Após a queda de Milton Ribeiro do comando do Ministério da Educação, três nomes despontam na concorrência pela cadeira do titular da pasta, demitido após a descoberta da atuação de pastores lobistas em sua gestão. Embora o antigo secretário-executivo do ministro, que assumiu a cadeira interinamente, seja o favorito para seguir no cargo – tendo como credencial o fato de ser servidor de carreira da Controladoria-Geral da União (CGU) -, nomes bem relacionados com o Centrão e com a bancada evangélica também se movimentam no tabuleiro.
Pelo MEC, já passaram na gestão Bolsonaro os ministros Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino), além de Milton Ribeiro. Carlos Decotelli chegou a ser anunciado, mas não foi empossado.
No último domingo, O Globo também mostrou que o MEC é visto como a “galinha dos ovos de ouro”. Para este ano, a pasta tem um orçamento de R$ 159,58 bilhões. Portanto, desperta o interesse de políticos pela capilaridade com que esse dinheiro pode ser ser empregado em seus redutos eleitorais, sobretudo em ano de eleição.
Veja a seguir quem são os postulantes:
Victor Godoy Veiga
Godoy, secretário-executivo e nº 2 na gestão de Milton Ribeiro, é visto como forma de o governo dar continuidade à gestão e, paralelamente, conter o ímpeto de integrantes do Centrão interessados em emplacar um apadrinhado no cargo.
Ainda pesa a favor dele o fato de ser servidor de carreira da Controladoria-geral da União (CGU), órgão responsável por apurar irregularidades no Executivo federal. A efetivação reforçaria o discurso do Palácio do Planalto de que não será tolerante com malfeitos. Ribeiro caiu após denúncias de que pastores evangélicos cobravam propina de prefeitos para destravar recursos do MEC. A própria CGU abriu procedimento para apurar as suspeitas de ilegalidades na pasta. Hoje, no primeiro dia como ministro interino, Godoy passou o dia em reuniões com a equipe da secretaria-executiva.
Antes de chegar ao MEC, levado por Milton Ribeiro em julho de 2020, Godoy foi chefe da Diretoria de Acordos de Leniência da CGU e trabalhou diretamente com o ministro da controladoria-geral da União, Wagner Rosário. Na função, ele também conheceu o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, no período em que o magistrado era o titular do Ministério da Justiça.
Formado em Engenharia de Redes de Comunicações de Dados pela Universidade de Brasília (UnB), Godoy afirma em seu currículo ter 15 anos de experiência em auditoria. Entre outros feitos, o secretário cita que “foi membro de vários comitês de leniência responsáveis por apurar casos de corrupção, incluindo alguns relacionados a suborno transnacional”.
Anderson Correia
Reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Correia já havia sido cogitado para a função em 2020, como indicado pelo pastor Silas Malafaia. Bem relacionado com a bancada evangélica, ele tenta atrair o Centrão para sua campanha.
O próprio Correia pediu ajuda a integrantes da bancada evangélica para angariar apoio entre outros segmentos, como partidos do Centrão e militares ligados ao Planalto. Desde então, ele já procurou parlamentares de diferentes matizes, entre eles o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), e o líder do PP, sigla de Bolsonaro, o deputado Altineu Côrtes (RJ).
Na lista de contatos do reitor também estão os deputados Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade; Eduardo Cury (PSDB-SP) e Daniel Freitas (PL-SC). Nos bastidores, Correia argumenta que tem uma trajetória ligada à educação, diferentemente do secretário-executivo do MEC, e que jamais esteve envolvido em episódios que o desabonem.
Garigham Amarante
A terceira peça do tabuleiro é o diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE), Garigham Amarante, vinculado ao PL, sigla do Centrão. Amarante é considerado “azarão”, como nome que menos tem chances de chegar ao comando do MEC.
Ao saber que seu nome teria começado a circular no Congresso, Amarante telefonou para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para saber se havia possibilidade real de ser o escolhido. Valdemar baixou a expectativa do aliado ao dizer que, até então, o partido não tinha um nome para levar a Bolsonaro. Assim como o reitor do ITA, o diretor do FNDE não esconde o desejo de chegar à Esplanada.