O Núcleo de Inteligência do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA), composto por auditores e por analistas de tecnologia da informação, desenvolveu um modelo preditivo, com a utilização de inteligência artificial com foco nas auditorias de convênios. Com isso, o Tribunal de Contas passou a fazer uso da inteligência artificial para selecionar, já no momento da celebração dos convênios, aqueles que serão acompanhados de forma mais próxima e desde o início da execução das ações previstas, visando prevenir a ocorrência das falhas, e a perspectiva é que essa nova sistemática de atuação do TCE aumente a percepção de controle e também o zelo dos gestores para a boa aplicação dos recursos públicos e na elaboração das prestações de contas.
O presidente do TCE/BA, conselheiro Marcus Presidio, ao falar sobre a iniciativa, afirmou que a Corte de Contas tem promovido todos os esforços para que a tecnologia da informação seja um elemento catalisador para o desenvolvimento e a produtividade, acrescentando: “Por isso, vejo com muito entusiasmo o lançamento desse novo projeto para uso da inteligência artificial na auditoria dos convênios. Espero que essa iniciativa depois seja estendida para outras atividades de controle, para que possamos prestar serviços e oferecer retornos melhores e mais eficientes para a sociedade”.
Padrões de comportamento
O modelo preditivo, de forma simplificada, é uma lógica matemática que, aplicada a uma quantidade de dados, identifica padrões históricos de comportamento e oferece uma previsão sobre as perspectivas futuras. Foram utilizados os dados históricos sobre os órgãos e unidades que repassam recursos a título de convênios, sobre as entidades que recebem recursos estaduais e, principalmente, sobre o histórico de julgamento das contas nos órgãos colegiados e dos gestores a fim de se estabelecer a probabilidade de determinado convênio ter as contas desaprovadas por este Tribunal.
Para verificar o grau de assertividade desse novo modelo, foram realizados testes com os julgamentos realizados pelas câmaras do Tribunal, no período de fevereiro a julho de 2022. E o resultado é que o foram registrados 87% de acerto. Ou seja, quando o modelo disse que um determinado termo de convênio tinha probabilidade de ter as contas desaprovadas ele acertou quase 9 (nove) em cada 10 (dez) casos.
O objetivo é produzir um relatório, mensalmente, com aqueles convênios que o modelo preditivo indicou como tendo uma expectativa de provável desaprovação futura, para que os auditores possam acompanhar de forma tempestiva e contribuir para que a administração pública previna a ocorrência das falhas.
Atuação efetiva e inovação
O superintendente técnico do TCE/BA, José Raimundo Bastos Aguiar, afirmou que a expectativa, com o novo modelo preditivo, é que as auditorias tenham uma atuação mais efetiva e também que a Corte de Contas tenha um enfoque preventivo no controle dos convênios executados pelo Estado da Bahia. E completou: “Mais importante, porém, é que a expertise que estamos construindo em nosso Núcleo de Inteligência permitirá a aplicação da inteligência artificial em outros modelos de auditorias no futuro. Somente com a inovação constante de nossa atuação seremos capazes de manter nosso controle mais atuante com os mesmos recursos humanos que dispomos atualmente”.
Já o diretor do Centro de Centro de Estudos e Desenvolvimento de Tecnologias para Auditoria (Cedasc), Edmison Galiza, destacou o fato de que a inteligência artificial inaugura um novo marco na sistemática de planejamento d as unidades que o Tribunal vai selecionar para auditar. “Daqui para frente o uso dessa técnica deve ser intensificado. As organizações com visão de futuro não pode prescindir do uso de recursos de tecnologia da informação em suas atividades de auditoria e julgamento”, explicou ele.