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quarta-feira 2 de junho de 2021 às 16:47h

Vacina para covid: que países aplicaram as 2 bilhões de doses fabricadas até agora?

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É um marco positivo em meio à enxurrada de eventos negativos na pandemia global.

Fomos da descoberta de um novo vírus mortal e da declaração de uma pandemia, para a fabricação de dois bilhões de doses de vacina em tempo recorde.

A boa notícia é que, supondo que as previsões se concretizem, deve haver doses suficientes para vacinar totalmente os 5,8 bilhões de adultos do mundo até o final do ano.

A má notícia é que a fabricação concentrada geograficamente em um pequeno número de países está ameaçando a ideia de que as vacinas precisam ser compartilhadas por todos.

Então, como estão as coisas? Aqui estão alguns fatores-chave que afetam a disponibilidade da vacina no mundo.

A localização é importante

Após um início instável, o ritmo de produção de vacinas deve aumentar no terceiro e quarto trimestres deste ano, de acordo com especialistas.

Mais de 12 bilhões de doses poderão ser fabricadas este ano, de acordo com o Global Health Innovation Center (GHIC) da universidade americana Duke University.

E a Airfinity, uma empresa de análise que monitora a produção e o fornecimento de vacinas, estima que a produção em 2021 chegará a pouco mais de 11,1 bilhões de doses.

Isso seria suficiente para garantir as 10,82 bilhões de doses necessárias para inocular 75% da população global com cinco anos ou mais, observa o Airfinity.

Mas a pandemia está mostrando que “não temos uma rede de manufatura saudável e bem distribuída em todo o mundo”, disse Andrea Taylor, diretora assistente de programas do GHIC, à BBC.

“A localização da fabricação realmente importa. A maior parte de nossa capacidade de fabricação está concentrada nos EUA e na Europa, e esses são os lugares que estão recebendo as primeiras doses de vacina — porque eles as estão produzindo e podem usar ferramentas, como restrições à exportação, para garantir que suas populações recebam prioridade antes do mercado mundial.”

Desafios da cadeia de suprimentos

A cadeia de suprimentos de fabricação de vacinas está passando por dificuldades no que diz respeito ao acesso às matérias-primas, bem como ao tempo que leva para se compartilhar tecnologia e experiência entre os países.

Como resultado, muitas fábricas que deveriam estar produzindo novas doses estão atualmente offline (veja o mapa).

Grafico da BBC

E as próprias vacinas estão sendo afetadas por essas restrições de maneiras diferentes.

A Airfinity estima que três vacinas dominarão a oferta global neste ano: a Pfizer/BioNTech com 2,47 bilhões de doses, a Oxford/AstraZeneca com 1,96 bilhão de doses e a Sinovac com 1,35 bilhão de doses.

Até agora, tanto a Pfizer quanto a Sinovac conseguiram manter seus objetivos iniciais de produção.

Mas a AstraZeneca havia anunciado originalmente planos para produzir três bilhões de doses este ano. Para que isso acontecesse, a empresa contava com parceiros para fabricar a vacina em diversas localidades, o que exige transferência de tecnologia e expertise.

Taylor diz que “esses problemas demoraram muito mais para serem resolvidos no caso da AstraZeneca”.

“E acho que estamos vendo isso com outras vacinas também, que estão tentando funcionar por meio de transferência de tecnologia e têm parceiros globais. Leva mais tempo para começar a funcionar.”

Já a Pfizer e a Sinovac, ao contrário, fabricam suas vacinas de ponta a ponta, sem depender de parceiros.

Vacinas para a população doméstica

Restrições impostas às exportações também estão afetando a distribuição geográfica das vacinas.

Matt Linley, analista sênior da Airfinity, disse à BBC que alguns problemas estão deixando os países em desenvolvimento particularmente expostos.

“Espera-se que a Pfizer produza a maioria das doses, mas todas elas estão indo para países ricos que as compram. A AstraZeneca está sendo produzido em grande escala na Europa e na Índia, mas essas doses ficam por lá”, diz ele.

De acordo com a Airfinity, apenas a China está exportando vacinas em grande escala, tendo enviado 263 milhões de doses para o exterior — ultrapassando de longe o esquema de compartilhamento de vacinas liderado pela ONU, Covax.

“A China certamente está tendo uma grande influência” na distribuição, enquanto a Rússia “prometeu muito e não cumpriu”, diz Linley.

Grafico da BBC

De acordo com a Airfinity, pouco mais de 42 milhões de doses do Sputnik V da Rússia foram produzidas até 17 de maio, com 13 milhões exportadas.

A vacina Sputnik V está enfrentando o mesmo tipo de restrições resultantes de acordos de transferência de tecnologia: a Rússia havia contratado inicialmente 18 unidades de fabricação em todo o mundo, mas apenas uma — no Cazaquistão — está produzindo doses fora da Rússia.

As autoridades indianas anunciaram que a Sputnik V seria produzida na Índia a partir de agosto, com uma meta de fabricar 850 milhões de doses.

‘Sem plano de contingência’

Grande parte do mundo em desenvolvimento estava contando com suprimentos da vacina AstraZeneca do indiano Serum Institute, que produz 60% das vacinas do mundo todo ano fora da pandemia.

Mas a Índia começou a restringir as exportações de vacinas para combater sua própria onda letal de covid-19, cortando as doses destinadas a países de baixa e média renda.

A “dependência excessiva da Índia deixou nosso suprimento global muito vulnerável”, diz Taylor.

“O fracasso deste plano é gritante e simplesmente não há um plano de contingência. Não há outro Serum Institute em qualquer outro lugar do mundo que poderia assumir [a produção]. “

Essa interrupção também afetou a iniciativa Covax, que tem como objetivo abastecer os países mais pobres e equilibrar a distribuição de vacinas em todo o mundo.

A Covax pretende fornecer cerca de dois bilhões de doses até o final de 2021, permitindo que pelo menos 20% da população de cada país participante seja vacinada, com prioridade para grupos de risco, como profissionais de saúde.

Mas até agora ela despachou apenas 72 milhões de doses para 125 países, de acordo com a Unicef.

Compartilhamento de vacinas

Apesar de se falar em “diplomacia de vacinas” e “solidariedade com vacinas”, poucos países se mostraram dispostos — ou capazes — de enviar remessas para o exterior.

Se as entregas seguirem o cronograma, a Airfinity estima que até o final de 2021 haverá 2,6 bilhões de doses em excesso em estoque ao redor do mundo — uma quantidade maior que toda a meta de distribuição da Covax para 2021.

A União Europeia e cinco outros países (EUA, Japão, Reino Unido, Brasil e Canadá) serão responsáveis por mais de 90% desse superávit.

Linley diz que compartilhar essas doses via Covax fortaleceria substancialmente a iniciativa e garantiria que as pessoas mais vulneráveis em todos os países fossem protegidas.

No entanto, ele diz que é difícil saber o que vai acontecer, porque alguns governos em países de alta renda já estão considerando dar vacinas de reforço em suas populações e expandir a cobertura para incluir adolescentes.

Grafico da BBC

“Muitos dos países que estão muito à frente em termos de vacinação de populações fizeram acordos bilaterais para além de suas populações”, disse Ann Ottosen, gerente sênior do Centro de Vacinas da Divisão de Abastecimento da Unicef, à BBC por e-mail.

Até 21 de maio, os países de alta renda haviam feito 54% de todos os pedidos, embora representem apenas 19% da população, de acordo com o GHIC.

“Os países de renda mais alta precisam compartilhar urgentemente suas doses com os países de baixa renda no curto prazo para preencher as lacunas de abastecimento”, diz Ottosen.

BBC

Os países demoraram para reagir ao problema.

Os EUA anunciaram que vão compartilhar 60 milhões de doses da vacina AstraZeneca, que ainda não foi aprovada para uso lá. O presidente Joe Biden disse que seriam distribuídas 20 milhões de doses adicionais da vacina aprovada pelos EUA.

A França disse que doará 500 mil doses à Covax até o final de junho.

“Estamos no centro da maior e mais rápida expansão de desenvolvimento, produção e distribuição de vacinas da história. O acesso aos suprimentos de vacinas é o maior desafio que enfrentamos “, diz Ottosen.

Enquanto os líderes globais de saúde estão discutindo maneiras de diversificar a manufatura — especialmente em países de baixa e média renda — para atender às necessidades de uma distribuição mundial, menos opções estão disponíveis no curto prazo.

“Para interromper a fase de pandemia, o fornecimento limitado de vacinas no momento precisa ser melhor distribuído para garantir a equidade”, diz Ottosen.

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