Após ser preso nesta quinta-feira (20) acusado de fraude nas doações de uma campanha de arrecadação de fundos online, Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente Donald Trump, teve sua soltura aprovada pela Justiça em troca de uma fiança de US$ 5 milhões.
Stewart D. Aaron, juiz que estabeleceu fiança, afirmou que Bannon terá sua viagem restrita aos distritos sul e leste de Nova York, distrito de Connecticut e distrito de Washington, DC. Bannon também será impedido de usar aviões, iates ou barcos privados sem permissão do tribunal.
Ex-conselheiro de Trump, de 66 anos, está entre as quatro pessoas presas e indiciadas por procuradores federais de Manhattan pelos crimes de conspiração para cometer fraude e conspiração para cometer lavagem de dinheiro. Cada um deles pode enfrentar até 40 anos de prisão caso sejam condenados, mas provavelmente conseguirão sentenças bem mais curtas.
Os procuradores acusam os suspeitos de fraudarem centenas de milhares de doadores em uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar 25 milhões de dólares chamada “Nós Construímos o Muro”. Bannon usou centenas de milhares de dólares do dinheiro angariado para cobrir despesas pessoais, de acordo com as acusações.
Bannon usou uma máscara protetora branca em meio à pandemia de coronavírus e duas camisas de colarinho aberto ao comparecer a um tribunal federal em Manhattan, onde seu advogado declarou que ele é inocente. Ele foi solto sob fiança de 5 milhões de dólares e impedido por um juiz federal de viajar para o exterior.
Bannon foi preso no Estado de Connecticut por agentes da Procuradoria e do Serviço de Inspeção Postal dos EUA a bordo de um iate de 150 pés, de acordo com uma fonte da área de segurança. O iate, chamado Lady May, é de propriedade do bilionário chinês foragido Guo Wengui, com quem Bannon tem uma relação de trabalho.
O empresário dirigia o site de direita Breitbart News — uma das principais vozes do chamado movimento “alt-right”, a extrema-direita norte-americana, que envolve nacionalistas de linha dura, supremacistas brancos, neonazistas e antissemitas — antes de se juntar à campanha de Trump.
Bannon, que é antiglobalista, desde então promove uma variedade de causas e candidatos de direita nos Estados Unidos e em outros países, incluindo o Brasil, onde tem ligações principalmente com o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Trump disse a jornalistas na Casa Branca que se sente “muito mal” sobre as acusações, mas buscou se distanciar de Bannon e do suposto esquema. “Eu acho que é um evento triste”, disse Trump. “Eu não lido com ele há anos, literalmente há anos”.
Trump disse que sabia pouco sobre o projeto. Mas um dos envolvidos, o ex-secretário de Estado do Kansas Kris Kobach, disse em 2019 que Trump havia oferecido seu apoio, de acordo com o New York Times.
Bannon é o oitavo colaborador próximo de Trump a ser preso ou condenado por um crime, uma lista que também inclui o ex-diretor de campanha Paul Manafort, o amigo de longa data e conselheiro Roger Stone, o ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn e seu ex-advogado pessoal Michael Cohen.
Trump tem tido dificuldades para construir seu muro na fronteira — sua principal promessa de campanha em 2016 — diante de obstáculos jurídicos, logísticos e oposição por parte do Congresso. Seu governo havia completado 48 novos quilômetros de cerca na fronteira, e substituído outros 386 quilômetros de barreiras ao longo da fronteira que tem cerca de 3.200 quilômetros, segundo mostram dados do governo.
Mais de 330 mil apoiadores doaram para angariadores de fundos privados e especuladores que prometeram construir o muro de maneira autônoma, como mostrou uma investigação da Reuters em 2019.
O grupo ligado a Bannon construiu duas seções em propriedades particulares nos Estados do Novo México e do Texas, e recebeu críticas de moradores locais que dizem que as licenças apropriadas não foram adquiridas. O trecho no Texas já passou por problemas de erosão, mostrou um relatório no mês passado.