Após o PT (Partido dos Trabalhadores) formalizar hoje decisão de não participar dos atos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) amanhã, apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levaram aos assuntos mais comentados do Twitter hoje uma campanha para tentar desmobilizar a adesão à manifestação.
O protesto, organizado pelo MBL (Movimento Brasil Livre), pelo Vem Pra Rua e também pelo Partido Novo, aglutina ex-apoiadores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e tinha como mote inicial “Nem Bolsonaro, Nem Lula”, o que incomodou lideranças partidárias e movimentos sociais alinhados à esquerda.
Nas postagens da hashtag, chamada “DomingoEmCasaComLula”, alguns internautas afirmam que “petistas de verdade” passarão o domingo “lutando por Lula”.
Em texto divulgado pelo Diretório Nacional — do qual Lula é presidente de honra —, o partido afirma que não participou da organização dos atos marcados para este domingo (12), mas diz estar empenhado em construir “uma grande mobilização nacional” pelo impeachment, inclusive com outros partidos. “Saudamos todas as manifestações Fora Bolsonaro”, afirma o texto.
É preciso conter imediatamente o projeto ditatorial de Bolsonaro através do impeachment, ampliando a mobilização popular em todo o país. O PT está empenhado em construir, com vários partidos, centrais sindicais e movimentos sociais, uma grande mobilização nacional pela democracia, pelos direitos do povo e pelo impeachment de Bolsonaro.”Resolução divulgada pelo PT
No texto, o PT também convoca um ato nacional pelo impeachment para o dia 2 de outubro.
Reafirmamos que o PT luta contra Bolsonaro, seu governo e suas políticas neoliberais, vinculando sempre a luta pelo impeachment a luta pelos direitos do povo brasileiro.”Resolução divulgada pelo PT
“Novas Diretas Já”
Os organizadores do ato de domingo esperam que a adesão ao protesto cresça após as falas golpistas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 7 de setembro. Segundo o MBL e o Vem Pra Rua, a ideia é que personalidades políticas “de todo o espectro ideológico” participem da manifestação, “desde que defendam a democracia e a Constituição”. Com isso, a manifestação se tornaria uma espécie de “novas Diretas Já”.
No dia 7 de setembro, apoiadores do presidente reuniram 125 mil pessoas na Avenida Paulista, segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Os organizadores esperavam uma adesão bem maior, de 2 milhões de pessoas. Também houve manifestações em Brasília, no Rio de Janeiro e outras capitais pelo país.
A reação precisa ser gigantesca. Por isso a gente está convidando lideranças de diversos espectros políticos, inclusive inimizades históricas do MBL.”Kim Kataguiri, um dos fundadores do MBL e deputado federal (DEM-SP)
Na quinta-feira (9), porém, o coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares), Raimundo Bonfim, já havia enviado nota ao UOL afirmando que não convocará, nem participará da manifestação prevista para o dia 12 de setembro.
“Esses grupos agendaram o dia 12 com o mote ‘nem Bolsonaro, nem Lula’. Achamos importante e saudamos qualquer mobilização pelo fim desse governo genocida, porém, quem está de fato interessado em afastar o presidente da República não pode tomar partido na disputa eleitoral dessa maneira”, disse Bonfim.
Na véspera dos atos convocados por bolsonaristas no dia 7 de setembro, o ex-presidente Lula divulgou um discurso culpando Bolsonaro pelo que chamou de “destruição do país”.
Ao invés de anunciar soluções para o país, o que ele faz neste dia é chamar as pessoas para a confrontação. É convocar atos contra os Poderes da República, contra a democracia, que ele nunca respeitou. Ao invés de somar, estimula a divisão, o ódio e a violência. Definitivamente, não é isso que o Brasil espera de um presidente.”Lula