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sábado 20 de janeiro de 2024 às 12:28h

STF me usa de bode expiatório para dar recado ao Congresso, diz Carlos Jordy

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) diz ver a operação de busca e apreensão contra ele como uma maneira de transformá-lo em bode expiatório e dar um recado do STF (Supremo Tribunal Federal) ao Congresso Nacional.

Jordy é líder da oposição na Câmara e foi alvo da Polícia Federal no inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Na justificativa para a ação, o ministro Alexandre de Moraes usou mensagens do deputado com Carlos Victor Carvalho, conhecido como CVC, suspeito de organizar bloqueios em rodovias no interior do Rio de Janeiro após a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022 sobre Jair Bolsonaro (PL).

“Estão tentando uma ginástica, um contorcionismo, me fazer de um bode expiatório, tentando me associar ao 8 de janeiro”, afirmou em entrevista à Folha.

Ele é o primeiro deputado alvo das ações da Operação Lesa Pátria.

“Estão fazendo uma pesca probatória, algo totalmente ilegal, e, a partir disso, estão dando um recado para o Congresso que, se fazem isso com o líder da oposição, podem fazer com qualquer um.”

A nova fase da Lesa Pátria, deflagrada na quinta-feira (18), foi autorizada pelo STF, onde a apuração tramita sob a relatoria de Moraes, após pedido da PF e com parecer favorável da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Jordy diz que a autorização de Moraes é uma estratégia para que o inquérito do 8 de janeiro permaneça no STF.

Ao imputar um deputado federal, que tem foro especial, nas investigações, segundo ele, fica criada a justificativa para manifestantes golpistas ou financiadores também fiquem sob tutela do Supremo, e não da Justiça comum.

O deputado afirma que conversou com colegas, inclusive o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e que espera uma ação coordenada do Legislativo para avançar com pautas contra o que chama de “superpoderes” do STF.

Ainda de acordo com Jordy, o clima dentro da bancada de oposição é de indignação, e Lira lhe disse que não foi avisado de que a operação aconteceria, com diligências dentro da Câmara dos Deputados.

Jordy afirma que “sequer sabia que 8 de janeiro ia acontecer”, que achava os atos em quartéis uma “grande besteira” e que os bloqueios em rodovias após a vitória de Lula “não iam dar em nada”.

Moraes autorizou as buscas e apreensões contra Jordy motivado por telefonemas e mensagens de um investigado por organizar atos golpistas em Campos dos Goytacazes (RJ).

Segundo a PF, foram descobertos, a partir de informações obtidas em fases anteriores da operação, indícios de “fortes ligações” entre o suplente de vereador de Campos Carlos Victor de Carvalho e Jordy.

Carlos Victor organizava ao menos 15 grupos de WhatsApp com mensagens de teor golpista, além de manifestações antidemocráticas.

Segundo a PF, há indicações de que Jordy orientava CVC e “tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.

Para isso, citaram uma mensagem de CVC ao deputado em 1º de novembro de 2022, quando ocorria bloqueios de rodovias por todo o Brasil após a vitória de Lula na disputa pela Presidência.

“Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”, disse CVC a Jordi.

O deputado respondeu: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”.

CVC, então, disse: “Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”.

“São mensagens que eu nem me recordava, totalmente distorcidas, uma verdadeira ginástica para me imputar um crime que nunca existiu. O CVC chega e me chama de ‘meu líder’. Quantas pessoas me chamam de ‘meu líder’?”, diz o líder da oposição à Folha.

Jordy afirma que conheceu CVC pouco antes das eleições, que sabia que ele era influente em grupos de direita e que costuraram uma aliança para conseguirem votos em Campos dos Goytacazes —mas que se encontraram pessoalmente, na cidade, uma ou duas vezes, e que mantinham contato apenas virtual.

O deputado também afirma que não se recorda do teor da ligação que seguiu a troca de mensagens, mas que respondia a todos que perguntavam sobre o assunto que achava que tais atos não dariam em nada.

Moraes cita ainda uma outra conversa em sua decisão.

Em 17 de janeiro de 2023, quando CVC estava foragido, Jordy fez contato telefônico com o suplente de vereador.

Segundo Jordy, a ligação foi feita por um número que não era o usual de CVC.

“Ele me disse que ele estava, digamos, foragido, tinha saído de casa, fugido de casa. E me pediu ajuda com um advogado”, afirma o deputado.

CVC, segundo Jordy, afirmou que estava sendo imputado por participar dos atos golpistas, mas que ele não estava em Brasília no 8 de janeiro de 2023.

“Aí eu entrei em contato com a esposa dele, ou a esposa dele entrou em contato comigo e indiquei um advogado”, completa o deputado.

Moraes sustenta que Jordy deveria ter acionado as autoridades sobre a conversa, uma vez que o paradeiro de CVC era desconhecido.

“Eu perguntei [onde ele estava] e ele não quis falar”, diz o deputado. “Não reportei [a ligação] porque não vi a necessidade de fazer qualquer tipo de comunicação dessa e porque o advogado iria entrar em contato com as autoridades.”

A PGR afirmou que as provas indicam que Jordy, “além de orientar grupo expressivo de pessoas, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.

Na operação desta quinta, agentes federais cumpriram mandados de busca no Rio de Janeiro (8) e no Distrito Federal (2) contra o parlamentar e outros nove investigados. Houve inclusive ação dentro do gabinete do deputado na Câmara.

Nesta quinta-feira, Jordy prestou depoimento à PF, no Rio, e afirmou ser vítima de uma “medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal”.

Colegas do PL e os filhos do ex-presidente Bolsonaro saíram em defesa dele, afirmando que a medida de Moraes foi autoritária e fruto de perseguição política. Parlamentares bolsonaristas temem que, com a apreensão do celular do correligionário, mais aliados de Bolsonaro sejam implicados e possam ser alvos de ações da PF.

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