A busca por empresas alternativas para ocupar o parque fabril de Camaçari já está acontecendo. Após a saída da Ford do local e do desmonte da operação da empresa no Brasil, uma alternativa é a Tesla. De acordo com a Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), a empresa é uma das possibilidades.
“Já estamos conversando com o governo do Estado na busca de um possível interessado nesse parque. Estamos montando um grupo de trabalho para irmos atrás de possíveis interessados. Seja no sudeste asiático, seja até chegar na própria Tesla. Não existe nada ainda. Mas eles têm mostrado interesse na América Latina. Existem fábricas. Estamos tentando colaborar”, pontuou ao Bahia Notícias o presidente da Fieb, Ricardo Alban.
Tesla
As ações da Tesla tiveram desempenho superior ao de todas as outras principais ações no ano passado, e com uma grande margem, subindo 743%. Isso quer dizer que seu extraordinário crescimento ficou no passado?
Talvez não. Na primeira semana de 2021, a Tesla ficou mais uma vez com um dos melhores desempenhos do índice S&P 500, subindo 24,7%, apenas 1 ponto porcentual atrás da líder do mercado, a L Brands (LB).
O ganho da semana, combinado com o desempenho da Tesla em 2020, foi o suficiente para tornar o CEO Elon Musk a pessoa mais rica do mundo, e suas ações ultrapassaram as do Facebook (FB) e chegaram à quinta posição de ação mais valiosa dos Estados Unidos.
Se o ritmo de aumento visto na primeira semana continuar, até meados de março as ações da Tesla corresponderão a todos os ganhos do ano passado. Não que alguém esteja prevendo outro aumento de 700% nas ações neste ano. Ou mesmo um décimo disso.
Na verdade, mesmo alguns dos analistas mais otimistas estão prevendo que as ações da Tesla atinjam US$ 1.000 (cerca de R$ 5.416,50) até o fim do ano, um aumento de aproximadamente 14% para o restante de 2021 em relação ao fechamento recorde de sexta-feira (8).
Muitos analistas com perspectivas relativamente positivas para a empresa têm um preço-alvo de 12 meses bem abaixo do fechamento de US$ 880 (R$ 4.766) de sexta-feira (8). O preço-alvo médio atual para os analistas é de US$ 440 (R$ 2.383), o que representaria uma queda de 50% nas ações.
Dos 35 analistas que acompanham as ações da Tesla, 13 têm uma recomendação de “compra forte” ou “compra”, e outros 11 têm uma recomendação neutra ou de espera. Do restante, sete têm uma recomendação de venda e somente quatro de uma “venda forte”.
Adam Jonas, do Morgan Stanley, é um dos analistas otimistas com preço-alvo em queda. Considerado um dos melhores analistas de montadoras em Wall Street, Jonas elevou sua recomendação sobre a Tesla para “acima do peso” no fim de novembro, mas teve dificuldades para continuar aumentando o preço-alvo em relação ao preço de mercado.
Em 18 de novembro, quando elevou as ações, ele definiu um preço-alvo de US$ 540 (cerca de R$ 2.881 na época), um aumento de 22% em relação ao valor das ações naquele momento. Na última quarta-feira (6), ele aumentou para US$ 810 (cerca de R$ 4.295), apenas para ver as ações da Tesla ultrapassarem rapidamente essa marca também.
O que torna tão difícil prever as ações da Tesla é que os investidores não estão avaliando os preços com base no desempenho da empresa agora. Se estivessem, uma empresa com apenas 500 mil vendas de carros no ano passado dificilmente valeria mais do que o valor somado das dez montadoras mais valiosas do mundo, que juntas respondem pela grande maioria das vendas mundiais de quase 75 milhões de carros por ano.
Em vez disso, os investidores estão apostando na capacidade da Tesla de continuar crescendo rapidamente e de abocanhar uma grande fatia do crescente mercado mundial de carros elétricos. Há previsões estimando que, em 10 a 20 anos, a Tesla poderá se tornar a montadora número 1 do mundo, não apenas de veículos elétricos, mas de todo o tipo de carro.
Dan Ives, analista de tecnologia da Wedbush Securities, assume em seu cenário base um preço-alvo de US$ 715 (aproximadamente R$ 3.872) para as ações da Tesla, e em um cenário otimista o preço de US$ 1.000 (cerca de R$ 5.416,50). Sua recomendação de compra da Tesla é baseada em sua crença de que a Tesla continuará seu forte crescimento.
“Acho que eles podem atingir 1 milhão de veículos [entregues por ano] até 2022. E, seguindo essa direção, de 3 a 4 milhões ao entrarmos em 2025-26, com 40% desse crescimento vindo da China”, comentou. “Acreditamos que, se olharmos para os próximos 10 a 15 anos, podemos começar a pensar em 10 a 12 milhões de veículos por ano”, acrescentou. A Volkswagen, atual líder mundial, vendeu 11 milhões de carros em 2019.
Isso tudo é, obviamente, especulação. Mas é indiscutível que as ações da Tesla provaram que os analistas estavam errados de forma consistente durante todo seu crescimento que começou há 15 meses.
No dia 23 de outubro de 2019, pouco antes de Tesla divulgar as fortes vendas e lucros que começaram a apagar as dúvidas dos investidores de Wall Street sobre suas ações, a cotação fechou a US$ 50,94 (cerca de R$ 205 na época) já ajustadas para o desdobramento subsequente. Elas tiveram alta de 18% no dia seguinte e não pararam mais, subindo um total de 1.628% desde então.
Foi um aumento que os analistas não poderiam imaginar. O preço-alvo médio em outubro de 2019 era de apenas US$ 50 na época (cerca de R$ 201), já ajustado para o desdobramento. Há um ano, o preço-alvo de 12 meses era de US$ 62 (R$ 253).
A partir de agora, Ives aponta para algumas das ações de tecnologia de maior sucesso no mundo e diz que a Tesla se encontra no mesmo ponto que essas empresas estavam em momentos decisivos de sua história.
“Se você é um entusiasta de carros elétricos, ainda estamos nos primórdios desse mercado”, afirmou. “Eu apenas compararia com a Apple (AAPL) quando lançou o iPhone, a Netflix (NFLX) quando estreou com seu serviço de streaming, ou a Amazon (AMZN) quando inaugurou o pacote Prime”.