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segunda-feira 26 de setembro de 2022 às 16:24h

Só 6 de 33 candidatos divulgados em ‘horário eleitoral’ de Bolsonaro lideram pesquisas

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Conforme o O GLOBO, a menos de uma semana do primeiro turno das eleições, a maioria dos candidatos divulgados pelo presidente Jair Bolsonaro no seu chamado “horário eleitoral” — espaço da live semanal em que exibe o número de urna de aliados — aparece em desvantagem nas pesquisas eleitorais. Dos 33 postulantes a governos estaduais ou ao Senado citados pelo presidente, apenas seis lideram os levantamentos mais recentes do Ipec.

Na lista estão algumas apostas eleitorais de Bolsonaro, como o ex-ministro João Roma (PL), na Bahia, e o ex-líder do governo Vitor Hugo (PL), que aparecem em um distante terceiro lugar nas disputas pelos governos estaduais. Em São Paulo, o também ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos) está em segundo, mas em empate técnico com o governador Rodrigo Garcia (PSDB), com quem disputa uma vaga no segundo turno.

O pastor Silas Malafaia, o governador Cláudio Castro (PL) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a Marcha para Jesus, neste sábado — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

O pastor Silas Malafaia, o governador Cláudio Castro (PL) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a Marcha para Jesus, neste sábado — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

Dos nomes citado por Bolsonaro, apenas candidatos à reeleição estão à frente nos levantamentos: Wilson Lima (União Brasil), no Amazonas; Ratinho Jr. (PSD), no Paraná; Cláudio Castro (PL), no Rio de Janeiro, e Antônio Denarium (PP), em Roraima. No Ceará, Capitão Wagner (União Brasil) liderava a disputa até semanas atrás, mas na última pesquisa, divulgada na quinta-feira, apareceu um ponto atrás de Elmano Freitas (PT).

Aliados e integrantes da campanha do presidente admitem que a avalanche bolsonarista que dominou as eleições de 2018 não deve se repetir. A avaliação interna é que o desgaste do governo e a alta taxa de rejeição de Bolsonaro também se transferem para candidatos identificados com ele. Além disso, há um reconhecimento que a exposição de ter sido ministro de Bolsonaro não tem sido suficiente para ganhar votos “fora da bolha”.

Em 2018, Bolsonaro, na esteira da Operação Lava-Jato, adotou o discurso da antipolítica e ajudou a eleger candidatos estreantes em eleições sob argumento de renovação. Naquele ano, alguns dos campeões de voto do país estavam ligados a Bolsonaro. A advogada Janaína Paschoal (então no PSL, atualmente no PRTB), por exemplo, tornou-se a deputada mais votada da História, com mais de 2 milhões de votos. Já os dois deputados federais mais votados em 2018 foram Eduardo Bolsonaro (ex-PSL, atual PL) e Joice Hasselmann (ex-PSL, atual PSDB), ambos com mais de 1 milhão de votos.

Além disso, alguns governadores foram eleitos colando sua imagem na de Bolsonaro, mesmo sem o apoio de fato do candidato, como Wilson Witzel (na época no PSC) no Rio de Janeiro, João Doria (PSDB), em São Paulo, e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais.

A transmissão ao vivo do presidente, feita do Palácio da Alvorada, foi exibida na última quarta-feira. Três dias depois, no sábado, o ministro Benedito Gonçalves determinou a remoção da internet da live sob o argumento de uso eleitoral de “bens e serviços públicos a que somente tem acesso em função de seu cargo de Presidente da República”. Além das dependências da residência oficial, o ministro citou o serviço de tradução de libras.

Tentativa de ampliar bancada no Senado

Se nas disputas aos governos estaduais o cenário é desfavorável à maioria dos aliados do presidente, o cenário não é muito diferente na corrida ao Senado. Entre os 18 concorrentes para os quais Bolsonaro pediu votos, só dois lideram: a ex-ministra Tereza Cristina (PP), no Mato Grosso do Sul, e Dr. Hiran (PP), em Roraima.

Outros quatro aparecem numericamente à frente ou em segundo, mas empatados dentro da margem de erro. É o caso de Magno Malta (PL), no Espírito Santo, Cleitinho (PSC), em Minas Gerais, e Mario Couto (PL), no Pará, e Rogério Marinho (PL), no Rio Grande do Norte.

Bolsonaro, Tarcísio e Marcos Pontes no comício em Campinas — Foto: Edilson Dantas

Em São Paulo, o ex-ministro Marcos Pontes (PL) está em segundo, enquanto em Pernambuco o ex-ministro Gilson Machado (PL) aparece em um empate triplo na segunda colocação. Ex-secretário da Pesca um dos mais assíduos nas lives de Bolsonaro quando estava no governo, Jorge Seif (PL) amarga a terceira posição em Santa Catarina, de acordo com o Ipec.

A escolha dos eleitores para o Senado, no entanto, costuma ocorrer apenas na véspera das eleições, provocando reviravoltas de última hora. Na transmissão de quarta-feira, Bolsonaro lembrou que, em 2018, Major Olimpio aparecia atrás nas pesquisas para o Senado, mas acabou como o mais votado em São Paulo.

— Tivemos sucesso nisso em 2018. Tinha um candidato em São Paulo ao Senado, estava em quarto lugar. Nós apoiamos e em uma semana ele foi o primeiro, o mais votado do estado. E assim foi em vários locais do Brasil. (A gente) Espera repetir, porque a gente conta com uma reeleição e a gente tem que ter gente afinada conosco.

Nestas eleições, Bolsonaro priorizou indicar aliados para o Senado de olho em um eventual segundo mandato. Sem uma base coesa na Casa, o presidente amargou derrotas políticas impostas por senadores, entre elas a CPI da Covid, onde ficou evidente a ausência de uma tropa de choque.

Dificuldade em 2020

O cientista político Carlos Melo, professor do Insper, afirma que em 2020 já houve uma dificuldade dos aliados de Bolsonaro nas eleições municipais, com a maioria dos candidatos a prefeito apoiados por ele sendo derrotados. De acordo com ele, a onda de 2018 só ocorreu devido a circunstâncias muito específicas, que não existem mais.

— Em 2020, já teve um fenômeno parecido. Os candidatos dele a prefeito formam muito mal. O bolsonarismo, talvez, seja um fenômeno que se resuma ao líder. Eventualmente à sua família. Aquela onda de 2018, ela parece ter sido muito específica, muito resultado daquela circunstância. Naquela eleição havia um ressentimento muito grande em relação à política, se procurava candidatos outsiders.

Nas eleições municipais, Bolsonaro apoiou 13 candidatos a prefeitos, e apenas dois se elegeram, ambos fora de capitais: Mão Santa (DEM), reeleito prefeito de Parnaíba (PI), e Gustavo Nunes (PSL), que venceu em Ipatinga (MG).

Nos principais colégios eleitorais, houve grande derrotas. Em São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) não conseguiu ir para o segundo turno. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) passou para a segunda etapa, mas foi derrotado por ampla margem por Eduardo Paes (na época, no DEM).

Para o professor do Insper, contribui para esse cenário o fato de Bolsonaro não ter buscado ampliar sua base de apoiadores.

— Bolsonaro ficou durante esses quatro anos conversando exclusivamente com a sua base. Ele não ampliou (os apoios), isso é muito complicado — afirma, acrescentando: — Política é a arte da ampliação. Você tem que ampliar, manter os votos que você teve e correr atrás de outros.

Carlos Melo também aponta que há uma divisão de candidatos dentro da base bolsonarista, em alguns casos de ex-aliados, como Janaína Paschoal (PRTB), que disputa votos com Marcos Pontes em São Paulo.

— Eu acho que ele tem um capital de votos que não é pequeno, mas não é elástico. E você precisa ver que esses votos acabam sendo compartilhados por uma base de candidatos que cresceu. Eles estão brigando entre eles.

No Paraná, o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil), que está em segundo na disputa pelo Senado, faz acenos a Bolsonaro, mas o candidato oficial do presidente é o deputado federal Paulo Martins (PL), que aparece em terceiro.

Em alguns casos, a candidatura enfrentou resistências dentro do próprio partido do presidente, o PL. Em Goiás, os outros dois deputados federais não apoiam a candidatura de seu colega de bancada, Vitor Hugo, ao governo. Magda Mofatto e Professor Alcides apoiam Gustavo Mendanha (Patriota), que aparece em segundo nas pesquisas, atrás do governador Ronaldo Caiado (União Brasil)

— Vitor Hugo estava chegando de repente e não tem lastro nenhum em Goiás. Não tem trabalho nenhum em Goiás, nada. Nem residência em Goiás ele tem. Isso foi dito, foi conversado. Ele tem uma rejeição muito grande por não ser de Goiás, morar em Brasília — afirma Mofatto, que diz não ter “nada pessoal” contra o deputado.

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