O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), disse que a capital baiana pode receber R$ 1,9 bilhão de precatórios, se a Justiça aceitar a ação do Município. O pagamento, no entanto, depende de outro fator: o governo federal. O governo do presidente Jair Bolsonaro enviou uma proposta ao Congresso Nacional que pode resultar em um calote no pagamento dos precatórios. O Planalto quer usar o recurso para garantir R$ 400 de Auxílio Brasil, o nome do programa social que substituirá o Bolsa Família.
Segundo o jornal Tribuna, o prefeito se esquivou ao falar se é a favor ou contra o calote para que se tenha dinheiro para o programa social. O prefeito afirmou que é uma “pauta que o Congresso tem que se debruçar”. “Nossa ação ainda está tramitando, aguardando a execução do título. Salvador estima receber R$ 1,9 bilhão, e, após o trânsito em julgado, a depender de como fique esse entendimento em relação aos precatórios, nós saberemos qual será o cronograma para recebimento. A discussão é a seguinte: qual a prioridade neste momento? Matar a fome de milhares de pessoas com o Auxílio Brasil, (pessoas) que tiveram a situação agravada por conta da pandemia, ou o governo federal pagar débitos e precatórios. É sobre essa pauta que o Congresso tem que se debruçar”, declarou o gestor soteropolitano.
Bruno Reis ainda evitou falar sobre a crítica do governador da Bahia, Rui Costa (PT), aos deputados que votaram a favor da PEC dos Precatórios. Rui chamou os parlamentares de “traíras”. Segundo ele, a Bahia deixará de receber R$ 10 bilhões, que seriam investidos em Educação. “Cada líder tem sua maneira de conduzir a sua relação com os integrantes da sua base. Eu evito comentar a condução de cada líder. Cabe aos deputados opinarem se essa condição é correta ou não”, disse Bruno Reis.
Aliados de Rui, que votaram a favor da PEC, se revoltaram com o governador. O deputado federal José Rocha (PL) declarou ao jornal Tribuna, que o chefe do Palácio de Ondina foi “descortês”. “Eu não aceito ter o patrulhamento do meu voto. O governador não vai patrulhar o meu voto. Ele não pode cobrar nada. Eu voto com minha consciência. Somos aliados, e não comandados dele”, afirmou.
Presidente do PSD na Bahia, o senador Otto Alencar se revoltou com a fala de Rui. O filho do senador, o deputado federal Otto Alencar Filho (PSD), votou a favor da matéria. Otto fez questão de ressaltar que houve acordo antes com o governador. O deputado federal Cacá Leão (PP) endossou a fala de Otto. “As palavras do senador Otto Alencar restabelecem a verdade de quem participou e homologou os acordos para votação da bancada baiana durante a votação da PEC dos Precatórios”, disse o progressista. “O tempo do chicote e do coronelismo já acabou na Bahia faz tempo e não será reeditado por ninguém. Somos aliados fiéis, mas não somos capachos e exigimos respeito às nossas posições”, completou, em uma publicação no Twitter.