O governador da Bahia, Rui Costa (PT), tem se dedicado no momento a impulsionar a candidatura petista da Major Denice Santiago à prefeitura de Salvador e a gravar vídeos para apoiar aliados em outras cidades do estado. Mas, segundo reportagem da revista Veja, após as eleições municipais, o político pretende intensificar as ações para formar uma frente ampla e suprapartidária para o pleito presidencial de 2022. O desejo de Costa de unir siglas de esquerda e de direita contra o bolsonarismo chamou a atenção da ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (sem partido), que tem conversado com diversos políticos para viabilizar o mesmo plano. Em uma conversa recente com Marta, o governador se comprometeu a ser um dos líderes da construção deste projeto durante 2021.
A intenção de Costa é agendar reuniões com políticos de diferentes linhas ideológicas para formar um arco de alianças que seja capaz de derrotar a candidatura de Jair Bolsonaro em 2022. Costa já mantém contatos frequentes com o colega maranhense Flávio Dino (PCdoB), outro governador entusiasta da ideia de uma frente ampla. No campo da centro-direita, o governador tem sinalizado que gostaria de discutir o projeto com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e com o atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), um adversário histórico do petista. Os canais de comunicação com ACM Neto se abriram após o trabalho conjunto dos governos estadual e municipal no combate à pandemia de Covid-19.
A atuação do petista é feita de forma independente à direção nacional do próprio partido. O PT se indispôs com diversos aliados ao passar por cima de acordos regionais para lançar candidaturas próprias em várias das principais cidades do país. A chance de o partido abrir mão de uma candidatura própria em 2022 também é considerada improvável. O ex-presidente Lula já manifestou publicamente o desejo de disputar o cargo se o Supremo Tribunal Federal (STF) anular os processos em que ele foi condenado em segunda instância.
Mesmo a contragosto do PT, Rui Costa pode bancar uma linha de atuação independente ao partido por ter conquistado capital político suficiente para isso. Situação semelhante vive o governador petista do Ceará, Camilo Santana, que também desafia posições da direção nacional da sigla. Todas as pesquisas de opinião mostram que as gestões dos políticos estão entre as mais bem avaliadas no país. Costa, no entanto, afirmou em entrevistas recentes que diferenças programáticas tornam inviável o lançamento de uma candidatura única no primeiro turno da eleição. No entendimento do governador, o projeto deverá ser colocado de pé para caso haja um segundo turno no pleito presidencial.
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