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segunda-feira 5 de junho de 2023 às 07:10h

Roma tem feito um trabalho individual no PL da Bahia, diz Raissa Soares

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Em entrevista à Mateus Soares, Henrique Brinco e Paulo Roberto Sampaio, do Tribuna da Bahia, a ex-secretária da Saúde de Porto Seguro e vice-presidente estadual do PL, Raissa Soares, compartilhou a sua avaliação negativa sobre o trabalho de João Roma à frente do comando do partido na Bahia.

Confira a entrevista na íntegra:

Tribuna da Bahia: Como a senhora, aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, avalia os primeiros meses do governo Lula e de Jerônimo Rodrigues?  

Raissa Soares: Os primeiros meses o que a gente vê é uma mídia exagerada de ações que não foram feitas especialmente na Bahia, que não foram feitas nos primeiros três meses, e Jerônimo dando um continuísmo ao que estava acontecendo na Bahia. Então os mesmos problemas que a gente tinha na Bahia, a gente observa no primeiro trimestre. A saúde continua com dificuldade de regulação, continua com falta de leitos, pedidos que ficam muito tempo aguardando regulação para execução da demanda do leito, nenhuma mudança nesses três primeiros meses de fato, e o anúncio dos cem dias de governo de Jerônimo foi muito do que tinha se construído, do que tinha sido feito na gestão anterior. Como eles são do mesmo grupo, ele tomou para si algo que nós que fizemos parte, nós que estamos fazendo. Na Bahia a gente viu continuar o desemprego, aumentando o desemprego. Nós vimos muitas pessoas demitidas de empresas que saíram da Bahia, muitos empresários que deixaram a Bahia. No Brasil a gente percebe um andar para trás, acho que a melhor expressão é voltar ao retrocesso. A última notícia que realmente chocou a classe médica é o médico sem o Revalida. Sem título de revalidação. Isso sem dúvida nenhuma é um desprezo com a nação brasileira. O projeto Médicos pelo Brasil, que foi uma ampliação do governo Bolsonaro, e um projeto que estava dando seriedade a essa cobertura de áreas realmente carentes precisando de atendimentos médicos, era um projeto completo, com planos de carreira, com treinamentos, em que médicos brasileiros, ou até estrangeiros, mas com o título revalidado, ocuparam essas vagas ao redor do país. Era um projeto extremamente bem-feito e elaborado, e que estava dando muito certo, mas o governo Lula fez questão de voltar as velhas práticas de trazer médicos fora do país sem nenhum título de revalidação para executar essa mesma política. Então são muitos retrocessos. São decisões políticas com uma política pública de negociação, antes parlamentares queriam cargos em ministérios, agora eles estão querendo verbas. Então essa política que vai agradar todo mundo e eu vou negociar a verba para parlamentar autorizar ou aprovar projetos, ela é uma prostituição da política. As pessoas estão fazendo, estão votando projetos em troca de recursos. Infelizmente. Então é um cenário muito triste para o Brasil.

Tribuna da Bahia: A senhora acredita que o ex-presidente Bolsonaro tem se afastado da militância política ao adotar uma postura não tão agressiva contra o atual governo?  

Raissa Soares: Eu acredito que o presidente Bolsonaro, ele como um líder, ele é um líder político, hoje como presidente de honra do PL, ele tem movimentado as suas lideranças, mas ele tem tido realmente um comportamento mais recluso. Tem vozes que falam por essa ala conservadora, hoje nós temos parlamentares que têm feito um trabalho expressivo, discursos na tribuna coerentes, embasados na lei, na questão regimental do Congresso, e eu tenho percebido ele mais contido. Eu não tenho estado próxima dele, mas da mesma forma eu compreendo que os parlamentares que são eleitos do PL e que são bolsonaristas raiz, eles são parlamentares que defendem a bandeira do bolsonarismo, que é a verdade, na verdade, o bolsonarismo é uma verdade. Bolsonaro lançou uma política acessível a todos e que luta e preza pela verdade e defende as pessoas. Mas ele tem estado na minha opinião, realmente, no momento dele. Elaborando e traçando seus planos para o grupo, não só para ele. Eu acredito que o presidente Bolsonaro esteja, essa é uma percepção minha, não é nenhum feedback dele, mas eu acredito que ele esteja elaborando um plano para o coletivo. E não somente para Jair Messias Bolsonaro.

Tribuna da Bahia: Como a senhora enxerga o fato de integrantes do PL na Assembleia Legislativa estarem se aproximando do governo Jerônimo durante as votações na Casa?  

Raissa Soares: Infelizmente, muitos parlamentares que foram eleitos na legenda do PL, foram eleitos com o apoio de prefeitos que eram do PT. Eu já me manifestei em uma reunião da executiva do PL, que eu estou vice-presidente do PL estadual, e coloquei para o grupo, que na verdade isso era contra o princípio do próprio PL, mas essas posturas são individuais e elas na verdade mancham, a gente que é bolsonarista, a gente que é conservador, gostaria e sonhava com um PL Bahia que seria oposição ao PT, que seria defensor das bandeiras e das pautas conservadoras, esse seria um sonho da Bahia. O PL Bahia não carrega esse lema, não tem intenção de carregar e, nessa executiva, foi dito que cada parlamentar carregaria o seu voto, mas é lamentável que não tenhamos um PL conservador bolsonarista.

Tribuna da Bahia: Falando do PL na Bahia, como avalia a gestão do ex-ministro João Roma à frente do comando da sigla no estado?  

Raissa Soares: Roma tem feito um trabalho individual. Ele não consulta as bases que trabalharam nas eleições de 2022, ele tem feito as suas reuniões, os seus eventos, sempre levando Roberta Roma a tiracolo. Eu recebo muitas ligações de apoiadores, de pessoas inclusive que deixaram de se candidatar nas eleições de 2022 pensando nas eleições de 2024, mas essas pessoas sequer têm sido ouvidas. Então ele segue com o plano dele, um plano que é pessoal, voltado para os seus projetos pessoais na Bahia toda. É assim que ele tem feito. Então, respeito ele estar ali colocado como presidente do PL, mas tem desagregado muito, tem desagradado muitas pessoas.

Tribuna da Bahia: Falamos da Assembleia Legislativa, também vimos o deputado federal João Bacelar, do PL, votando por exemplo de forma favorável ao texto-base do projeto do arcabouço fiscal. Como a senhora, aliada de primeira hora do presidente Bolsonaro, enxergou isso?  

Raissa Soares: Eu também vi isso na primeira hora da manhã, quando vi todos que votaram, não me surpreendi, porque Jonga Bacelar tem proximidade com Bolsonaro, mas ele nunca defendeu as bandeiras conservadoras. É um político de carreira. A profissão dele é ser político. E ele está junto com o grupo que vai trazer benesses na crença que ele tem. Eu acredito por isso. Eu não me surpreendi. É uma decepção para o PL enquanto grupo, e que aspirava e tinha o anseio de um partido de oposição ao PT e contra tudo o que eles pensam e fazem, que é desagregador para a sociedade brasileira, a sociedade baiana. Mas Jonga Bacelar foi o único que se manteve no PL quando o presidente Bolsonaro fez adesão ao PL. Ele foi o único que ficou no PL. Então ele faz a política dele, individual.

Tribuna da Bahia: Como a senhora viu a senhora viu a aprovação do projeto de reajuste do Planserv na Assembleia Legislativa? Qual sugestão neste campo a senhora, como profissional da saúde, daria ao governador Jerônimo Rodrigues?  

Raissa Soares: Eu tenho que estudar a fundo para poder fazer alguma crítica, mas eu não tenho percebido nenhuma dedicação do governo Jerônimo aos trabalhadores de incentivo e que realmente vai valorizar as categoriais, e de todas as áreas, mas para emitir uma opinião eu precisaria me aprofundar ao conteúdo.

Tribuna da Bahia: E no campo da saúde em geral a senhora daria alguma experiência para a gestão?  

Raissa Soares: Olha, uma das coisas que mais pesam hoje na saúde do estado, eu percebo isso trabalhando e atuando na saúde de Porto Seguro, é que eles centralizaram toda regulação do Estado. Então para eu conseguir tirar um paciente, por exemplo, de Porto Seguro porque ele precisa de uma unidade de maior complexidade, a gente precisa acionar todas as forças políticas possíveis. A gente não tem um fluxo que funciona. A regulação ainda está nas mãos de pessoas por indicação, então o governo Jerônimo, se ele realmente quiser fazer um trabalho de regulação que vai atender as pessoas de forma humana, igualitária, como o SUS prevê na lei, precisa fazer uma regulação que seja eficiente, então quando a regulação não atende por relatório médico, e só atende por pedido político, por pedido de pessoas que vão intermediar, isso é desumano com a população mais carente. E o PT defende tanto o mais pobre, mas na hora de executar, ele só executa para os indicados. E esse seria um ponto. Se Jerônimo conseguisse realmente fazer a regulação funcionar com todos os critérios que o Ministério da Saúde prevê em lei, de dar primeiro com princípio universal do SUS que é a equidade, de rodar mais para quem precisa, de atender com prioridade por relatório médico, isso seria um marco para a saúde da Bahia. Hoje isso não existe. Hoje isso é absolutamente centralizado, eles fecharam várias grandes cidades que tinham as suas centrais para poder atender os municípios no entorno, os médicos regularizadores não conhecem a realidade dos hospitais, não conhecem a realidade de onde o paciente está, e para onde ele precisa ir, e com isso a gente atrasa muito a transferência, e com isso morrem muitas pessoas por falta de agilidade e de um sistema de regulação realmente eficiente.

Tribuna da Bahia: Vamos falar de eleições 2024. Qual o desejo da senhora para o próximo pleito? O que a senhora quer para 2024?  

Raissa Soares: Prefeitos eleitos que sejam verdadeiramente comprometidos com o povo, com projetos básicos de saneamento, se a gente conseguir eleger o maior número de pessoas que sejam apoiadoras do bolsonarismo mesmo, eu acho que o bolsonarismo como uma onda política, ele fica muito comprometido com todo o rumo que a política brasileira está, mas se a gente resumir que para 2024 nós vamos buscar em todas os 417 municípios da Bahia lideranças para as vereanças e nomes para prefeitos, que vão ter o compromisso com as cidades, de rede de esgoto, de fazer um saneamento como algo prioritário, porque hoje nós temos o maior litoral do país com um número baixíssimo de esgotamento sendo feito, com todos os municípios, com as suas câmaras de vereadores que vão estar ali comprometidas em desenvolver o que as cidades têm, fazendo projetos para o comércio, para a indústria, para o agro, uma grande onda do bem ao redor da Bahia, de vereadores que se candidatem e sejam eleitos com o nosso apoio para fazer mudança na trajetória das cidades. Isso vai com certeza impactar muito, daqui a 10 anos nós vamos ter uma Bahia completamente diferente, mas a gente precisa atuar nas bases. Pelo quinto ano consecutivo a Bahia ficou pelo IBGE com o estado com maior índice de desemprego no país, e se a gente não tiver uma política local, mudando e deixando de fazer essa política viciada em que o prefeito fica dando cargo para o vereador a gente realmente vai mudar cada município do nosso estado, então para 2024 eu realmente quero ajudar as cidades que o candidato a prefeito vai estar compromissado com rede de esgoto, com a saúde da população, com projetos que vão realmente fazer as pessoas terem dignidade, as famílias terem a sua recuperação, tanto na saúde quanto na educação, mas tem que ser política de fato, e não política de conveniência. Da mesma forma que está acontecendo no governo federal, onde você tem emendas e essas emendas são moedas de trocas para se aprovar projetos que são ruins para a nossa gente, nós precisamos fazer as políticas locais não serem dependentes de trocas de favores, mas sejam projetos aplicados para o povo. Imagina se a gente consegue ter uma vereança que vai conseguir fazer um plano de desenvolvimento para cada cidade junto com o prefeito eleito, e aí vai atrair empresas, indústrias, nós vamos ter o agro mais pujante de acordo com cada vocação da cidade. Imagina se a gente consegue nesse momento agora, em um ano e meio das eleições de 2024, levantar pessoas que tenham vontade de fazer a sua cidade prosperar e mudar o cenário. Um exemplo que deixo aqui é Porto Feliz, em São Paulo, uma cidade de 60 mil habitantes, mas o prefeito Cássio Prado fez um projeto brilhante tanto que ele foi reeleito em 2020 com 92% dos votos, porque atraiu 14 indústrias, levou fábricas para a região, enxugou a máquina pública, não tem um cargo de vereador na cidade, os vereadores fazem projetos para o município. Ele pegou a cidade com uma dívida enorme, era mais R$ 40 milhões, e ele fechou o governo dele com superávit, não roubando e não deixando roubar, aplicando o dinheiro para o povo. Simplesmente em Porto Feliz ele abriu o universo, ele conseguiu atrair a própria fábrica de motores da Toyota, então quando se quer fazer política de verdade e que cuida das pessoas, toda a população ganha. E aí os empresários prosperam, as famílias vão ter uma estrutura melhor, em todos os sentidos, na educação e na saúde, e a prefeitura fazendo a parte dela. Então nós teremos uma outra história quando chegarmos em 2026.

Tribuna da Bahia: E a senhora é candidata em algum município ou pensa em alguma vice candidatura? Como está isso?  

Raissa Soares: Meu nome está à disposição. Não há nenhuma definição, eu quero ajudar a política baiana, quero ajudar a fazer o máximo de prefeitos, eu sei que meu um milhão de votos nesse momento ele se torna importante para influenciar futuros candidatos, mas não tem nada fechado ainda. Eu falo sempre que estou à disposição da Bahia.

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