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quarta-feira 9 de fevereiro de 2022 às 15:01h

VÍDEO: Vereadores brigam após acusação de pedido de emprego a dois parentes

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Dois vereadores brigaram durante sessão da Câmara de Jacutinga (MG), cidade a 471 km de Belo Horizonte. A discussão começou depois que Júlio Dedão (Solidariedade) acusou Guilherme Corrêa (PRB) de pedir ao prefeito Melquíades de Araújo (Solidariedade) emprego para dois parentes. Corrêa nega e declara que seu irmão trabalha na prefeitura por ter passado em um processo seletivo.

A presidência da Casa disse que vai encaminhar o caso para o jurídico e ao Conselho de Ética, e a apuração pode terminar em perda de mandato.

A confusão se deu na primeira sessão ordinária de 2022, quando os parlamentares debatiam um projeto para criar o cargo de assessor de imprensa no Legislativo.

Assista ao vídeo:

O assunto estava sendo discutido em segundo turno. O vereador Corrêa se mostrou contrário ao projeto alegando aumento dos gastos públicos.

“Tenho certeza que, se batermos de casa em casa aqui em Jacutinga, fizermos uma pesquisa, a pesquisa vai dar não, não cria esse cargo. Eu sou totalmente contrário”.

Em seguida, foi rebatido por Dedão, que acusou o colega de discordar do cargo a ser criado, mas ter, segundo ele, pedido ao prefeito emprego para dois parentes.

“Aqui nós estamos criando um cargo, não estamos criando emprego por enquanto. Agora, você ir lá pedir para o prefeito para colocar um irmão e uma cunhada lá na prefeitura ganhando, pode, né.”

Nesse momento, ouve-se Corrêa pedir “respeito”. Em seguida, a filmagem mostra que ele parte para cima de Dedão, que reage: “Dá, dá para você ver”.

Palavrões são proferidos, para espanto de alguns vereadores, enquanto outros tentam apartar a briga.

A transmissão em vídeo é interrompida, mas o áudio continua e é possível para ouvir pessoas gritando e discutindo.

No retorno da sessão, minutos depois, Corrêa disse que iria acionar a comissão de ética da Casa. “As providências serão tomadas aqui dentro dessa Casa, para não ter que cometer alguma outra burrada. A gente vai acionar o jurídico, a gente vai acionar a comissão de ética, e eu peço desculpas, isso não era para ter acontecido.”

E diz que ali as pessoas distinguem “os homens das crianças, quem tem berço e quem não tem”. Nesse momento, o presidente da Câmara pede que ele se atenha ao projeto em discussão.

Júlio Dedão, que é secretário da mesa diretora do legislativo municipal, retomou a palavra depois, mas não se referiu à briga.

“Não fui para bater nele”, diz Corrêa

Em conversa com o UOL, Corrêa disse que seu irmão passou por um processo seletivo para ocupar o cargo de fiscal na prefeitura e nega que tenha pedido ajuda ao prefeito nesse caso.

“Foi uma seleção com pessoas de várias cidades, ele passou, e eu nunca pedi emprego a nenhum prefeito”, afirmou o vereador que está no segundo mandato.

Ele admite que perdeu a cabeça no momento da acusação feita por Dedão, mas nega que tenha havido agressão. “Ninguém encostou em ninguém, eu não fui para bater nele”.

Corrêa declarou que vai se defender no processo que deve ser aberto internamente e que o colega terá de comprovar o que disse. “Vai ter que ser provado judicialmente”.

Dedão diz que foi agredido fisicamente

O vereador Júlio Dedão disse ao UOL que as explicações foram dadas em um vídeo de 39 segundos gravado por ele.

Na filmagem, o parlamentar começa dizendo que quer esclarecer os fatos para a população e a imprensa e apresentar a sua versão.

“Estávamos discutindo um projeto de lei de autoria da mesa diretora, na qual eu faço parte, e durante o debate do projeto, durante o uso da minha palavra, o vereador Guilherme Corrêa dirigiu até a minha cadeira e começou a me agredir fisicamente, e demais vereadores separaram. Estou formalizando a denúncia escrita, que será encaminhada ao presidente, para futuras providências, seguindo o regimento interno da Câmara

Presidente da Câmara vai pedir mais imagens

O presidente da Casa, Ricardo Panizolo (PTB), disse ao UOL que, até o final da semana, vai encaminhar o caso para a procuradoria e o conselho de ética.

Ele afirmou que houve agressão, apesar de as imagens disponíveis não mostrarem claramente, e que uma das pessoas que ajudaram a apartar a briga foi o vice-presidente.

A gravação do circuito de câmeras, com outros ângulos da confusão, vai ajudar na apuração, segundo o vereador. “Requisitei as imagens internas da Câmara e vou assistir. Pode terminar com cassação, mas depende do colegiado”.

Para Panizolo, a provocação feita por Júlio Dedão não justifica a agressão, mas ele afirma que os envolvidos vão ter o direito de se defender.

De acordo com o parlamentar, o projeto passou por 7 votos a 4 no primeiro e segundo turnos, com aval do jurídico do legislativo, e o cargo criado tem salário de R$ 2,7 mil, com o objetivo de melhorar a comunicação institucional.

A prefeitura de Jacutinga não vai emitir um posicionamento sobre o episódio.

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