O agronegócio não tem esse nome por acaso. As atividades agrícolas são empreendimentos que visam à lucratividade para toda a cadeia produtiva, desde as propriedades rurais, passando pelas etapas de beneficiamento e industrialização até chegar ao varejo. E cada item gerado deve atender às demandas de um consumidor cada vez mais exigente, sobretudo em relação à sustentabilidade em todo esse processo. É dessa forma que a produção de cacau vem avançando na Amazônia, se espalhando por áreas que já haviam sido abertas por outros segmentos, sob o sistema de agrofloresta e agregando valor aos produtores.
Segundo a revista IstoÉ Dinheiro, o estado do Pará se tornou o maior produtor nacional de cacau e já soma rendimento de R$ 1,8 bilhão por ano, mais da metade o valor total que o setor movimenta no País (R$ 3,5 bilhões). Para se ter ideia dessa dimensão em volume, segundo dados do IBGE, na safra 2020/21, o Brasil produziu 270 mil toneladas de amêndoas de cacau, sendo que 150 mil toneladas foram colhidas na Região Nortes, ou seja, mais de 55%. E os paraenses responderam por 96% dessa parcela regional.
Vários fatores têm contribuído para esse desenvolvimento da cacauicultura no Pará. Entre eles, o avanço tecnológico nas questões agronômicas, a capacitação dos produtores, a organização da cadeia e a agregação de valor à toda a atividade. De acordo com estudo realizado pela Embrapa, em parceria com outras instituições, a expansão das plantações de cacau na região tem ocorrido sobre áreas degradas, favorecendo a preservação da floresta e reduzindo o uso do fogo e o desmatamento.
A grande variedade genética à disposição do setor é outro fator de extrema importância nesse crescimento. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), que atua na região amazônica desde os anos 1960, mantém no Pará o maior banco genético mundial do cacau, com mais de 53 mil plantas. Essa diversidade ajudou os produtores paraenses a alcançarem produtividade média próxima de 1 tonelada por hectare.
Segundo a CocoaAction Brasil, iniciativa vinculada à World Cocoa Foundation, há grandes perspectivas em relação ao Brasil como fornecedor de cacau sustentável para o mundo. E a confirmação dessa expectativa passa pela complementariedade entre o aumento da produtividade e a melhoria da renda ao produtor. A instituição calcula que um acréscimo de 150 quilos por hectare à produtividade média nacional pode resultar em um impacto de R$ 1 bilhão em valor bruto de produção, e isso retorna ao campo, valorizando o trabalho de quem cuida da origem dessa cadeia.