Sem apoio, o ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou neste domingo (23) conforme a AFP, que não irá disputar a liderança do Partido Conservador. Após a renúncia de Liz Truss, Boris não havia anunciando oficialmente sua candidatura, mas disse a apoiadores que queria concorrer, angariando o apoio de sete ministros até agora. Com a desistência, o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, que confirmou que que irá concorrer ao cargo, fica mais perto de se tornar o novo premier.
Após interromper um viagem no Caribe, Boris conversou com os dois principais rivais — além de Sunak, ligou para a ministra Penny Mordaunt —, em uma tentativa de convencê-los a embarcar em sua tentativa de voltar ao cargo. Mas, após chegar a apenas 60 apoiadores declarados na noite de domingo, bem abaixo do limite de 100 necessários para vencer, o polêmico ex-premier, que renunciou há poucos meses, anunciou que não disputará o cargo.
Sunak tem mais de 140 apoiadores, enquanto Mordaunt conta hoje com 25.
— Isso simplesmente não seria a coisa certa a fazer, pois não se pode governar efetivamente a menos que tenha um partido unido no Parlamento — afirmou Boris. — Temo que a melhor coisa agora é não permitir que minha nomeação avance. Acredito que tenho muito a oferecer, mas temo que este não seja o momento certo.
Mais cedo, Sunak anunciou no Twitter que seria candidato, para “endireitar” a economia do país e “unir” o Partido Conservador.
“O Reino Unido é um grande país, mas estamos enfrentando uma profunda crise econômica”, tuitou, confirmando a candidatura. “Estou concorrendo para ser o líder do Partido Conservador e seu próximo primeiro-ministro”.
Boris levou o Partido Conservador a uma confortável vitória na eleição geral de 2019, pleito que ele mesmo decidiu convocar antecipadamente apostando que conseguiria aumentar sua maioria parlamentar para aprovar o acordo do Brexit.
Mas seu mandato foi marcado por uma sucessão de escândalos. Entre eles, a multa que o então premier recebeu por participar de festas na sede do governo enquanto milhões de britânicos faziam quarentena devido à Covid-19, restrições sanitárias implementadas e defendidas por seu próprio Gabinete. Muitos britânicos também veem Boris como uma figura polarizante.
Os conservadores perderam várias eleições regionais nos meses derradeiros de Boris no poder. O golpe fatal contra o então premier foi a demissão de 60 funcionários de diversos escalões de seu governo em cerca de dois dias, que alegavam não haver mais condições para continuar.
O partido tem 347 assentos, o que significa que haverá no máximo três nomes na disputa — e a maioria dos comentaristas políticos crê que não deve haver muita vontade de entregar as chaves de Downing Street novamente ao seu antigo ocupante.