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terça-feira 27 de dezembro de 2022 às 18:57h

Tebet aceitou ou “estaria aceitando” o Planejamento, mesmo não turbinado

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Conforme o colunista Reinaldo Azevedo, do UOL, informa que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) teria aceitado o convite de Lula para ser ministra do Planejamento. Pelo menos foi o que lhe disse Alexandre Padilha, que vai assumir a Secretaria das Relações Institucionais. Segundo diz ele, em princípio, nada muda no desenho original da pasta, desmembrado do Ministério da Economia (a invenção de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro), e o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), seguirá com a Casa Civil. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal permanecerão subordinados à Fazenda de Fernando Haddad.

Não se pode, enquanto escrevo este texto, empregar o verbo no pretérito perfeito — Simone “aceitou”. Logo mais, consta, Tebet se encontra com Lula de novo. Por ora, o tempo possível é o futuro do pretérito composto, que comporta a dúvida: a senadora “teria aceitado” o convite. Em política, a distância entre um tempo e outro pode fazer uma grande diferença. Parece, no entanto, que tudo caminha para o acordo. Padilha se manifestou assim:
“Não tem acordo. Tem um convite feito para o Planejamento, na estrutura e nas responsabilidades do Ministério do Planejamento, que tem um papel decisivo de acompanhamento, participa dos comitês gestores coordenados pela Casa Civil. Inclusive do comitê gestor do PPI, que é coordenado pela Casa Civil e executado pelo ministério que está na ponta. O convite foi feito para essa estrutura do Planejamento e tivemos uma sinalização positiva. Recebi uma sinalização de que [ela] tem a vontade de compor o ministério do Planejamento e estaria aceitando o convite feito sexta-feira, quando o presidente mostrou o organograma, os papéis e responsabilidades do ministério.”

O “estaria aceitando” de Padilha é uma das variações do pavoroso gerundismo, mas busca expressar também uma ação ainda não concluída no passado — “aceitou” — e ainda dá margem para mudanças e recuos.

Escrevi de manhã a respeito, e há quem não tenha compreendido a questão. A restrição que fiz a Tebet no Planejamento nada tem a ver com a sua competência ou incompetência para o cargo. Tem experiência, inclusive administrativa, e não vejo óbice técnico que possa comprometer o seu desempenho. Falo de política mesmo. A sua divergência principal com o petismo se dá justamente na economia. “Não é bom ter contraponto, Reinaldo?” Não na mesma área, com cargos em linha, quando as pessoas são postulantes à mesma cadeira em 2026. Uma equipe plural é coisa distinta de orientações contraditórias.

Mas espero estar errado, já disse, e torço para que tudo se dê pelo melhor. Até porque a tarefa principal — o tema transversal — do próximo governo é vencer a fascistização que tomou conta da sociedade brasileira. Dispensam-se ruídos que podem ser evitados. Que Haddad, Tebet e suas respectivas equipes resistam às tentações das colunas de notinhas dedicadas aos bastidores sem fonte. É quase impossível. Mas se faça a aposta no melhor.

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