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segunda-feira 25 de setembro de 2023 às 06:10h

‘Torço para que o governo da Bahia dê certo’, diz líder do União Brasil

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O líder do União Brasil na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Marcinho Oliveira, afirma em entrevista ao jornal Tribuna que torce pelo sucesso do governo petista. “Não faço política do quanto pior, melhor. Na hora de criticar, a gente crítica, mas sem radicalismo”, ressalta.

Confira entrevista:

Tribuna  – Qual a avaliação que o senhor faz desses primeiros nove meses de governo Jerônimo, o senhor que é líder do maior partido de oposição na Assembleia, o União Brasil?

Marcinho Oliveira – Tenho buscado fazer uma oposição com os pés no chão, como é meu estilo, sem partir para ataques pessoais, mas apenas no campo da política. Torço para que o governo dê certo porque, se isso acontecer, será bom para todos os baianos. Não faço política do quanto pior, melhor. Na hora de criticar, a gente critica, mas sem radicalismo. Acho, por exemplo, que o governo precisa avançar e melhorar em áreas como a segurança e a saúde, que são dois grandes gargalos herdados pelo atual governador.

Tribuna  –  Na segurança, o senhor defende uma intervenção federal, como alguns colegas seus?

Marcinho Oliveira – Eu defendo que os governos estadual e federal enfrentem o problema juntos, de forma estratégica, enérgica e planejada, principalmente no que se refere ao combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado. É preciso uma ação articulada e focada também na inteligência e na valorização dos policiais. Acho que, de alguma forma, essa ação conjunta já tem acontecido, com as operações envolvendo os órgãos de segurança pública do Estado e a Polícia Federal. O fato é que a segurança precisa melhorar muito na Bahia, e todos reconhecem isso.

Tribuna  –  O senhor hoje é líder do União Brasil, mas tem participado de alguns eventos e inaugurações de obras no interior por Jerônimo. Como o sr. caracterizaria sua relação com o governo estadual?

Marcinho Oliveira – Eu fui votado em muitos municípios da Bahia. Tive o apoio de diversos prefeitos, e muitos votaram em Jerônimo, como aconteceu com outros colegas de oposição. Isso é normal. Acontece muito de o prefeito não votar no mesmo candidato a governador do deputado ou até do próprio partido, tanto no bloco da situação quanto da oposição. Quando sou convidado por um prefeito para o aniversário de 90 anos de uma cidade, com uma série de entregas, como aconteceu em Euclides da Cunha, eu não posso simplesmente deixar de ir só porque o governador estará presente. É um desrespeito às lideranças que me apoiaram e ao povo que votou em mim. De modo que minha relação é com o prefeito, com a liderança. Tem gente que utiliza isso para fazer tempestade em copo d’água, sendo que deveria ser visto com naturalidade.

Tribuna  –    Há informações que seus colegas de partido querem sua saída do posto. Qual a chance de isso ocorrer?

Marcinho Oliveira –   Não há nenhum tipo de conversa sobre mudança. Até porque meu mandato como líder vai até o final de janeiro de 2024. Aliás, tenho recebido o apoio dos colegas de bancada. Agora, se lá frente o entendimento do meu líder político, deputado federal Elmar Nascimento, for de que eu deva deixar a liderança mesmo antes do prazo, eu o farei sem problemas. O que aconteceu foi a queixa individual de um deputado do partido por conta de disputas políticas em municípios, a exemplo de Euclides da Cunha.

Tribuna  –   Como sempre acontece em todo governo, alguns deputados estaduais já reclamam de uma suposta falta de atenção do governo. Na sua percepção, como tem se dado a relação de Jerônimo com a Assembleia?

Marcinho Oliveira –   As queixas sobre essa falta de atenção são da base do governo, pelo que tenho acompanhado na imprensa e ouvido nas conversas em plenário. Ou seja, sobre essa insatisfação talvez fosse melhor consultar um dos parlamentares do governo, para uma resposta mais direta. No que se refere a mim, acredito que o tratamento dispensado pelo governador aos 63 deputados da Assembleia, e vice-versa, deve ser sempre respeitoso, republicano e institucional, pois defendo a autonomia constitucional dos Poderes.

Tribuna –  O senhor apresentou, pela segunda vez, um pedido de criação da CPI da ViaBahia na Assembleia. O primeiro requerimento foi arquivado por recomendação da Procuradoria da Casa. Acha que esse segundo pode ter destino diferente?

Marcinho Oliveira –   Essa CPI não é só uma solicitação do deputado Marcinho, mas de toda a Assembleia, dos deputados da oposição e do governo. É também uma demanda de toda a sociedade, que não aguenta mais o descaso da ViaBahia com os buracos, a falta de sinalização e de obras de duplicação previstas em contrato. Vidas estão sendo perdidas por conta disso e essa empresa nem deveria estar mais na Bahia. Acredito, sim, que dessa vez o pedido da CPI vai prosperar, porque ela deve funcionar agora de forma limitada, sem atuar sobre as questões que são de competência da União.

Tribuna –  A sucessão no comando da Assembleia é outro tema que surgiu nas últimas semanas. Concorda que Adolfo Menezes tenha um terceiro mandato?

Marcinho Oliveira –   Está muito cedo para tratar disso, afinal a eleição só acontece em 2025. Ainda temos, no caminho, uma eleição municipal. Vamos discutir no momento certo.

Tribuna –  Em relação a 2024, Bruno Reis é o favorito em Salvador? E quanto ao governo, vê algum nome competitivo entre os que são especulados, como Geraldo Júnior e Robinson Almeida?
Marcinho Oliveira 
–   Bruno Reis tem feito um excelente trabalho em Salvador. É uma gestão de referência para o país. É um dos melhores quadros do União Brasil e, tenho certeza, caminha para ter uma reeleição tranquila. Claro que eleição é disputa, e não se pode entrar de salto alto porque ninguém ganha de véspera. É preciso trabalhar firme, como o prefeito tem feito. É preciso fazer também as costuras políticas, conversar com os partidos para ampliar a base, fazer alianças, dialogar com as diversas correntes. Bruno também sempre soube fazer isso muito bem, e creio que vai intensificar no momento certo. Nós, deputados da oposição, devemos nos unir para ajudar Bruno e os nossos candidatos no interior, pois 2024 é prioridade, e não, por exemplo, a eleição para presidente da Assembleia, que é só em 2025. Sobre os adversários em Salvador, temos que respeitar todos. Sou colega do deputado Robinson Almeida na Assembleia, e é uma pessoa que merece todo nosso respeito e estima, assim como o vice-governador Geraldo Júnior, mas acredito que Bruno é o amplo favorito. Esse é sentimento de quem circula por Salvador.

Tribuna –  Os problemas na segurança pública poderão prejudicar o grupo governista nas próximas eleições, caso não seja apresentada uma resposta à altura do problema?

Marcinho Oliveira –   Eu acho que, além dessa questão, o eleitor vai estar mais preocupado em analisar o currículo e as propostas dos candidatos. A gestão de Bruno também será avaliada, e os índices são positivos. Temos o prefeito mais bem avaliado do país, que tem contribuído muito com Salvador. Pegou uma cidade arrumada do antecessor ACM Neto, que foi outro grande prefeito, com ampla aprovação popular, e conseguiu avançar ainda mais.

Tribuna –  Existem especulações de que Elmar Nascimento deve ir para o PP para ter mais chances de ser escolhido o sucessor do deputado federal pepista Arthur Lira (AL) para a presidência da Câmara. O senhor, que já foi vice-prefeito de Santaluz pelo PP, também iria junto?

Marcinho Oliveira –   Olhe, não existe pensamento ou conversa sobre isso. Fui sim vice-prefeito da minha terra pelo PP e sou muito amigo do presidente do partido na Bahia, o deputado federal Mário Negromonte Júnior. Tenho essa ligação com o PP, até porque muitos prefeitos do partido me apoiaram em 2022, mas não tem conversa sobre isso e permaneço na minha linha de oposição no União Brasil. Entretanto, deixo claro que vou seguir sempre a liderança de Elmar.

Tribuna –  Como enxerga a situação dos municípios baianos hoje, sobretudo em relação à questão do FPM? De que forma o governo federal pode ajudar a minimizar o impacto de que os prefeitos têm reclamado?

Marcinho Oliveira –  Tenho acompanhado de perto essa situação. Estive com diversos prefeitos em Brasília, cobrando um posicionamento do governo federal, via ministérios, e do Congresso Nacional. O deputado federal Elmar Nascimento, que é líder do meu partido na Câmara e meu líder político, tem sido um parceiro incansável nessa luta e viabilizou, inclusive, a redução da alíquota patrimonial do INSS das prefeituras. É uma questão preocupante porque, com as seguidas quedas nas transferências do FPM, algumas prefeituras estão tendo dificuldade em honrar os compromissos com fornecedores e até salariais. E isso prejudica toda a economia de uma cidade, pois afeta outros setores, até mesmo o comércio, na medida em que a quantidade de dinheiro que circula é menor. Como deputado, tenho buscado insistentemente também intermediar a liberação de recursos para os municípios, e seguiremos pressionando a União e o governo da Bahia nas pautas municipalistas, como o aumento do FPM, a redução da alíquota do INSS patronal das prefeituras e a recomposição das perdas com o ICMS.

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