Pré-candidata à deputada federal, a ativista teve a distinção proposta pelo mandato coletivo Bancada Feminista do PSOL
Sonia Guajajara recebe nesta quarta-feira, 22 de junho, o Título de Cidadã Paulistana na Câmara Municipal de São Paulo. A distinção foi proposta pelo mandato coletivo Bancada Feminista do PSOL. A Sessão Solene de entrega do Título ocorre no Salão Nobre da Câmara (Viaduto Jacareí, 100) e começa às 19h.
“É uma alegria aceitar esse título em São Paulo”, explica Sonia. “Lançamos recentemente o nosso manifesto ‘SP é Terra Indígena’, em que afirmamos que é preciso aldear a política, destacando que São Paulo, sim, também é terra indígena”.
Segundo a covereadora da Bancada Feminista do PSOL Paula Nunes, o fato da Câmara Municipal de São Paulo conceder esta honraria não altera a realidade da população indígena em si, mas dá visibilidade e força às suas lutas. “Diante do assassinato do indigenista Bruno e do jornalista Dom, fica ainda mais importante homenagear quem faz a luta em defesa da população indígena”, disse Paula.
Ato pela votação do Marco Temporal
Na quinta-feira, dia 23 de junho, o movimento indígena de todo Brasil vai realizar uma série de manifestações para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que retome a pauta do Marco Temporal para votação. Estão sendo convocadas ações nos territórios, nas aldeias e nas redes sociais.
Em São Paulo, o ato ocorre às 18h no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, com a presença da coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara.
Pré-candidatura e Bancada Indígena
Sonia Guajajara fez o lançamento oficial de sua pré-candidatura a deputada federal pelo PSOL-SP no dia 14 de junho, em um ato no Teatro Oficina, em São Paulo. “Agora, é pensar na democracia contra a barbárie”, disse Sonia no evento, referindo-se aos próximos meses. “Precisamos pensar no que queremos no Congresso Nacional, precisamos estar juntos. Temos o grande desafio de ‘aldear a política’. Não queremos somente resistir. Queremos construir juntas, participando. Queremos ser nossas próprias representantes. Não temos dúvida que o futuro é ancestral. Não temos dúvida que o futuro é indígena!”
A ambientalista estava acompanhada no palco de outras lideranças políticas que articulam o lançamento de outras candidaturas indígenas, buscando a composição de uma Bancada Indígena no Congresso Nacional – Célia Xakriabá (MG), Larissa Pankararu (DF), Val Terena (MS), Chirley Pankará (SP) e Airy Gavião (DF). Em toda a história do Brasil, apenas duas pessoas indígenas foram eleitas para a Câmara Federal.
Quem é Sonia Guajajara?
Sônia Guajajara é do povo Guajajara/Tentehar, originário da Terra Indígena Araribóia, no estado do Maranhão, Brasil. Nascida em 1974, filha de pais analfabetos e hoje mãe de três filhos, saiu de seu estado pela primeira vez aos 15 anos, quando foi cursar o ensino médio em Minas Gerais. Depois, voltou para o Maranhão, onde se formou em Letras e Enfermagem, e fez pós-graduação em Educação Especial.
Seu ativismo indígena e ambiental começou ainda na juventude, nos movimentos de base. Logo ganhou projeção nacional tornando-se vice-presidente da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), e depois coordenadora executiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) pela Amazônia.
Desde então, Sonia Guajajara é uma das principais lideranças na linha de frente contra uma série de projetos que atacam direitos e ameaçam a vida dos povos indígenas e o meio ambiente. Em poucos anos, ela ganhou projeção internacional em virtude de dezenas de denúncias sobre violações de direitos indígenas realizadas em diferentes instâncias da ONU, do Parlamento Europeu e nas Conferências Mundiais do Clima (COP), de 2009 a 2021, viajando mais de 30 países do mundo.
Em 2018 ela foi a primeira indígena a compor uma chapa presidencial e segue articulando a participação e o protagonismo das mulheres indígenas em várias frentes de luta.
Entre 2019, foi co-organizadora da Primeira Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, reunindo mais de 2 mil mulheres dos mais distintos povos. A marcha culminou na fundação da ANMIGA – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, organização de referência nacional que mobiliza mulheres indígenas de todos os biomas do Brasil.
Sônia Guajajara já recebeu vários prêmios e honrarias, como o Prêmio Ordem do Mérito Cultural 2015 do Ministério da Cultura, entregue pela então presidenta Dilma Rousseff. Em 2019, recebeu o Prêmio Packard, concedido pela Comissão Mundial de áreas protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). Agora em 2022, foi escolhida pela revista norte-americana Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Hoje, ela é coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e é pré-candidata a deputada federal pelo PSOL em São Paulo.