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terça-feira 24 de maio de 2022 às 12:23h

Tedros Adhanom é reeleito para mais um mandato como diretor-geral da OMS

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Sem concorrente, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus foi eleito para um segundo mandato de cinco anos no comando da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Duramente atacado pelo governo de Donald Trump e pelos aliados do presidente Jair Bolsonaro no Brasil por ter cedido às pressões da China no início da pandemia da covid-19, Tedros conseguiu sobreviver politicamente graças ao apoio que passou a receber dos europeus.

O presidente brasileiro chegou a dizer que não iria seguir as recomendações de Tedros já que, segundo Bolsonaro, ele não seria nem mesmo um médico. Na OMS, as recomendações são feitas por grupos com alguns dos maiores especialistas do mundo em saúde.

Sua nomeação, de fato, foi uma iniciativa da França e Alemanha, que querem ocupar o vácuo em parte deixado pelos americanos na esfera internacional.

Ele também ganhou a simpatia de muitos países em desenvolvimento por colocar a questão do acesso às vacinas como um dos pontos centrais de seu discurso. Sua defensa da ciência e do multilateralismo no momento em que a pandemia ganhava proporções inéditas também resultou em uma certa estabilidade nos últimos meses.

Mas não faltaram acusações contra sua gestão, inclusive por parte de europeus, que querem que seu novo mandato tenha como epicentro uma reforma completa no sistema de controle de pandemias e nas operações da OMS.

Já em sua primeira eleição, em 2017, ele concorria contra o inglês David Nabarro e a paquistanesa Sania Nishtar. Mas estava sendo duramente criticado por ativistas de direitos humanos e ongs. Seu país é um dos regimes autoritários do continente africano e Tedros foi seu chanceler de 2012 a 2016. Antes, foi ministro da Saúde.

Mas, diante do conflito armado na Etiópia, Tedros tomou nos últimos meses uma postura crítica contra as autoridades do país. Segundo ele, a agência de Saúde da ONU sequer tem acesso às vítimas para a entrega de remédios.

A diplomacia etíope tentou evitar que ele fosse considerado para mais um mandato no cargo, acusando Tedros de estar se aproveitando da cadeira de diretor para “obter ganhos pessoais”. O discurso do embaixador da Etiópia que o acusava foi interrompido pelo Conselho Executivo da OMS, alegando que aquele não era o tema a ser debatido.

Na primeira eleição de Tedros, que contou com o voto brasileiro, pesou o fato de que, desde 1948, jamais um africano liderara a OMS. Ele ainda se apresentava como uma pessoa que transformou a saúde de seu país, enquanto foi ministro dessa pasta entre 2005 e 2012. Mas, segundo observadores, também foi fundamental o fato de ele ter, naquele momento, a chancela da China.

Assumindo uma entidade com sua credibilidade duramente afetada, o representante do continente africano passou a ser alvo de duros ataques. Entidade como a Human Rights Watch o recriminam por fazer parte do núcleo duro do regime autoritário do país, acusado de violações de direitos humanos e repressão pela própria ONU. Um grupo de 20 entidades escreveu para a OMS pedindo que seu nome não fosse considerado.

Tedros ainda foi alvo de críticas quando escolheu Robert Mugabe para ser um dos embaixadores da OMS. A pressão foi tamanha que ele teve de desconvidar o líder africano.

Sua campanha em 2017 ainda contou com acusações de que ele tentou abafar três epidemias de cólera, enquanto foi ministro da Saúde. Desta vez, porém, ele foi o único candidato.

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