domingo 28 de abril de 2024
O ministro Alexandre de Moraes, do STF - Foto: Evaristo Sá - 20.set.2023/AFP
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sexta-feira 1 de março de 2024 às 18:38h

Trama golpista: Investigados calculam desgaste com Moraes e deixam até pronta mala pra cadeia

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Os mais de 20 alvos da operação envolvendo uma trama golpista instalada no seio do governo Jair Bolsonaro podem divergir da melhor estratégia jurídica para lidar com a apuração – como ficar ou não em silêncio nos depoimentos –, mas um ponto ao menos é consensual: o que já veio à tona é só a ponta do iceberg de uma investigação que ainda deve produzir novas fases e até mesmo mais delações premiadas com potencial para complicar o ex-presidente e o seu entorno. As informações de Malu Gaspar, do jornal, O GLOBO.

Nesta sexta-feira, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes é o último dos ex-chefes das Forças Armadas a prestar depoimento à PF, depois que a operação Tempus Veritatis revelou uma série de evidências da participação de Bolsonaro, ex-ministros e oficiais das Forças Armadas em uma tentativa de golpe de Estado.

Até aqui, mais de 20 pessoas já prestaram depoimento à Polícia Federal. O temor de parar atrás das grades é tão grande que um dos investigados se preparou para o pior: chegou para prestar depoimento, na semana passada, com uma mala de mão preparada para o caso de ser dada uma ordem de prisão e ele ter que sair da PF direto para a cadeia.

“Ainda nem começou a investigação de fato, e muitos acham que vão ser detidos”, diz um dos advogados que acompanham de perto os desdobramentos do caso.

Entre os defensores de oficiais das Forças Armadas e ex-integrantes do governo Bolsonaro impera a certeza de que a operação deve ter uma segunda fase, com mais medidas de busca e apreensão, atingindo novos alvos, após a análise do material coletado na primeira etapa.

Por isso, apesar da tensão e das queixas de falta de acesso às provas, os investigados têm feito cálculos para não comprar brigas desnecessárias nem criar desgastes antecipados com o relator do caso, o todo poderoso ministro Alexandre de Moraes.

Moraes deixou um recado contundente na semana passada, quando Bolsonaro tentou adiar o depoimento, sob a alegação de que não havia obtido acesso à íntegra das provas reunidas no caso.

O ministro do STF negou o pedido duas vezes, destacando que a defesa do ex-presidente teve “acesso integral aos elementos de prova já documentados nos autos”, ressalvados o acesso às diligências em andamento e à delação explosiva de Mauro Cid, que fundamentou a operação.

Alvo preferencial dos ataques dos bolsonaristas, Moraes afirmou que o Supremo já firmou o entendimento de que a negativa de acesso a termos de colaboração premiada antes do recebimento de denúncia — ou seja, antes de o Ministério Público Federal apresentar formalmente uma acusação – não configura cerceamento de defesa, uma vez que o investigado “não detém direito a acessar informações associadas a diligências em curso ou em fase de deliberação”.

“Se o Alexandre de Moraes já negou tudo pro Bolsonaro, por que eu, que sou menor numa escala de importância, vou tentar a mesma estratégia? Esse momento não é de fazer embate nem ir pro confronto com o ministro”, calcula um advogado.

Investigados e seus advogados têm afirmado que não ter acesso ao inteiro teor da delação de Mauro Cid nem ao resultado da operação de busca e apreensão dificulta a construção de qualquer linha de defesa.

Um dos receios é o de tentar emplacar uma versão que venha a ser facilmente desmentida por um áudio, gravação ou mensagem revelada com as quebras de sigilo.

A garantia do acesso a trechos sigilosos de investigações é uma das medidas que vêm sendo discutidas por lideranças do Congresso no âmbito da PEC da Blindagem, que prevê uma série de ações em retaliação ao Supremo, como o fim do foro privilegiado.

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