyang, capital da Coreia do Norte”, informou a Presidência russa no Telegram. A última viagem do chefe de Estado russo ao país comunista havia sido no ano 2000.
Antes de iniciar a viagem, Putin celebrou o “firme apoio” da Coreia do Norte à operação militar russa na Ucrânia. Moscou e Pyongyang são aliados desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), mas estreitaram as relações desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
“A Rússia apoiou (a Coreia do Norte) e seu heroico povo em sua luta para defender seu direito de escolher por si mesmos o caminho da independência, a originalidade e o desenvolvimento no enfrentamento ao astuto, perigoso e agressivo inimigo […] e o apoiará constantemente no futuro”, escreveu Putin em um artigo publicado no jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun e na agência de notícias KCNA.
Ele também afirmou que Pyongyang “apoia firmemente” a ofensiva russa na Ucrânia e agradeceu ao regime norte-coreano. As potências ocidentais acusam os norte-coreanos de entregar munições à Rússia para sua guerra na Ucrânia, em troca de assistência tecnológica, diplomática e alimentar.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que a visita de Putin mostra o quanto a Rússia necessita do apoio de líderes autoritários para realizar sua ofensiva na Ucrânia.
Associação estratégica
“O que nos preocupa é o aprofundamento da relação entre esses dois países”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
O assessor diplomático de Putin, Yuri Ushakov, apresentou a viagem como um evento importante para ambos os países, atingidos por sanções ocidentais, e mencionou a “possível” assinatura de “um acordo de cooperação estratégica global”. O presidente russo será acompanhado pelo chanceler Serguei Lavrov e pelo ministro da Defesa, Andrei Belousov.
Putin, que é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), reduziu suas viagens ao exterior, mas realizou algumas visitas para encontrar aliados-chave, como a China.
Pequim pediu nesta terça-feira à Otan que “pare de atribuir a culpa” da guerra na Ucrânia, depois que Stoltenberg acusou o país asiático de agravar o conflito com o seu apoio à Rússia.
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, fez um apelo à comunidade internacional para contra-atacar a “amizade” entre Putin e Kim com o aumento dos envios de armas a Kiev.
“A melhor forma de responder a isso é continuar fortalecendo a coalizão diplomática para uma paz justa e duradoura na Ucrânia e fornecer mais […] munições para a Ucrânia”, disse Kuleba à AFP.
‘Irmão de armas’
A visita de Putin acontece nove meses depois de Putin receber Kim no extremo leste russo, onde ambos os líderes trocaram muitos elogios, mas não fecharam – pelo menos oficialmente – nenhum acordo.
Em março, a Rússia utilizou seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para encerrar o sistema de monitoramento das sanções impostas à Coreia do Norte, que foram instauradas principalmente por causa do programa nuclear de Pyongyang.
Algumas horas antes da chegada de Putin a Pyongyang, dezenas de soldados norte-coreanos atravessaram brevemente a fronteira fortificada com a Coreia do Sul, mas recuaram rapidamente após os tiros de advertência, um incidente que o comando militar de Seul considera que foi acidental. Este foi o segundo incidente similar em menos de duas semanas.
Coreia do Sul acompanha a visita
A Coreia do Sul afirmou que “acompanhou de perto os preparativos” da visita de Putin. Seul forneceu uma ajuda militar significativa à Ucrânia, país que o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol visitou no mês passado, e aderiu às sanções ocidentais adotadas contra Moscou. O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yoel, visitou a ex-república soviética no mês passado.
Putin apresenta sua ofensiva na Ucrânia como uma batalha contra a hegemonia americana no cenário internacional.