domingo 22 de dezembro de 2024
Ministros buscam rotas alternativas para despachar com presidente — Foto: Brenno Carvalho
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segunda-feira 8 de julho de 2024 às 11:17h

Sem espaço na agenda de Lula, ministros aproveitam até voo para despachar com o presidente

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Na tentativa de furar o bloqueio da agenda presidencial, os ministros que menos despacham com Lula em seu gabinete buscam alternativas para se aproximar e dar fluxo a assuntos das suas pastas. Na investida por atalhos, integrantes do primeiro escalão buscam o chefe em voos no avião presidencial, antes e depois de eventos no Palácio do Planalto, o recepcionam na chegada ao trabalho e ligam para assessores mais próximos na pretensão de ter alguns minutos com o petista por telefone.

Levantamento feito por Jeniffer Gularte e Alice Cravo, do O Globo, com base na agenda oficial mostra que 12 ministros tiveram menos de dez encontros com Lula desde o começo do governo. No pé da lista estão Celso Sabino (Turismo), André de Paula (Pesca) e Marcos Amaro (Gabinete de Segurança Institucional), com quatro encontros desde o começo do mandato, além de Laércio Portela, recém-chegado à Secretaria de Comunicação Social (Secom).

Ministros veem os voos como o melhor momento para uma aproximação que não dependa dos protocolos da agenda. Sob reserva, no entanto, afirmam que precisam saber identificar o humor do presidente para abordá-lo sobre determinados assuntos, além de levar em conta que conversas na aeronave — e eventuais críticas e reclamações — também são ouvidas por outros colegas.

Assuntos pendentes

À frente da pasta de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que teve oito despachos com Lula registrados em agenda, é uma das que procuram o presidente no avião. Na lista de assuntos está o Plano Nacional de Inteligência Artificial, ainda em formulação e pendente de novas conversas com o mandatário.

Num voo de pouco menos de duas horas entre Luís Eduardo Magalhães (BA) e Recife (PE), Lula conversou com Luciana e, ao encerrar a reunião improvisada, chamou o ministro da Pesca, André de Paula, recebido apenas quatro vezes no gabinete. “Agora é a vez do André”, convocou Lula, para surpresa do auxiliar, que estava em uma poltrona mais afastada e não havia requisitado a audiência naquele momento.

— Já levo para Lula o assunto arredondado. Mas sei que a vida dele não é fácil, e não o demando muito. No voo, fica um ambiente mais leve, e normalmente a pauta é aberta — conta André de Paula.

A corrida por atalhos também inclui pontes com a Casa Civil, em uma forma de evitar que projetos encarados como menos prioritários pelo Planalto travem de vez, em uma gestão que tem centrado esforços na área econômica.

A pasta chefiada por Rui Costa é responsável por coordenar as ações dos demais ministérios e “peneirar” ideias que vêm da Esplanada. Três ministros de áreas mais distantes do núcleo duro relataram ao GLOBO que buscam especialmente a secretária-executiva, Miriam Belchior, para alinhar os assuntos antes de levá-los ao presidente. Eles a descrevem como clara e direta a respeito do que pode ou não ir adiante.

Outra opção é o telefone, usado como caminho por Sabino. A tarefa não é simples. Lula não tem celular pessoal, então os ministros recorrem aos aparelhos do chefe de gabinete, Marco Aurélio, o Marcola, ou do chefe da Ajudância de Ordens, Valmir Moraes da Silva. Em quase um ano de ministério, André Fufuca (Esporte) diz que nas duas vezes em que teve necessidade de falar com Lula com urgência acionou os auxiliares que ficam colados ao presidente.

Já Marcos Amaro, que comanda o Gabinete de Segurança Institucional, sediado no Palácio do Planalto, adotou outra estratégia: recebe Lula diariamente na sua chegada ao Palácio do Planalto. Pela manhã, no trajeto a pé em que o presidente desce do carro, na garagem, até o momento em que entra no elevador privativo, Amaro encaminha temas cotidianos do seu ministério. Ele entende que assim, consegue dar fluxo às próprias demandas e libera tempo para os colegas.

Queda de braço

Sem a localização privilegiada dos colegas que trabalham no próprio Planalto, Silvio Costa Filho ainda tenta uma data na agenda do presidente para mostrar os últimos detalhes do Voa Brasil, iniciativa para ofertar passagens aéreas a preços mais baixos. O programa tem resistências na Casa Civil, é visto com desconfiança por auxiliares por depender unicamente das companhias áreas e já teve o lançamento adiado mais de uma vez.

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