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sábado 1 de outubro de 2022 às 16:32h

Uso de antidepressivos comuns pode aumentar risco de doenças cardíacas, diz estudo

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O uso prolongado de antidepressivos pode aumentar o risco de doenças cardíacas, de acordo com estudo de revisão publicado em 13 de setembro no periódico científico British Journal of Psychiatry Open. Ainda assim, a recomendação é que não se deixe de tomar os medicamentos por conta própria. As informações são IstoÉ Dinheiro.

A pesquisa liderada pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, encontrou uma preocupante associação entre a ingestão por mais de 10 anos de remédios para depressão e o aumento no aparecimento de problemas do coração e de mortes por doença cardiovascular e por qualquer causa.
O estudo recém-divulgado analisou oito antidepressivos: citalopram, sertralina, fluoxetina, paroxetina, mirtazapina, venlafaxina, duloxetina e trazodona.

Os pesquisadores analisaram informações de 220.121 pessoas de 40 a 69 anos (maioria mulheres) que participaram do banco de dados UK Biobank, que incluía registros de saúde.

Como mostra o jornal britânico, a maioria dos antidepressivos usados pelos voluntários (cerca de 80%) era do tipo inibidores de recaptação da serotonina (“hormônio da felicidade”), como citalopram e fluoxetina
A pesquisa comparou os pacientes que usavam esses medicamentos ao público que não tomava remédio para depressão. Após 10 anos de acompanhamento, aqueles que usavam antidepressivos inibidores tiveram risco 34% maior de doença cardíaca, quase 50% mais chance de morte cardiovascular e 73% de morte por qualquer causa, revela o The Independent.

Para os antidepressivos que não são inibidores de recaptação da serotonina, todos os riscos foram em torno de 50%.

“Os antidepressivos, e especialmente os inibidores, podem ter um bom perfil de segurança a curto prazo, mas estão associados a resultados adversos a longo prazo. Isso é importante porque no aumento significativo da prescrição nos últimos 20 anos está associado ao uso de longo prazo”, dizem os cientistas no estudo, citados pelo jornal britânico.

Por outro lado, os resultados apontam que esses medicamentos, particularmente os inibidores, estão associados a uma redução de 23% a 32% no risco de desenvolvimento de pressão alta e diabetes, embora sejam necessárias mais pesquisas para comprovação.

Os especialistas procuraram controlar fatores que poderiam influenciar as análises, como problemas pré-existentes que aumentam o risco de doenças cardíacas.

De acordo com a pesquisadora Narinder Bansal, da Universidade de Bristol, principal autora do estudo, citada pelo The Independent, as pessoas não devem parar bruscamente o uso de antidepressivos e precisam conversar com seus médicos, caso tenham dúvidas sobre os efeitos dos medicamentos no sistema cardiovascular.

“Embora tenhamos levado em consideração uma ampla gama de fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo os ligados à depressão, como excesso de peso, tabagismo e baixa atividade física, é difícil controlar totalmente o efeitos da depressão neste tipo de estudo, especialmente porque há muitas discrepâncias nos registros da severidade da depressão nos serviços de atenção primária à saúde”, comenta a pesquisadora.

Ela lembra que esses dados são importantes porque muitas pessoas que tomam antidepressivos não inibidores, como mirtazapina e duloxetina, podem ter quadros mais graves de transtorno depressivo maior.

“Isso torna difícil separar totalmente os efeitos da depressão dos resultados da medicação. Mais pesquisas são necessárias para avaliar se as associações que vimos são genuinamente devidas às drogas e, em caso afirmativo, por que isso pode acontecer. Enquanto isso, nossa mensagem para os médicos é que a prescrição de antidepressivos a longo prazo pode não ser isenta de riscos”, diz Narinder ao jornal britânico.

Ela sugere que seja feito “monitoramento cardiovascular proativo” em pacientes que tomam antidepressivos por muito tempo.

É importante ressaltar que, como o estudo é observacional, não é capaz de explicar porque esses medicamentos estão associados ao risco aumentado de problemas cardíacos.

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