Apesar das resistências internas, o MDB oficializou a senadora Simone Tebet (MT) como candidata à presidência da República pelo partido. Em convenção virtual, realizada nesta quarta-feira, a indicação foi aprovada com o aval da maioria dos diretórios da legenda. Foram 262 votos favoráveis à candidatura própria e apenas 9 votos “não”.
Segundo Fernanda Trisotto , do jornal O Globo, 182 delegados do partido votaram — alguns têm direito mais de um voto, por causa das funções que desempenham na sigla e se possuem cargo eletivo, por exemplo. Foram 97 delegados que não votaram. Não foram registrados votos dos diretórios de Alagoas e Paraíba.
Ao se pronunciar na reunião, Tebet argumentou que a candidatura própria ao Palácio do Planalto dará à sigla mais envergadura para eleger um número maior de postulantes ao Legislativo.
Com a declaração, a senadora tentou atrair os correligionários que vão concorrer a vagas no Parlamento, que costumam argumentar que o partido deveria investir os recursos de que dispõe para tentar aumentar suas bancadas no Congresso, em vez de apostar numa candidatura ao Executivo federal que soma 1% nas pesquisas, como Tebet.
— Em 2020, o Brasil viu o MDB continuar sendo a maior força política partidária do país, com o maior número de eleitos. Agora temos condições de nos tornar gigantes. Estamos prontos para fazer o maio número de deputados estaduais, federais, senadores e governadores — afirmou ela em seu discurso.
O MDB realizou a convenção virtual e contratou uma plataforma específica para garantir o sigilo da votação. Às vésperas da convenção, emedebistas contrários à escolha de Tebet entraram na Justiça para tentar adiar o evento, sob argumento de que o sistema não garantiria o sigilo do voto. O pedido, porém, foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O partido tem 279 convencionais — entre delegados, parlamentares, prefeitos e integrantes do partido que têm direito à voto —, e o mesmo convencional pode ter direito a mais de um voto, por isso foram 418 votos possíveis.
Por sugestão desses integrantes, a votação foi postergada por duas vezes: o resultado, antes previsto para sair até 14h, só foi divulgado após 16h20. O sistema de votação formava um tipo de fila virtual, o que fez com que o processo fosse mais lento. Apenas representantes de dois estados — Alagoas e Paraíba — não votaram.
A maior parte dos dissidentes do MDB já declarou publicamente apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Planalto. Um número menor flerta com o projeto à reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Apesar de a reunião ser virtual, o presidente nacional do partido, o deputado Baleia Rossi (SP) conduziu a convenção diretamente da sede do partido em Brasília. Durante a abertura, ele esteve acompanhado dos presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e Cidadania, Roberto Freire, partidos que apoiam a candidatura de Tebet. Baleia destacou que os três partidos formam o “centro democrático”.
— Agora Simone carrega e represente a todos nós, nesse momento de esperança, de crença, de um país que busca firmar sue processo de democracia — afirmou Araújo ao destacar a união entre as siglas.
Os PSDB e o Cidadania formam uma federação partidária, e também fizeram sua convenção nacional nesta quarta. Cabe a eles a indicação do vice na chapa encabeçada por Tebet.
A preferência da senadora é pelo tucano Tasso Jereissati (CE), mas ele próprio tem admitido a aliados que vem perdendo o entusiasmo com a possibilidade de compor com a colega de Senado. O resfriamento da relação se deu, sobretudo, em virtude das dificuldades que tucanos e emedebistas têm tido para chegar a acordos em disputas estaduais. Na maioria dos casos, nenhuma das duas siglas abre mão de indicar o cabeça de chapa na corrida pelo governo local.
Um dos primeiros emedebistas a falar, o ex-ministro Carlos Marun admitiu que o partido chegava rachado à convenção:
— Não adianta tapar o sol com a peneira, o nosso MDB não chega unido a essa convenção, mas vamos tomar uma decisão por maioria.
O ex-presidente Michel Temer cumprimentou os companheiros de partido e Simone Tebet, desejando a ela sucesso na campanha. Ele clamou por pacificação nacional e exaltou feitos do próprio governo, como a reforma trabalhista:
— Precisamos ter coragem para defender as teses do que fizemos no governo.