O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse entrevista à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews que está mais otimista com o crescimento da economia brasileira no ano que vem do que a própria projeção mais recente apresentada pela autoridade monetária, de expansão de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Tenho um viés mais otimista do que projeção de 1,7%”, disse, lembrando que o número é calculado por técnicos da autarquia. A conversa exibida nesta madrugada desta quinta-feira, 28, foi gravada no dia 21 de dezembro.
Campos Neto voltou a elogiar o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na condução da política fiscal e na postura de perseverança em relação à meta de déficit primário zero no ano que vem. “Haddad fez um esforço gigantesco para enquadrar o fiscal”, avaliou. Na entrevista, o comandante do BC disse que a proximidade dos dois “aumentou bastante” nos últimos tempos.
O presidente do BC foi perguntado sobre a importância de a meta zero ser mantida no ano que vem, mesmo com o mercado projetando um déficit de 0,8% para o primário em relação ao PIB. O economista voltou a explicar que “desistir ou mudar meta fiscal na primeira dificuldade” tira o norte de projeções. O mais importante, de acordo com Campos Neto, é passar a mensagem de que a meta pode ser difícil, mas que será perseguida.
Ao ser questionado sobre se os fundos internacionais estão mais confiantes na política ambiental do novo governo, o presidente do BC disse que sim e que ele mesmo já havia alertado sobre problemas de comunicação nessa área no governo anterior, de Jair Bolsonaro. Foi Bolsonaro quem indicou Campos Neto para o cargo. “O Brasil tem um cartão de visitas importante, que é o da produção de bens com energia renovável”, considerou. “A narrativa (ambiental) hoje está melhor”, avaliou.
O presidente do BC disse que ficou satisfeito com a movimentação mais recente da S&P de melhora do rating brasileiro e lembrou que, com essa decisão, as três maiores agências de classificação do mundo estão agora praticamente no mesmo patamar de avaliação em relação ao Brasil. “A gente, que está fazendo o trabalho do lado de cá, sempre acha que a nota poderia ser melhor”, comentou.