O Twitter anunciou nesta última segunda-feira (4) que vai aplicar regras adicionais para as eleições brasileiras marcadas para outubro. Entre as novidades, segundo Marlen Couto, na coluna Sonar, mecanismos para combater conteúdos que levam a população a não participar das eleições, além de uma etiqueta para indicar perfis de candidatos a deputado federal, senador, governador e presidente. O anúncio ocorre meses após as maiores plataformas em operação no país firmarem parcerias com o TSE para o combate à desinformação nas eleições de outubro.
O Twitter contará com uma “política de integridade cívica” para o pleito, uma medida temporária com o objetivo de prevenir o uso da rede social na interferência das eleições. Segundo a plataforma, nem todas as informações falsas ou inverdades sobre política ou atos cívicos estão incluídas nessa política. As regras adicionais vão combater especificamente conteúdos que enganam com o propósito de levar a população a não participar das eleições ou que prejudiquem a confiança no processo eleitoral, como alegar adulteração de votos e fraude nas urnas, ou incitar condutas ilegais para impedir a implementação dos resultados do pleito.
— É uma camada extra de proteção. Não é permanente, mas temporária, e vai durar tanto quanto necessite o processo de integridade cívica, que no caso do Brasil é as eleições — informou ao GLOBO a líder da área de políticas públicas do Twitter, Daniele Kleiner.
O objetivo é, segundo a rede social, garantir que o debate público que acontece no Twitter “não prejudique o exercício, o direito e a responsabilidade das pessoas de votar”. Contas que violarem as regras sobre integridade cívica ficam suscetíveis a punições diversas já aplicadas hoje no Twitter, desde a exclusão do conteúdo, redução de alcance a selos com contextos adicionais sobre o tema.
— Há um conjunto de ações que são possíveis de serem aplicadas. O Twitter não trabalha com uma noção binária sobre desinformação, de remoção ou não remoção. Existem casos em que sim, a remoção é importante, porque é um conteúdo altamente prejudicial. Existem outros casos em que pode ser a medida mais adequada friccionar a pessoa com informação de qualidade. Também temos a possibilidade de reduzir o alcance de determinados conteúdos, se acharmos que são nocivos. Dependerá do caso, da gravidade, da escala. Nós temos um conjunto de medidas que podemos tomar — enfatizou Kleiner.
No mês passado, o YouTube anunciou que passou a proibir vídeos com conteúdo enganoso afirmando que houve fraude nas eleições de 2018. Pela nova regra no YouTube, ficam proibidos vídeos com conteúdo enganoso afirmando que houve fraude nas eleições de 2018, além de alegações falsas de que os votos foram adulterados. No entanto, até a semana passada, a live de Bolsonaro com falsas alegações de fraude nas urnas seguia no YouTube 8 dias após proibição. Segundo o YouTube, a demora é explicada pelo fato de a maior parte dos vídeos que violam regras ser detectada pela primeira vez por meio de sistemas automatizados. A avaliação interna é que o processo vai se aperfeiçoar com o tempo.
Etiqueta de candidato
O Twitter também anunciou que vai incluir etiquetas em contas de candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A plataforma quer, com a medida, dar mais contexto às pessoas sobre quem está concorrendo aos postos no Executivo e Legislativo. A plataforma vai indicar o estado em que o político concorre a um cargo e se baseará em dados públicos dos registros de candidatos no TSE. As etiquetas nos perfis de candidatos não serão opcionais, e só serão removidas alguns dias depois do último turno da eleição.
A rede também vai criar uma página na “Central de Ajuda” do Twitter com novidades sobre suas ações relacionadas às eleições, e que contará com uma seção especial sobre o pleito, semelhante à de Covid-19, com os fatos mais recentes no topo da aba “Explorar” (acessado pelo símbolo da lupa). A ideia é dar mais visibilidade e facilitar o acesso a tuítes com informações confiáveis e de fontes de credibilidade em seus espaços com curadoria de conteúdo.
Outra frente de atuação serão os treinamentos. A rede vai treinar funcionários do TSE e dos tribunais regionais eleitorais (TREs) sobre funcionalidades e ferramentas da plataforma. Também serão oferecidos ao longo do ano cursos sobre boas práticas e segurança para jornalistas em diferentes regiões do Brasil, organizações da sociedade civil, partidos políticos, autoridades e agências de checagem de fatos.
O Twitter não é a primeira plataforma a anunciar mudanças de regras sobre temas eleitorais para o pleito deste ano. No mês passado, o YouTube anunciou que passou a proibir vídeos com conteúdo enganoso afirmando que houve fraude nas eleições de 2018. As medidas ocorrem após as maiores plataformas em operação no país firmarem parcerias com o TSE para o combate à desinformação nas eleições de outubro.