Em meio à pandemia de Covid-19 no mundo, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (29) o rompimento do país com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Trump disse que os EUA vão destinar os recursos destinados à entidade para outras fundações de saúde ao redor do mundo.
Trump culpou a conduta da OMS diante da pandemia do novo coronavírus na China como parte do motivo para o rompimento. Os EUA são o maior contribuinte de recursos à organização — segundo o Banco Mundial, em 2019, o país destinou mais de US$ 400 milhões à entidade, cerca de 15% do orçamento da OMS naquele momento.
Os EUA são o país mais afetado, em números absolutos, pela Covid-19. Segundo a universidade Johns Hopkins, que monitora casos da doença ao redor do mundo, já houve 1,7 milhão de casos do novo coronavírus nos EUA, deixando mais de 100 mil mortos.
A decisão também tem como pano de fundo as críticas que o governo Trump sofreu por sua condução da crise provocada pela pandemia em pleno ano eleitoral nos EUA — o presidente vai disputar a reeleição.
Em abril, uma reportagem da TV americana ABC revelou que integrantes da Inteligência americana haviam alertado sobre a ameaça do novo coronavírus já em novembro de 2019, quando o vírus ainda não tinha saído da China. As informações foram repassadas múltiplas vezes para a Casa Branca, Agência de Inteligência do Governo e para o Pentágono, sede do Departamento de Defesa.
Também em abril, o médico Anthony Fauci, integrante da força-tarefa da Casa Branca contra a Covid-19, afirmou que ter iniciado o isolamento social mais cedo nos EUA teria prevenido mortes no país.
Questionado por que Trump não recomendou o distanciamento social até o meio de março, cerca de três semanas após os especialistas de saúde do país recomendarem que isso deveria ter sido feito, Fauci afirmou que “às vezes, a recomendação é aceita, às vezes não”.
Rompimento
Foi justamente em abril, em meio à crescente de críticas, que Trump decidiu suspender as contribuições dos EUA à OMS, acusando-a de promover a “desinformação” da China sobre a pandemia de coronavírus e dizendo que sua administração faria uma revisão da entidade. Representantes da OMS negaram as acusações, e a China insistiu que foi transparente e aberta.
Há menos de duas semanas, Trump chegou a dizer que considerava restabelecer parte do financiamento americano à OMS, mas em um volume muito menor — cerca de 10% do volume anterior.
Hoje, ao anunciar o rompimento, Trump voltou a falar sobre a necessidade de reformas, mas sem dar detalhes sobre quais seriam elas.
“Nós detalhamos as reformas que [a OMS] deve fazer e tratamos com eles diretamente, mas eles se recusaram a agir. Como eles falharam em fazer as necessárias e pedidas reformas, hoje vamos encerrar nosso relacionamento com a Organização Mundial de Saúde, e redirecionar esses fundos para outras necessidades globais urgentes de saúde pública”, afirmou Trump.
Segundo o presidente, “o mundo precisa de respostas da China sobre o vírus” e que transparência é necessária.
Até as 16h15 (horário de Brasília), não havia manifestação da OMS sobre o anúncio de Trump no site da organização ou em suas redes sociais.