Segundo Julia Duailibi, do portal g1, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, se encontrou com empresários na segunda-feira (11) em São Paulo e, ao falar sobre o futuro da legenda nas eleições presidenciais deste ano, deixou duas certezas, na avaliação dos interlocutores: a de que João Doria não será candidato à Presidência pelo PSDB – mesmo com a carta emitida por ele dando a garantia nesse sentido – e que a tendência hoje é o partido indicar o ex-governador gaúcho Eduardo Leite para vice de Simone Tebet (MDB).
“Ele assassinou (eleitoralmente) Doria”, afirmou um dos presentes ao blog. Procurado, Araújo disse que suas declarações são as mesmas dadas a Doria em encontro recente com o ex-governador paulista: “O PSDB chega à mesa para uma construção política como o nome que foi aprovado pelas prévias do partido, o de João Doria. Essa é uma etapa dentro de um acordo maior com outros partidos. Nenhum candidato vai ter envergadura ou capilaridade para seguir sozinho. Nossa obrigação com o país é ter um candidato único.”
João Doria, governador de São Paulo ao lado do presidente do PSDB, Bruno Araújo
Veja abaixo os principais pontos abordados no encontro ocorrido na casa de João Camargo, presidente do Grupo Esfera.
1) Doria não pode ser candidato dele mesmo, precisa ter o apoio dos outros partidos que formaram o pacto pela terceira via, ou seja, do MDB, Cidadania e União Brasil. O pacto está num contexto maior que as prévias do PSDB. Portanto, a definição final será tomada pelos quatro partidos, independentemente das prévias que deram a vitória a Doria;
2) O candidato do pacto será escolhido pelas quatro legendas e será muito difícil Doria contar com o apoio dos outros partidos (embora o Cidadania diga que o candidato da federação firmada com o PSDB é Doria). Se Doria não pode ser candidato sozinho – já que o partido optou pelo pacto – e se ele não tem o apoio das demais legendas, sua candidatura estaria fatalmente comprometida;
3) Se os partidos do pacto optarem por um candidato de outra legenda para a cabeça de chapa, o PSDB não tem o compromisso de indicar Doria como vice. O compromisso seria com a candidatura a presidente, desde que ela fosse viabilizada com os demais partidos da terceira via. Nesse cenário, o partido poderia indicar Leite a vice de Simone;
4) Segundo os presentes, Araújo disse que Doria fez uma “chantagem” com ele e que, por isso, teve de divulgar a carta em que firmou o compromisso dele ser o candidato a presidente pelo PSDB. Se não desse a carta, contou, Doria não renunciaria, e a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) em São Paulo estaria fadada ao fracasso. “Enquadra a carta e põe na cabeceira dela”, afirmou o tucano, minimizando a importância do episódio, segundo relato dos presentes.