No momento em que o governador João Doria (PSDB), cotado como presidenciável tucano, acirra o antagonismo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e lidera o bloco de governadores de oposição, a cúpula do PSDB é pressionada internamente a subir o tom na oposição ao Palácio do Planalto e reforçar o distanciamento com o ex-deputado federal Rogério Marinho (PSDB), que assumiu o cargo de ministro do Desenvolvimento Regional.
Embora tenha se licenciado do partido, Rogério Marinho ainda é muito identificado com o PSDB e comanda politicamente o diretório no Rio Grande do Norte.
A bancada tucana está alinhada com a pauta econômica de Bolsonaro, mas há desconforto entre líderes da legenda em relação à falta de posicionamentos mais duros diante de declarações polêmicas e ações do presidente. Em conversas reservadas, quadros históricos do PSDB cobram que o partido reforce que Marinho é parte da cota pessoal do presidente.
“Existe uma série de temas que são muito caros ao eleitorado do PSDB que estão sendo agredidos pelo governo: meio ambiente, cultura, educação, direitos humanos. Não vejo no plano nacional uma manifestação a altura da gravidade dos temas”, disse ao Estado o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira. O presidente do diretório paulista do PSDB, Marco Vinholi, segue na mesma linha. “O PSDB deixou claro sua independência em relação ao governo desde o primeiro dia. Não compactuamos com extremismos, que se tornam cada vez mais comuns na pauta governista”, disse Vinholi.
Ele e Aloysio participaram na semana passada de uma palestra na capital paulista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na qual o tucano defendeu ações mais efetivas nas redes sociais. Ativo nas redes, FHC, que defendeu os governadores e criticou Bolsonaro, é um dos defensores da tese de que o PSDB deve ir para a ofensiva e deixar a era “analógica”.