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Trump tem chances de reverter resultados pedindo recontagem dos votos?

Foto: Reprodução/Reuters
quinta-feira 5 de novembro de 2020 às 21:18h

Com mais de 99% das urnas apuradas, Wisconsin, um dos três grandes Estados-pêndulo no Meio-Oeste americano, projeta vitória do democrata Joe Biden sobre o presidente Donald Trump na eleição.

Biden lidera por pouco mais de 20 mil votos e, por isso, levaria os 10 delegados do Estado no Colégio Eleitoral. Mas, dois dias depois da eleição, a definição no Wisconsin pode ainda estar longe de ser obtida, mesmo que 100% dos votos sejam apurados. Isso porque a campanha do republicano Trump anunciou que irá pedir recontagem dos votos.

“O Wisconsin tem sido uma corrida acirrada como sempre soubemos que seria. Tem havido relatos de irregularidades em vários Condados, que levantam sérias dúvidas sobre a validade dos resultados. O presidente está dentro do limite para solicitar uma recontagem, e faremos isso imediatamente”, afirmou o gerente da campanha Bill Stepien, em nota, sem mencionar especificamente quais seriam as “irregularidades” a que se referiu.

Até o momento, não há qualquer evidência sólida de fraude eleitoral.

Nos Estados Unidos, cada unidade da federação tem suas próprias regras para votação e apuração. Pela lei do Wisconsin, qualquer candidato pode pedir recontagem dos votos, sem necessidade de recorrer à Justiça, desde que a diferença entre ele e seu oponente seja menor de 1%.

“No Arizona e na Geórgia, onde a apuração ainda não terminou, a distância entre os dois candidatos pode ser ainda menor, o que torna bastante provável um pedido de recontagem também ali”, afirmou à BBC News Brasil o estatístico Jonathan Hanson, professor de política na Universidade de Michigan e ex-assessor legislativo no Congresso.

A Geórgia garante que candidatos possam pedir nova apuração em caso de derrota por menos de 1%, e o Arizona assegura recontagem automática caso haja resultado com margem inferior a 0,1%.

A recontagem pode mudar o cenário?

Há, no entanto, dúvidas se o presidente Trump irá mesmo seguir com o plano da recontagem, e não só porque o custo da empreitada pode chegar a US$ 3 milhões (R$ 16,6 milhões), conforme projeção do jornal The New York Times, que teria que ser bancado pela campanha do republicano.

Mas também, e especialmente, porque há pouca chance de que uma recontagem possa realmente mudar o atual resultado favorável a Biden.

Essa advertência foi feita ao presidente por um de seus aliados, o republicano Scott Walker, ex-governador de Wisconsin, via Twitter: “Após recontagem na corrida presidencial de 2016 em Wisconsin, os números aumentaram em 131. Como eu disse, 20 mil votos é um grande obstáculo”.

Walker se refere a uma recontagem pedida pela então candidata do partido verde, Jill Stein, que tinha como objetivo reduzir a margem a favor do então candidato Donald Trump, que venceu no Wisconsin há 4 anos, com diferença de votos a favor muito semelhante à margem pela qual está perdendo agora: 22.617 votos sobre a democrata Hillary Clinton.

Ao final da recontagem, as autoridades eleitorais do Wisconsin encontraram 131 votos a mais… para Trump.

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