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João Campos indica Victor Marques como vice em chapa para a prefeitura de Recife — Foto: Reprodução
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segunda-feira 26 de agosto de 2024 às 11:20h

Sem vice na candidatura do Recife, líderes do PT se afastam da campanha de João Campos

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Depois de recusar uma liderança do PT para compor sua chapa à reeleição, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), iniciou sua campanha de reeleição distante do partido do presidente Lula da Silva (PT), registra Luísa Marzullo, do O Globo. Desde o início do período eleitoral, petistas têm ficado ausentes dos principais eventos de campanha e criticado o prefeito por falta de espaço no palanque.

A abertura do comitê de Campos, há uma semana, não teve os principais nomes do PT pernambucano. Foram notadas principalmente as ausências do deputado Carlos Veras, que foi cotado para vice, e dos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão.

Campos se elegeu em 2020 derrotando o PT, mas se reaproximou do partido durante seu governo. Em 2022, engajou-se na campanha de Lula. Agora, a frustração do PT vem do fato de o prefeito — que lidera com nada menos que 76% das intenções de votos, segundo o Datafolha— ter escolhido seu ex-chefe de gabinete, Victor Marques (PC do B), como vice de sua chapa, posição que o PT pleiteava há meses. Além disso, petistas reclamam que o prefeito de 30 anos não dá destaque aos políticos tradicionais ou candidatos a vereadores do partido. E se queixam da falta de convites de Campos a líderes petistas.

Filiado ao PT desde 1980, o deputado federal e ex-prefeito de Recife, João Paulo, é um dos críticos de Campos. Para o parlamentar, o prefeito esconde o PT em sua campanha:

— É fruto de uma estratégia política que tem como objetivo que o PT vire pó e perca a sua importância. Parceria política não é ato de arrogância, ele (Campos) quer atribuir essa vitória a ele mesmo.

João Paulo diz que o prefeito passou a desvalorizar o PT depois de ter conseguido suas prioridades junto ao partido: o apoio de Lula e o tempo de TV da sigla no horário eleitoral.

Filho do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014 num acidente aéreo, o prefeito do Recife soma 4 minutos e 25 segundos no horário eleitoral, o que só foi possível com uma ampla coligação, já que o seu partido, o PSB, tem apenas 14 deputados na Câmara, o critério usado na distribuição. A federação PT-PV-PCdoB, que entrou na aliança, soma 80 cadeiras.

O apoio de Lula, tido como certo desde o início do ano, é justificada pela estratégia nacional do PT de apoiar candidatos com chance real de vitória contra o bolsonarismo. A aliança replica a chapa presidencial que elegeu Lula, com Geraldo Alckmin (PSB) como vice. Mas os petistas ouvidos pelo GLOBO dizem que o PT deve se manter longe da campanha de Campos até a eleição.

Enquanto isso, parte da militância petista pernambucana embarca na campanha da psolista Dani Portela. João Paulo foi um dos que participaram da última plenária da pré-campanha da candidata do PSOL, no fim de julho. Colegas na Assembleia Legislativa, Portela tem se referido a João Paulo como o “maior prefeito que o Recife já teve”. Em comum, os dois têm visão parecida sobre o modelo de orçamento participativo que o PT implantou em Recife quando comandou a cidade.

Aliados minimizam

Em sabatina numa rádio, na quarta-feira, Campos afirmou que convidou Lula para participar de sua campanha no Recife, mas ainda não recebeu resposta. Aliados do prefeito minimizam qualquer crise com o PT e dizem que ressentimentos ficaram no passado.

— Não vejo mágoa. O debate da vice foi feito de forma exaustiva, e qualquer tipo de confronto de ideias que ocorreu no passado está completamente superado. A campanha começou e os partidos estão unidos — diz o presidente municipal do PSB, Gabriel Leitão.

O prefeito usou confiança e proximidade como critérios para escolher o vice, já que pode deixar a prefeitura para concorrer ao governo estadual em 2026. Se isso acontecer, é importante deixar um aliado de primeira hora no lugar.

A suposta tentativa de esconder o PT na chapa virou munição para os adversários que têm tido dificuldade de superar a popularidade do prefeito, como o candidato do bolsonarismo, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que tem 6% no Datafolha.

— A campanha está no começo, mas já tem gente escondendo Lula e o PT, querendo o voto da direita, do conservador, do bolsonarista — disse Machado em um evento.

O ex-ministro rememorou críticas de Campos ao PT em 2020, quando disputava a prefeitura contra sua prima, a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade-PE), que concorria pelo PT e deixou o partido após a derrota. Sem ânimo para se engajar na campanha do prefeito, candidatos a vereador petistas estão preferindo buscar Marília para fotos e eventos. Depois de um rompimento, ela se reconciliou com Campos em abril deste ano.

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