O senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse nesta quinta-feira (10) que denunciou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na PGR (Procuradoria-Geral da República) para que ele seja investigado por tráfico de influência. O parlamentar fez a denúncia com base em um telegrama que está em posse da CPI da Covid.
O teor do documento, revelado em reportagem do jornal O Globo, aponta que Bolsonaro atuou para favorecer dois laboratórios privados, prática conhecida como lobby. O presidente da República queria agilizar o processo de importação de matéria-prima da Índia para a fabricação de cloroquina.
O telegrama em questão tem a transcrição de um telefonema feito por Bolsonaro em 4 de abril do ano passado para o primeiro-ministro indiano, Narenda Modi. O contato foi divulgado à época pelo próprio Bolsonaro nas suas redes sociais.
Defensor da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, ainda que os remédios já tenham sua ineficácia cientificamente comprovada, Bolsonaro agiu para obter insumos para a produção nacional dos medicamentos pelos laboratórios EMS e Apsen.
Ambos são comandados por empresários considerados apoiadores do presidente, segundo o jornal O Globo. Calos Sanchez está à frente do EMS, enquanto Renato Spallicci lidera o Apsen.
Na PGR, a denúncia do senador petista pode ter dificuldades para ser aceita, já que o procurador-geral da República, Augusto Aras, vem demonstrando alinhamento com interesses do governo Bolsonaro.
Aras era um dos mais cotados para ser a próxima indicação de Bolsonaro a uma vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), neste ano, mas o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, afirmou em abril que a escolha está entre André Mendonça, advogado-geral da União, e Humberto Martins, presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça).