O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista à TV Globo neste sábado (16) que a aprovação da reforma tributária pela Câmara nesta última sexta-feira (15) demonstra “maturidade” da classe política para lidar com as divergências ideológicas no Congresso.
Lula deu a declaração depois de participar da cerimônia de assinatura de contrato para a construção de habitações populares em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. As informações são de Luiz Felipe Barbiéri, Gustavo Garcia, Graziela Azevedo, g1 e TV Globo.
Concluída a votação no Congresso Nacional, a reforma tributária vai para promulgação, e será incorporada à Constituição. Entre os principais pontos, estão a criação do Imposto Sobre Valor Agregado (IVA); a definição de uma cesta básica nacional isenta de impostos; e a instituição do Imposto Seletivo, chamado de “imposto do pecado” (veja mais detalhes aqui).
“Essa semana foi uma demonstração de que é possível a gente fazer política com a diversidade, conseguindo aprovar as coisas de interesse do país. O fato de ter aprovado a reforma tributária ontem [sexta-feira] é um fato histórico nesse país, porque é a primeira vez que se aprova a reforma tributária num regime democrático. E foi aprovada com todas as divergências, todas as tendências possíveis dentro do Congresso”, disse Lula à TV Globo.
“Eu acho que é uma demonstração de maturidade . Eu acho que apesar das divergências , de sermos de direita, de esquerda, do centro, do meio, tem uma hora que as pessoas têm que refletir sobre o Brasil”, completou o presidente
Antes disso, durante discurso no evento, Lula afirmou que a aprovação da reforma foi um “fato histórico” para o Brasil (veja no vídeo abaixo). E elogiou a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na coordenação das negociações em torno da proposta.
Apoio a Padilha
No discurso na cerimônia em Iatquera, Lula, além de elogiar Haddad, deu apoio ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Responsável pela articulação política do governo junto ao Congresso Nacional, Padilha tem sido alvo de críticas de caciques do Centrão, que cobram liberação de emendas e o cumprimento de acordos fechados com os parlamentares.
“Quero agradecer ao Padilha. O Padilha tem uma função especial, ele é coordenador do governo junto ao Congresso. É o cara que mais apanha, o cara que é mais cobrado, porque ele vai fazer acordo, ele fica prometendo coisa, depois a gente não pode entregar a coisa que ele promete”, disse Lula.
“Aí as pessoas querem dificultar a votação, aí tem que entrar o Haddad, tem que entrar o Wagner. Aí, por último, quando não tem mais jeito, tem que entrar eu, para atender a demanda que ele prometeu e que a gente tem que cumprir. Sou de uma geração que, quando a gente promete, a gente cumpre”.
Mais cedo neste sábado, em uma rede social, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também falou sobre a aprovação da reforma tributária. Lira afirmou que o texto aprovado não é “perfeito”, mas o “possível” neste momento.
O deputado disse ainda que, com a medida, o país terá sistema “moderno, enxuto e eficiente”.
Triplex do Guarujá
No discurso deste sábado, Lula também falou sobre as características do conjunto Copa do Povo, que será construído em Itaquera com recursos federais, estaduais e municipais. O presidente disse que o empreendimento contará com apartamentos de 68 metros quadrados e varanda.
Nesse momento, o petista lembrou o caso do triplex no Guarujá (SP), pelo qual foi condenado na Lava Jato pelo ex-juiz Sergio Moro – que atualmente é senador pelo União Brasil do Paraná. A condenação acabou anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“O custo estimado de cada apartamento [que será construído no Copa do Povo] é de R$ 216 mil. Até eu posso comprar um desses. Eu nunca tive apartamento com varanda, nem o triplex que eles disseram que era meu era meu. E eu nunca pude ir naquele maldito triplex”, disse.
Fotos divulgadas em 2016, no entanto, mostram que Lula visitou o local em 2014.