O presidente Lula da Silva (PT) pediu paz entre países da América Latina em discurso na cúpula da Caricom (Comunidade do Caribe) nesta quarta-feira (28), na Guiana.
Atualmente, o país passa por um impasse com a vizinha Venezuela pela região de Essequibo. No ano passado, o governo de Nicolás Maduro promoveu um plebiscito para reivindicar a área de 160 mil km², rica em petróleo e gás, e passou a ameaçar a Guiana de invasão.
Em sua fala, após o anfitrião, Lula não citou a Venezuela ou o conflito, mas pregou a manutenção da paz na região pelos próprios países latino-americanos, sem intervenção externa. O governo brasileiro, vizinho de ambos, tem acompanhado de perto os diálogos e ajudado na articulação.
A Caricom abriu-se para o Sul, rejeitando a condição de zona de influência de potências alheias à região. Temos o desafio de manter nossa autonomia em meio a rivalidades geopolíticas. Cabe a nós manter a região como zona de paz. Abrigamos sociedades multiétnicas, entrelaçadas por culturas vibrantes.
Lula, na Guiana
Lula pretende se encontrar com Maduro, seu aliado, no final desta semana para tratar deste e de outros assuntos. Os dois participam da cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em São Vicente e Granadinas. Segundo fontes ligadas ao Planalto, só falta fechar uma questão de agenda de ambos.
Em sua fala, Lula ainda voltou a citar “genocídio na Faixa de Gaza” e criticou o financiamento de armas. “Não é possível que o mundo gaste por ano 2,2 trilhões dólares em armas. Guerras provocam destruição, sofrimento e mortes, sobretudo de civis inocentes”, ressaltou.
Disputa na Guiana
No ano passado, o governo Maduro promoveu um plebiscito para reivindicar Essequibo. A disputa é centenária, mas o litígio ganhou intensidade em 2015, depois que a petrolífera norte-americana ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo bruto na área.
Os dois presidentes se encontraram em dezembro. Em entrevista, o presidente da Guiana disse que o país “tem todo o direito” de explorar “seu espaço soberano”.
Já o governo venezuelano classificou a conclusão do encontro como “respeitosa” e manifestou disposição em continuar o diálogo, via redes sociais. O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de assuntos internacionais da Presidência do Brasil, participou do encontro.
O governo brasileiro tem acompanhado a questão de perto. Por meio de Amorim, Lula tem tentado fazer com que a situação seja resolvida por meio do diálogo e já descartou publicamente que qualquer um dos dois Exércitos cruze território brasileiro.