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segunda-feira 7 de março de 2022 às 06:09h

“Rússia está desafiando poder hegemônico dos EUA”, diz especialista

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A repercussão internacional da Guerra na Ucrânia, passando pelas negociações e as implicações na economia e na geopolítica, foram assuntos abordados do Canal Livre deste último domingo (6). O programa recebeu o professor de relações internacionais de ESPM, Leonardo Trevisan. Também participaram do programa o jornalista do Grupo Estado e especialista na área militar, Roberto Godoy, e o correspondente Yan Boechat, direto da Ucrânia.

O jornalista Yan Boechat, que está no front da guerra, vem fazendo uma cobertura especial para o Grupo Bandeirantes. Yan falou sobre a situação dos refugiados que estão tentando sair da Ucrânia e mostrou a situação em Lviv, que ainda não sofreu ataques.

“As pessoas chegam na estação de toda parte. Gente normal, que até semana passada levava uma vida normal. A estação de Lviv está lotada com pessoas esperando os trens para ir para a Polônia. Não houve ataques em Lviv, mas as sirenes tocam quase todos os dias. A ONU estima que 4 milhões de pessoas deixem a Ucrânia para outros países e mais 6 milhões se desloquem dentro do país, totalizando 10 milhões de imigrantes” afirmou o correspondente.

Em entrevista aos jornalistas Rodolfo Schneider, Fernando Mitre e Thays Freitas, o professor Trevisan disse que estamos acompanhando uma guerra conectada, bem diferente de outros conflitos. “Essa tristeza dos refugiados que estamos acompanhando é por conta dessa ‘nova guerra’, a guerra conectada, como disse Thomas Friedman. E quando olhamos para isso, podemos ter a dimensão do humano. Uma coisa era assistirmos um correspondente de guerra no Vietnã, com imagens editadas e fotos. Agora podemos acompanhar tudo em tempo real, filmado pelos celulares. A guerra não está longe de nenhum de nós. Nesta guerra, talvez, o celular vença o tanque”.

Trevisan explicou quais são os objetivos da Rússia com a invasão na Ucrânia. Segundo o professor, objetivos nacionais e de proteção são os principais motivadores para essa ação do presidente Vladimir Putin.

“O que mais me impactou na conversa entre Macron e Putin foi a frase do presidente francês de que ‘o pior está por vir’. Esse é o ponto! Nós temos que ler esse processo. A Rússia tem interesse nacionais. Uma situação é o objetivo pretendido, proteger a Rússia. E o outro é o efetivo, que a OTAN não coloque bases na região, pois a distância entre Kiev e Moscou é muito curta. Efetivamente o poder hegemônico dos Estados Unidos está sendo desafiado”.

PARTICIPAÇÃO DA CHINA

O programa também discutiu a participação da China na intermediação do conflito e na política internacional. O ex-embaixador do Brasil nos EUA e Reino Unido, Rubens Barbosa, participou do programa e disse que uma situação fora de controle na Europa não é boa para os chineses. “A China está preocupada com essa situação, pois a China não é inimiga nem dos EUA e nem da Europa. Ela dá apoio a Rússia, mas critica a invasão. A política da China é de não criar problemas! A situação fora de controle não é boa para eles” afirmou o diplomata.

O professor Leonardo Trevisan complementou, colocando na mesa a questão econômica. “Não há dúvida de que a China está se transformando em um ponto que ‘joga com equilíbrio’. Se olharmos com calma, esse foi o papel dos EUA nos anos 20. Por exemplo: a China sentou com a Rússia para negociar um novo gasoduto. O contrato é de quase 20 anos. Será quase a mesma coisa em volume de gás, que os russos vendem para a Europa, e venderão para China, mas com uma diferença: os chineses negociaram com valor 40% menor que para a Europa. Os chineses não estão brincando”.

SANÇÕES CONTRA RÚSSIA

As sanções contra a Rússia também foram abordadas no programa. Para Rubens Barbosa, “o objetivo das sanções é criar o maior problema possível para Rússia. O governo dos EUA e da Europa estão sendo cuidadosos em alguns pontos, como por exemplo na exportação de petróleo, pois eles dependem desse material que vem da Rússia. Mas as sanções são muito duras e acho que eles não vão voltar atrás e vão esperar a reação do Putin”.

Já Trevisan destacou a importância russa no mercado internacional. “A Rússia é um grande produtor de commodities do mundo. As sanções em relação à Rússia não vão recuar, assim como a Rússia não vai recuar na Ucrânia! A Rússia não é um país endividado. Deu conta dos saques feitos pela população e conta que o euro vai continuar entrando pela venda do gás para a Europa. Então, é um país ainda fortalecido financeiramente. Mas as sanções são muito duras”, analisou.

PODERIO RUSSO

Roberto Godoy falou sobre o poderio bélico russo. Para o jornalista, que é especialista na área militar, o arsenal russo tem uma variedade enorme de misseis de cruzeiro e de variado porte. Godoy disse que os russos podem escolher a arma certa para acertar determinado alvo, e que os ataques são coordenados para atingir exatamente aquele ponto.

Já Trevisan alertou para as estratégias que estão sendo adotadas no conflito. “Quando olhamos para a capacidade do ser humano de acabar com seu semelhante, a guerra não faz sentido! Mas quando olhamos pelo lado da estratégia de guerra, tem lógica. Essa é a lógica que a Rússia usou em conflitos recentes: ela tira os civis e depois usam os misseis pesados. A Ucrânia tem deixado os civis lá para tentar evitar isso! Na guerra, a maior vítima é a verdade”, finalizou o professor.

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